Leda Esmerio Machado

Conheci dona Leda no final dos anos 70. Estudava na 6ª B, quando fui da diretoria do primeiro Centro Cívico da escola. Era da mesma turma do seu filho, João Timotheo Esmerio Machado. Timotheo, mais o Serginho e o Pedro Delmar, completavam a diretoria do Grêmio Estudantil. Criamos, nesta época, o jornal O TIMBAÚVA, que falava das coisas do Polivalente.

O Pedro Delmar era, e é, um ótimo desenhista e fazias as ilustrações. Eu e o Serginho ficávamos nas reportagens e o Timotheo era o Relações Públicas. Coisa de profissional, isso há mais de 40 anos. Orientados pela professora Neusa Zanetti.

Ali n’O TIMBAÚVA, contávamos as histórias das aulas de Matemática do professor Ivan ou das aulas de Educação Física do Adir e do Lauri. Foi com Lauri e Adir que fui apresentado ao cooper. Talvez venha de lá meu gosto pela corrida.

Nesta época, o rio Caí ainda não era assoreado e as enchentes não vinham até a praça Rui Barbosa como em maio do ano passado. No máximo, vinha água ali atrás do Polivalente e aproveitávamos para “passear” de caíco depois das aulas.

Íamos até o bairro São Pedro, na casa do Solon, e partíamos dali, empoleirados num barquinho de madeira entre seis guris, sem coletes salva-vidas, sem segurança nenhuma, a andar pelas águas da enchente. Andávamos por todo bairro Tanac.

Depois disso, íamos para casa da dona Leda Esmerio. onde ela preparava um delicioso lanche com suco, sanduíche e acepipes. Timotheo, que era “nutela”, nunca ia conosco andar de caíco na enchente, mas ficava nos esperando na sua casa, onde sua mãe tratava os moleques como se fossem da família. Era uma querida a dona Leda.

Gostava de ir na casa do Timotheo, porque lá, além de ser bem recebido por sua mãe, ainda podia aproveitar e ler os gibis da coleção dele. Tinha todos os números do faroeste em quadrinhos do TEX WILLER, que era o que eu mais gostava. Se nunca leu TEX, aconselho a procurar na Internet.

Imagina, para um menino da favela, ser apresentado a uma coleção de gibis? Era como um parque de diversões. E dona Leda, sempre amável, a atender a meia dúzia de guris, sem preocupar-se com bagunça ou gritaria.

Anos mais tarde, já envolvido na Política da cidade, fruto do estágio no Centro Cívico do Polivalente, convivemos novamente. Desta vez, ela como dirigente partidária e depois atuando em alguma secretaria do governo municipal. Pudemos relembrar os áureos tempos da infância do Timotheo e das estripulias que fazíamos em sua casa, situada a poucos metros do Colégio.

Dona Leda nos deixou semana passada. Andava debilitada fazia tempo e, para a família, ela descansou da longa e proveitosa jornada. Ela teve sua participação na vida da cidade. Tanto educando os alunos que passaram por ela, quanto contribuindo politicamente enquanto esteve em alguma das várias funções públicas em que atuou.

Descanse em paz, dona Leda. Na memória da minha infância, tens lugar separado e inesquecível.

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