Quando adquirimos um celular, um smartphone, um iPhone ou algum outro eletrônico com funções semelhantes, depois de um tempo de uso começam a aparecer mensagens de advertência que nos dão conta da necessidade de liberarmos espaços de memória, sob pena de, do contrário, restarmos impossibilitados de continuarmos a usar o aparelho.
Eu até fico desconfiado sobre a real cheia de memória. E penso: será que essas empresas que vendem softwares não estão me enrolando e só querendo ganhar mais dinheiro com essas ofertas de compra de mais memória? Mas mesmo resistindo um pouco eu acabo deletando arquivos. E eu faço isso só e especialmente porque eu não tenho conhecimento técnico para bancar a minha teimosia.
Então, se desconheço a fundo as razões da advertência, por precaução eu acolho, e assim vou conseguindo fazer bom uso dos aparelhos eletrônicos que disponho.
Me ocorre porém, por analogia, que também em inúmeras outras questões do nosso dia-a-dia recebemos advertências outras nas quais os comandos sugeridos são os mesmos, quais sejam: esvazie, limpe, observe o copo cheio, vai transbordar, vai cobrir, vai impedir, engessar, fazer adoecer.
É o caso, por exemplo, dos tantos avisos e alertas que recebemos dos especialistas sobre questões climáticas.
E não só a natureza tem gritado, mas também boa parte da própria humanidade tem vociferado, urrado ao nosso redor, e, mesmo assim, para muitos desses casos que não nos atingem diretamente, nos portamos com uma burra e absurda indiferença.
A Faixa de Gaza e a barbárie do conflito criminoso e irracional entre os terroristas do Hamas e o genocida que comanda Israel já matou dezenas de milhares de crianças, mulheres, idosos e jovens inocentes.
Em São Paulo um jovem de 16 anos arquiteta um plano de vingança contra toda a sua família, como resposta à proibição de uso do seu celular por uns dias, mata pai, mãe e irmã a tiros e, numa frieza mais do que mórbida e assustadora, imediatamente após à barbárie praticada vai tranquilamente lanchar numa padaria próxima!
Ambientalistas renomados são desprezados, protestam contra o abate criminoso de parques e praças na capital dos gaúchos e contra o descaso na manutenção de equipamentos indispensáveis à segurança da cidade, (leia-se muros da Mauá e Casas de Bomba) não são ouvidos e a resposta vem numa rapidez e voracidade terrível, matando gente, animais e impondo um sofrimento e um prejuízo ainda incalculável tamanha a sua extensão. Cidades gaúchas foram intensa e tragicamente atingidas pelas últimas enchentes, inundações e erosões de terra. Mais de 370 cidades do RS registraram sérios prejuízos. Em algumas delas, infelizmente, muitas mortes e perda total.
Mas fato é que de muito tempo recebemos os avisos. E, se puxamos da memória não param de reaparecer registros de outros tantos casos como Brumadinho, Belo Monte, Petrópolis, no Rio de Janeiro, Manaus, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, etc.
Precisamos repensar a vida, os conceitos, os nossos modos.
Ou a boiada que iria passar, e já passou, vai empurrar, esmagar e matar mais gente e também matar toda e qualquer justificativa para que faça qualquer sentido a nossa existência e permanência por aqui.