O que faz diferença pra ti?

Ando pensando, analisando, comparando situações experienciadas e me ocorre, quase sempre, de eu sentir necessidade de estabelecer parâmetros que me sirvam para compreender algumas coisas. E essas coisas podem estar, como de fato estão, relacionadas com quaisquer assuntos que permeiem a minha rotina.

Exemplo: saio de casa de manhã, com chuva, um pouco de mau humor por conta da necessidade de fazer uso do guarda-chuva e por ter de me desviar das tantas poças no caminho de aproximadamente 300 metros que me distanciam entre a garagem e a residência que ocupo. Provavelmente os sapatos estarão molhados e as meias úmidas quando eu chegar no carro, e eu terei de passar boa parte do dia com aquela ruim sensação de desconforto que tal situação provoca. Recém é segunda-feira, o sábado e o domingo foram de intensas pancadas d’água e eu permaneci enclausurado dentro de casa, sem ânimo pra sair e enfrentar as intempéries do clima, e os próximos dias prometem ser intensos e tensos, dadas as previsões anunciadas pelos setores meteorológicos que as acompanham.

Penso nas imagens de desastres variados e nas falas dos repórteres e das pessoas por eles entrevistadas, instantes registrados na minha memória e que dão conta das tragédias ocorridas em outras partes do meu estado do RS, de outras inúmeras cidades brasileiras e do mundo. O planeta Terra parece sangrar, arder, gritar e ecoar por todos os seus cantos um fragoroso basta!

Aqui, bem pertinho de Montenegro, vários outros municípios lutam incansavelmente na tentativa desesperada de restabelecerem um mínimo de condições de vida. A maior catástrofe havida nos despeja relatos diários de pessoas que perderam famílias inteiras ou boa parte dos seus núcleos familiares, propriedades, bens, animais, plantações, tudo. Absolutamente tudo.

São pessoas, seres humanos sem casa, sem banheiro, sem cama quente, sem fogão, sem chuveiro, sem cafeteira prum café quentinho e sem um mísero aparelho de tv na sala que também não mais há. Gente sem os álbuns de fotografias carregados e destruídos pelas águas e pela lama. Gente sem alegria e sem esperança. Gente que se sente injustiçada e sem paradeiro ou futuro. Algumas, várias dessas pessoas sequer sem um único parente próximo para abraçar-lhes.
Analiso a minha própria pequenez. Ridículo e minúsculo me percebo ao constatar o absurdo abismo de diferença entre a minha privilegiadíssima condição, se comparada com as demais.

Penso, analiso e comparo. Tento crescer. É difícil não ser egoísta e mesquinho. É difícil não pensar em guardar preocupação primeira com as particulares necessidades. É difícil enxergar a própria sombra e lidar com o peso de se reconhecer pequeno.
Mas sigo e seguirei pensando, analisando, comparando e tentando crescer. Porque muito do que acontece no mundo me aflige e entristece, incomoda e sufoca, corrói e desanima. E esses sentimentos incômodos fazem toda diferença pra mim. Toda.

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