Passado o 1º turno das eleições presidenciais de 2018, podemos observar alguns fenômenos, de candidatos que estavam atrás nas pesquisas se elegendo até quem estava na liderança, ficando de fora. Mas o que mais desperta curiosidade é a subida vertiginosa do candidato a presidente pelo PSL, Jair Bolsonaro, das últimas pesquisas aos resultados nas urnas.
Já é de praxe dizer que essas eleições foram tomadas pela rejeição, ou seja, voto no candidato “X” pois não gosto do “Y”, além de diversas novidades, como a participação maciça das redes sociais. Destas, destaca-se o WhatsApp, que, nos últimos meses, virou uma “terra sem Lei”. As relações foram tomadas pelas “Fakenews”. Desconfiávamos de tudo, não se pode mais reconhecer nem as notícias verdadeiras.
Especulações giravam em torno das prováveis alianças, prováveis formatos de 2º turno, onde o candidato supracitado levava a pior em todos os cenários. Entre os principais representantes da esquerda, estavam Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Lula, impedido, baseado na Lei da Ficha Limpa, e substituído por Fernando Haddad, este que, quando iniciou sua campanha, aparecia meramente em 5º lugar, mas que aos poucos foi tomando seu espaço e logo figurava na 2ª colocação. Esse crescimento de Haddad nas pesquisas deve ser entendido como reflexo dos diversos programas sociais voltados às classes mais baixas e, até então, menos assistidas. Há de se reconhecer isso. Méritos do PT e falta de oportunismo dos governos anteriores.
Mas há um outro ponto que contribuiu para o crescimento de Haddad e, em contraponto, para a subida de Bolsonaro. Mesmo de dentro da penitenciaria de Curitiba, o ex-presidente Lula arquitetava as relações e coligações, a fim de garantir a ida de Haddad para o 2º turno, enfraquecendo Ciro Gomes. Um exemplo disso foi a retirada da candidatura de Marília Arraes, pelo PT, ao governo de Pernambuco, para apoiar a reeleição de Paulo Câmara PSB, este que, por sua vez, não apoiaria mais Ciro Gomes à presidência.
Nas pesquisas para 2º turno, Ciro Gomes sempre apareceu na frente de Bolsonaro, ao contrário de Haddad, que empatava tecnicamente com o candidato do PSL. O que pode estar elegendo Jair Bolsonaro e, como disse um amigo meu, “não tem mais volta”, não são nem tanto seus projetos, seus discursos e suas ideias, mas sim o antipetismo, o orgulho petista, o maquiavelismo de seus líderes e a “casa dividida” na esquerda do Brasil.
Daniel Prass Schu
Estudante e músico