Existem coisas na vida que são inevitáveis. Não dependem da nossa vontade. Não temos força de mudá-las. A morte por exemplo. Todas as outras situações de nossa existência podem ou não acontecer. Desde nosso sucesso profissional até a harmonia de nossa vida sentimental tudo depende de como agimos ou de como tomamos decisões, mas da morte ninguém escapará. A mão cruel do fim da existência alcançará a todos. Ricos e pobres, pretos e brancos, heteros e homos. Lulistas e Bolsominions. É claro que sempre podemos apressar o processo, mas tirando isso, a morte é certa.
Vacinas. Outra coisa inevitável. Não fugiremos das vacinas. Não voltaremos à normalidade da vida sem vacinas contra a Covid-19. Ainda que eu, leigo que sou não entenda porque alguém é contra remédios que possam minimizar os efeitos da doença, a vacina é a solução definitiva para esta pandemia.
A morte do Lázaro. Era inevitável. Depois de zombar da polícia e matar uma família inteira estuprando por último a mãe, sua morte passou a ser pedida em rede nacional e post do Facebook. Alguns dizem que ele “se auto suicidou-se a si próprio”. Quando jogaram seu corpo crivado de balas dentro de uma caminhonete, ouviu-se ao longe espocar de fogos. Aterrador. Mas era inevitável.
Os venezuelanos. Inevitável. Não fomos consultados, é um programa federal com a participação da ONU e com a parceria da empresa que também tinha interesse na mão de obra. Também é função do município acolher todos que venham morar e trabalhar aqui. Sem olhar cor, raça, religião. Ainda que exista desempregados locais, a empresa tem liberdade de contratar de fora e cabe à prefeitura tentar minimizar os efeitos deste aumento de usuários nos seus programas sociais. Claro, por ser programa federal existem recursos que podem ser compensatórios e isso é nossa obrigação buscar.
Pedágios. É inevitável. Foi assim na BR-386. Foi assim em Portão. Foi assim em Santo Antônio da Patrulha. Eu também já fui contra pedágios. Até uma madrugada, quando fiquei na estrada, com toda família, por uma pane elétrica no meu veiculo, bem próximo à ponte do Guaíba, em Porto Alegre. Quem conhece o local sabe o perigo que era parar por ali. Além do assalto que muitas vezes era provocado por pedras no para brisa, havia o risco de vida. Pois bem, não levou cinco minutos até que um carro da concessionária do pedágio encostasse para meu socorro e segurança. Mudei de ideia ali. Além disso, é inegável que as estradas pedagiadas são bem cuidadas e sinalizadas. Talvez possamos discutir a forma ou o preço da tarifa, mas é um caminho sem volta num país onde o Estado é ineficiente em atender as demandas de infraestrutura.
O pedágio que se anuncia será implantado na RSC-287, em minha opinião, traz algumas vantagens. A praça de Portão será desativada. Não pagaremos mais para deslocamento a Novo Hamburgo ou São Leopoldo. Esta praça trouxe pouca ou quase nenhuma melhoria na rodovia para Montenegro, o que deve mudar agora com a nova instalação. Como o executivo anunciou o desejo de resolver o problema das travessias, construindo inicialmente duas rótulas com recursos próprios, há possibilidade de compensações ao município. É o que estamos buscando agora. Penso que exigir que não seja instalado este pedágio pode trazer mais consequências negativas no futuro, uma vez que a relação com a empresa privada que administrará a rodovia vai estar prejudicada e ela certamente usará isso como argumento para deixar de atender nossas necessidades. Quer dizer, a RSC-287 continuará esquecida, esburacada e insegura.
Também o prefeito está em tratativas para deslocar a instalação alguns metros à frente e livrar grande parte dos moradores de Muda Boi do pagamento do pedágio. O que podemos, e vamos fazer, é negociar insistentemente sempre visando o melhor para a maioria. O pedágio até pode ser evitável, mas a morte é certa.