Está ficando evidente que o mundo não será mais o mesmo após a pandemia. Diante de uma das maiores crises da humanidade, a sociedade mudou sua maneira de interagir com o que lhe cerca e os efeitos econômicos e sociais ainda devem ter desdobramentos por muitos e muitos anos.
Analisando o impacto que já ocorreu no mercado nacional, muitos setores da economia se reinventaram com extrema rapidez e desenvolveram alternativas disruptivas, que até pouco tempo atrás seriam rapidamente abortadas. Um bom exemplo é o comércio eletrônico que já vinha mostrando sua importância, mas que, com a pandemia, tornou-se um dos principais canais de vendas para diversos setores em que antes tinha participação marginal.
O crescimento do e-commerce no Brasil foi de 75% em 2020, comparado ao ano anterior, segundo o indicador Mastercard SpendingPulse. Esse salto aconteceu principalmente depois do isolamento social provocado pelo coronavírus, que produziu limitação do tráfego de pessoas e períodos de fechamento das lojas físicas e shoppings. Importante ressaltar que esse canal, mesmo após a atual crise, continuará sendo um elemento central na estratégia das empresas de muitos setores importantes da economia.
Esse cenário também impactou diretamente no setor de logística, que teve que atender um número muito maior de pedidos, em diversos novos canais de entrega. O setor teve que se estruturar para fazer mais, com prazos mais desafiadores e um número muito maior de restrições operacionais. Diversas indústrias revisitaram suas estratégias e estão questionando se a resiliência e abrangência da sua logística estão alinhadas com a nova realidade de mercado.
Essa demanda exigiu várias adaptações e melhorias nos operadores logísticos, principalmente, nos operadores rodoviários que são os responsáveis por endereçar os produtos nos centros urbanos, além de serem responsáveis por transportar aproximadamente 60% dos bens produzidos no Brasil. Para atender os clientes da melhor forma possível (tanto em relação ao prazo quanto a confiabilidade no trajeto e entrega – track & trace), se fez necessário um massivo investimento em tecnologia e pesquisa operacional. A tecnologia nos permite aumentar a eficiência da gestão dos ativos existentes e conectar em tempo real com os clientes, destinatários e os parceiros. A pesquisa operacional nos garante, através das melhores soluções matemáticas (soluções ótimas), fazer com que esses ativos envolvidos na operação entreguem o melhor modelo operacional (maior qualidade com menor custo).
Do ponto de vista do consumidor, mais do que nunca, há a busca por uma experiência de compra bem sucedida e completa e isso inclui o transporte e o recebimento da mercadoria. No caso do e-commerce, por exemplo, não basta o cliente ter uma ótima navegação dentro do site ou outro canal de compra se o produto não chegar no prazo estimado, chegar com avarias ou em uma configuração diferente do que foi adquirido. Embora esse fundamento sempre tenha sido um dos pilares da logística, hoje ele é ainda mais visível, fundamental e complexo.
Concluindo, é evidente que a logística se torna cada dia mais importante. Compramos e pagamos praticamente qualquer produto em segundos e de qualquer lugar do mundo, as empresas distribuem por múltiplos canais e conectar esses pontos, em muitos casos, é um desafio gigante. O papel do operador logístico é cada dia mais complexo, exigindo a capacidade de oferecer diferentes serviços de forma integrada, criar soluções inovadoras e investir em qualidade e tecnologia. Nesse contexto, os operadores logísticos precisam se estruturar cada vez mais para serem capazes de atender a todas estas demandas e, naturalmente, os operadores mais estruturados e com capacidade de investimentos estarão em vantagem. Esse desafio está nas mãos dos profissionais de logística que serão os responsáveis por viabilizar este novo modelo econômico global.
André Prado – CEO da BBM Logística