Influencer’s e seus estragos

Eu fico estarrecido ao chegar em casa, com uma natural pressa no intervalo do almoço, quando costumo assistir aos noticiários enquanto preparo algo pra comer, e me deparo com a cena de centenas de pessoas pobres, quiçá dentre estas algumas miseráveis, postadas à frente de uma penitenciária feminina, em orquestrado protesto contra a prisão decretada pelo Poder Judiciário em desfavor de uma advogada e influenciadora digital, jovem, bonita, com 36 anos, polêmica, que busca atenção a qualquer preço nas redes sociais, e que enriqueceu aplicando golpes de natureza financeira.

É não só de estarrecer, mas para muito além disso. É também de entristecer e embrabecer, e indignar muito mesmo, o fato de termos milhares de brasileiros espalhados pelo país que, nem sabendo a quem se prestam idolatrar, o fazem em nome de uma suposta ameaça a direitos que, na visão turva daqueles, estaria sendo empregada pelo poder público, injustamente, contra “pessoas do bem”.

Não param essas pessoas um minuto sequer para se atentarem aos fatos. Seguem como ovelhas, umas atrás das outras apenas sendo guiadas, sem qualquer crivo de lógica ou razoabilidade nos raciocínios. Para essas pessoas, e para tantas outras que se utilizam desses expedientes de distorções das verdades, a justiça é que erra, e não os(as) delinquentes. Basta, então, ser influenciador, formador de opinião, ter posses materiais e uma boa aparência para obter o alvará de bom cidadão ou boa cidadã, de conduta ilibada e boa moral incontestável. O que não se encaixar nessa “verdade” é erro do poder público.

Essas pessoas, bem manipuladas e ludibriadas pelas inverdades corriqueiramente ditas e repetidas, chegam ao ponto de se amordaçarem nas entradas de cadeias, só para conseguirem fazer imagens e depois postarem nas suas páginas como se, verdadeiramente, estivessem a combater alguma efetiva injustiça.

Deolane Bezerra, a advogada golpista que encheu as suas contas bancárias em conluio com outros vários agentes igualmente delinquentes, agora responde por uma extensa lista de falcatruas e crimes praticados.

Ela, que esbanjava todo o seu luxo cooptado por meio da conduta criminosa que escolheu trilhar, e que ostentava a riqueza dos carrões importados, iates, viagens ao exterior, joias, festas etc, aos olhos daquelas pessoas todas expostas debaixo de um sol de 40°C na porta da penitenciária, não passa de uma pobre vítima do sistema penal brasileiro.

É um assustador vazio das tantas cabeças torradas pelo sol, desprovidas de qualquer informação fidedigna a respeito da real conduta da influencer, que chega a dar medo.
Medo de que isso que já virou moda no Brasil e em boa parte do restante do mundo se consolide cada vez mais, qual seja, o medo de termos a cada novo amanhecer mais pessoas desinformadas e facilmente manipuladas por essa onda de influenciadores digitais que propagam vidas de mentira, sucessos de mentira, riquezas e vivências de mentira e, o que é pior, se utilizando da ignorância alheia para se venderem como não são, nunca foram nem tampouco jamais serão.

 

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