Não podemos flertar com o incontrolável

Terminamos 2022 muito melhor do que o iniciamos. Concluímos esse ciclo com um sentimento de verdadeira e clara sensação de que lograremos a retomada da normalidade institucional, de maneira com que se restabeleçam as relações entre os três poderes instituídos com diálogo, respeito e observância aos ditames legais. Mas há que se refletir sobre o quão difícil foi chegarmos até o final deste ano, um período de extrema provação e de efetivos riscos, ora patrocinados pela omissão, ora pelo fanatismo, ora alimentados pela disseminação em massa de informações criminosas veiculadas freneticamente por milhares de pessoas insatisfeitas e, acima de tudo, manipuladas.

O Brasil é um país imenso, com 8.514.876 Km2, no qual 214 milhões de habitantes se espalham por 27 unidades federativas, quais sejam, os nossos 26 estados e o Distrito Federal. Segundo o Wikipedia a nossa composição étnica e racial resulta de uma confluência de pessoas de várias origens étnicas diferentes, dos povos indígenas originais, negros africanos, dos colonizadores portugueses, e de posteriores ondas imigratórias de europeus, árabes e japoneses, além de outros povos asiáticos e de países sul-americanos. Temos uma riqueza cultural extraordinária e somos conhecidos e reconhecidos no mundo inteiro por nossa diversidade artística e nossa vasta capacidade criativa, nossa hospitalidade, nossa alegria, nossa excelência em atividades como o futebol e a música, nosso gingado e o nosso “jeitinho brasileiro” de nos moldarmos e nos adaptarmos às adversidades do cotidiano. Somos, de uma maneira geral, um povo de paz, trabalhador, ordeiro, generoso e gentil.

Entretanto, há que se refletir sobre alguns acontecimentos graves e recentes que diferem do nosso normal e são dignos de muita atenção por parte de todos. O Brasil tem assistido, desde a vitória nas urnas do candidato Lula sobre o candidato Bolsonaro, um significativo número de pessoas que, contrariadas com tal resultado se arvoram em propagar atos golpistas de quebra e cessação dos direitos democráticos mais elementares. Gente que faz discurso inflamado em porta de quartel implorando pela intervenção militar, fechamento do Supremo Tribunal Federal e anulação do pleito realizado no último mês de outubro p.p. Gente que pede auxílio a extraterrestres endereçando aos céus reflexos de luzes piscantes das suas telas de celulares. Gente que marcha e grita em coro frases de repúdio e ódio ao sistema eleitoral vigente, mas que só não aceita a segunda parte, o desfecho de um processo eleitoral de dois turnos.

Pois eis que então chegamos ao ápice, com pessoas enraivecidas ateando fogo em carros e ônibus e tentando invadir o prédio da Polícia Federal em Brasília. Não bastasse isso, nos últimos dias a Polícia Civil do DF prendeu um empresário armado até os dentes e portando explosivos com os quais ele próprio admite que pretendia criar o caos para, assim, provocar a tão sonhada intervenção militar que os golpistas frustrados defendem.

Ainda bem que, em que pese a absurda condescendência de boa parte das autoridades policiais do atual governo, outros tantos bons agentes policiais atuem com inteligência e rapidez, fins de evitar que essa loucura toda se propague ainda mais.

Chega! Que venha 2023 sem a sandice do flerte com o incontrolável.

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