O caso Maalete

Quem viveu os anos 80 lembra do caso Maalete. Foi um dos mais bárbaros crimes de nossa cidade. Maalete foi uma menina assassinada na Rua da Morte, como ficou conhecida a ruela que liga a descida da Cinco de Maio, a Rua Celso Emilio Muller com o final da rua Santos Dumont, na subida do Morro São João. Rua das Hortências, na verdade.

O caso abalou a cidade. Maalete era apenas uma adolescente, morava na Cinco de Maio. Eu a conhecia, conhecia seus irmãos e seus pais, afinal, era quase vizinho dela. Morava duas ruas acima da sua casa. Era uma menina alegre, cheia de vida. Sua morte abalou toda família, que nunca mais foi a mesma depois disso.

Aliás, abalou não somente sua família, mas toda Montenegro, pois ainda éramos uma cidade com índice de criminalidade baixo, onde se podia andar à noite e atravessar, por exemplo, uma ruela sem movimento e rodeada de árvores, como era o caso da Rua da Morte, que ficou assim conhecida por, pelo menos, mais duas mortes nesse local.

Seu frágil corpo foi encontrado na ruela e até hoje não foi identificado o criminoso. Nunca se soube quem foi o assassino que acabou com os sonhos de uma menina nem os motivos que levaram ao crime. Se teve cunho sexual, rixa, assalto… enfim, também nem interessa sabermos. O que importa é que a vida de uma criança foi ceifada por um monstro endemoniado.

Monstro também é o pai que atira um filho de cinco anos de uma ponte para matá-lo. Semana passada, esse caso aconteceu em São Gabriel, aqui no RS, e nem sei se posso chamar esse assassino de monstro. De pai, com certeza não! É um doente, covarde e não há pena neste plano espiritual que diminua a dor da mãe e de toda família.

Quem acredita em céu e inferno sabe o destino deste “pai”. O motivo, segundo Tiago Ricardo Felber (este é o nome deste demônio) foi para machucar a ex-esposa e mãe do pequeno Theo, de apenas 5 anos, pois não aceitava a separação. Agora, além de separado, será presidiário e tomara que perpetuamente.

Estava em Brasília quando aconteceu o crime e soube pelo prefeito Gustavo Zanatta, que leu a notícia no seu smartphone e confesso que não quis nem ver o vídeo do “pai” levando a criança na bicicleta para a morte. O menino indefeso, alegre, achando que estava passeando com o genitor, sem saber que se dirigia para seu fim.

O mundo está doente. Na mesma medida em que avançamos em tecnologia e em ciência, regredimos em amor e convivência. Vivemos alienados, com os olhos grudados em telas de última geração, e esquecemos o valor de um abraço.

Esquecemos de dizer o quanto amamos os nossos. Esquecemos de brincar com os filhos. De dizer que amamos nossos pais. Dizer “eu te amo” parece piegas, parece um sacrifício quando deveria ser rotina em nossa boca, pois só o amor supera tudo.

Um pai que atira um filho indefeso de uma ponte, para atingir a mãe, além de covarde, além de monstro, atinge toda uma sociedade, que precisa achar formas de proteger nossas crianças. Às vezes, o monstro convive ao nosso lado.

Desculpem o tom pesado da coluna de hoje, mas sou das antigas e jamais vou entender e aceitar como normal monstruosidades como essa. Descanse em paz, Theo!

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