Sou o tipo de pessoa que pensa no futuro. Muito mais do que devia até… E com isso não estou dizendo que planejo o futuro, tomo decisões pro futuro, ou qualquer coisa assim. Eu devia, mas não faço. Só perco horas pensando nele: o futuro.
O meu e o da humanidade.
Aí me peguei, dia desses, pensando muito sobre ser avó.
– Como assim AB, sua loka? Cê nem mãe é. Que que tem a ver isso?
Acontece que vários amigos, de idade próxima à minha, perderam seus avós nesses últimos tempos. Acho que pelo menos umas 5 pessoas. Isso me fez pensar.
(Sou uma peeeeeeensadoooura, com licença).
Eu tenho quase 30 e uma avó que é muito o centro da minha família, e de tudo que nós somos e fazemos. Minha outra vó faleceu quando eu era criança, mas as melhores memórias da minha infância estão diretamente ligadas a ela e isso nunca vai deixar de fazer parte de mim.
Meus dois avôs morreram antes de eu nascer (por isso choro quando vejo velhinhos brincando com crianças), então eu emprestei um avô de um primo postiço, o que foi uma ideia brilhante por um tempo. Mas aí os netos de verdade ficaram meio chateados com a concorrência e às vezes dava a maior briga.
Meu avô emprestado também faleceu quando era criança.
Tô contando tudo isso, pra explicar que eu cresci com uma só vó e isso realmente moldou minha personalidade.
A falta e a presença. Avós tem uma importância gigante nessa coisa de formar pessoas (alguns casos até mais importância que os pais, mas estou falando aqui de avós que têm papel de avós mesmo).
E agora vem a parte matemática da minha reflexão.
– Uuuuu! Jornalista fazendo conta. Ferrou!
As pessoas estão demorando para ter filhos, certo? E tudo bem, são coisas da sociedade moderna. Eu mesma não me imagino mãe pelos próximos anos.
Mas vamos às contas: Digamos que eu tenha uma filha depois dos 35. Digamos que ela cresça e também decida ser mãe com mais de 35. Serei uma avó com mais de 70!!!! Cês tem noção de quantas pessoas vão crescer sem avós? Ou de quanto isso tudo vai diminuir o tempo de convívio entre avós e netos daqui pra frente?
– Ai AB, mas hoje em dia todo mundo chega fácil aos 90 anos.
Ok, mas seriam, com sorte, 20 anos de convívio… minha avó tem bisnetos de 20 e netas de 40 (não me matem, primas).
Só uma avó me viu crescer, me formar, virar gente grande. E acho que esse meu caso vai ser cada vez mais comum…
No que isso vai mudar a cabecinha das próximas gerações, ainda não dá pra saber (ou se dá, não sou eu que vou saber, né). Mas confesso que acho um pouco triste.
Eu sei que a dor de perder uma avó ou um avô é horrível, mas sabe…
Depois de tantos anos de convivência, acho que somos uma geração de netos sortudos!