O que se tem visto no clima, nas alterações drásticas de temperatura, na força surpreendente dos ventos, nas queimadas de grandes áreas florestais, no degelo de imensos icebergs, nos enormes desabamentos de encostas e morros, no aumento expressivo dos casos de tsunamis, ciclones, furacões, na revolta das ondas dos oceanos, nos terremotos, etc, é motivo de sobra para que nos atentemos às questões ambientais, e adotemos, verdadeiramente, novas condutas.
A natureza mundo afora demonstra a sua total saturação, sua incapacidade de prosseguir sendo agredida e desrespeitada, desconsiderada, desprezada, violada.
Há pelo menos 50 anos se ouve falar nos riscos decorrentes dos grandes ataques ambientais praticados pela humanidade, mas, ainda assim e em pleno século XXI, inacreditavelmente não há um único dia no qual não nos deparemos com cenas da mais absoluta estupidez e ignorância tal como as areias das nossas praias atupetadas de garrafas de vidro e plástico, latinhas de cervejas e sacos dos alimentos consumidos por uma população deseducada e nada vigilante com o futuro próximo.
A vida aqui na Terra é no débito e no crédito. E nós, humanos, estamos abusando de todas as piores maneiras possíveis do crédito ofertado pela Mãe Natureza, sem qualquer noção de quando a fatura chegar. E já chegou! Implacável! Isso porque poluímos os nossos mares, desejando a vista do apartamento no andar mais alto, de frente pras praias. Mas esquecemos de pensar e de organizar para onde iriam os dejetos e resíduos de todo o nosso lixo produzido nesses caros e suntuosos imóveis.
Não é por acaso, apenas para exemplificar, que praias famosas e badaladas como Balneário Camboriú, no estado vizinho de Santa Catarina, atualmente são diagnosticadas como totalmente impróprias para banho, eis que infestadas de cloriformes fecais.
Mas Camboriú é mesmo somente um dos piores exemplos Brasil e mundo afora. Aqui mesmo no RS, várias das nossas praias, inclusive as mais procuradas e famosas como Capão da Canoa, no último réveillon amanheceram abarrotadas de lixo. Toneladas de garrafas de todos os tipos e tamanhos espalhadas por uma faixa de quilômetros de areia à beira mar! Uma demonstração horrível do quanto boa parte da população ainda não se dá conta de que isso nos custará muitíssimo caro logo em seguida. O Rio de Janeiro, o Espírito Santo, a grande São Paulo, a Curitiba, a Belo Horizonte, a Fortaleza, a Porto Alegre e um sem número de outras capitais e municípios brasileiros agonizam diante de uma sucessão de eventos climáticos que nos têm trazido muitos prejuízos e, em vários dos casos, perdas até de vidas humanas.
Então, não há como ninguém dizer que não sabia do que acontece. Só quem mora no meio do nada, afastado de tudo, de todos e de toda tecnologia, poderia se revelar com tamanho grau de desconhecimento.
Infelizmente, a realidade é a mesma de um século atrás. Continuamos achando que, de uma hora para outra, surgirá alguma solução milagrosa que nos recoloque nos trilhos da recuperação ambiental, sem que precisemos mover uma palha pra que isso aconteça.
Triste e insano engano.