Na vida moderna e dinâmica na qual estamos inseridos, por inúmeras razões acabamos conhecendo e até convivendo com diferentes tipos de pessoas. Diferentes nas suas histórias familiares, nas suas experiências, nas suas construções de vida, suas opções de crenças e uma incontável gama de outras particularidades.
É bastante comum, talvez até como uma forma inconsciente ou mesmo consciente de aproximação e estreitamento dos laços, que acabemos descobrindo em conversas e interações do cotidiano coisas como o time para o qual aquela determinada pessoa torce, o seu partido político de preferência, o seu grau de instrução ou suas aptidões profissionais mais marcantes, algum hábito alimentar, algo sobre suas opções de lazer, se gosta ou não de leitura, etc etc etc.
Dessas interações que vão se estendendo pelo passar das nossas rotinas diárias, após sucessivas ocasiões de convivência com este ou aquele indivíduo, naturalmente que acabamos fazendo as nossas particulares leituras acerca de como os comportamentos e as atitudes podem nos afetar, seja para nos conduzir à alguma boa sensação, como por exemplo a simples e leve gratidão por ter tido a sorte e o privilégio daquele convívio, ou o peso e o mal estar de estarmos nos deparando com a presença nefasta de maus hábitos.
As pessoas e os seus comportamentos mais habituais, que se tornam conhecidos e pela repetição reconhecidos como características próprias suas, enfim, nos permitem e inevitavelmente nos conduzem para que façamos esse tipo de julgamento interno, quando então avaliamos se aquela determinada conduta nos traz boa ou má sensação, se nos oferece segurança ou receio, se nos desperta confiança ou medo, tranquilidade ou apreensão.
Evidentemente que estou a falar de relações de trocas interpessoais frequentes, diárias, como as trocas havidas nas nossas relações de trabalho, por exemplo, ou como naquelas que também se dão nos bancos de formação escolar, técnica ou acadêmica.
Mas o que disso tudo para mim mais importa é, verdadeiramente, que eu consiga manter o equilíbrio necessário, o filtro que me ajuda a, da melhor forma possível, lidar com todo o tipo de situação.
Porque sim, é preciso que saibamos e exercitemos a utilização desses nossos filtros sempre! Esse cuidado pode nos servir de escudo, capa protetora, blindagem. Se você já espera a presença recorrente de uma atitude indevida, injusta, inadequada, irregular, você previamente se blinda, se fecha para a possibilidade de se ver envolvido em algo que não seja legal.
Do mesmo modo que, se por outro lado a sensação for boa, leve e lhe ofereça a confiança de um chão seguro, você pisa sem medo de cair em nenhum penhasco.
E tenho que essas liturgias que fazemos no nosso dia-a-dia servem para que enriqueçamos nossas experiências de vida. Aos poucos, com os exercícios que nós mesmos podemos ir nos impondo como forma de proteção individual ou coletiva, vamos avançando.
A vida é assim. Rápida, intensa, cheia de caminhos longos e também de breves atalhos. Não se apresse demais em ler o seu cotidiano, mas tome cuidado pra não dormir no ponto.