Feliz aniversário

A imprensa escrita é a forma mais genuína de provocar, movimentar, encorajar, e situar o nosso lugar no mundo. Estamos completando um ano juntos, falando sobre negritude, falando sobre Montenegro e fazendo a revolução. O convite para colaborar veio logo após uma entrevista em que questionamos as estruturas do racismo e o como ou onde cada um poderia ajudar. Nossa pauta foi negritude e branquitude e o papel de cada um na luta contra o racismo. Neste período em que a coluna existe, pude observar uma série de reações boas e manifestações de carinho, houve também questionamentos e as já costumeiras reprodução de falas que indicam racismo estrutural. Mas… foi emocionante ver no povo preto o orgulho de ser citado no jornal e de falar tudo que pensamos entre os nossos. Ser reconhecida na rua e receber os comentários talvez tenha sido o melhor presente.

Ouvir das pessoas “continua falando da gente”, não tem preço. Recebo recortes de jornais, fotos da coluna, apoio nas redes sociais e o boca a boca dos temas discutidos. Falas como: Eu leio a tua coluna, tu é a guria do jornal, é bom ver um pouco da “negrada” no jornal, nos faz pensar o quanto o espaço como protagonista é necessário. O que difere representatividade da inclusão é nos ter como protagonistas falando dos nossos, pela voz daqueles que são negros todos os dias da vida.. Este é o espaço onde uma mulher preta retinta fala de gente preta e conta histórias do povo negro. Este espaço representa inclusão por que dá voz aos negros para falarem de negros, de negritude, de pretitude.

Um dos grandes erros históricos é a ação de ver o mundo através de sua própria cultura, levando ao desrespeito e aumentando a depreciação de um povo. Poder falar em nome da história e cultura afro-brasileira, elencar discussões que reverberam diretamente nas problemáticas negras, nos liberta do olhar preconceituoso e racista. É uma forma de cultivar o respeito pela diversidade étnico-racial e de enfrentar o racismo manifestado por violências verbais, físicas, psicológicas e institucionais.

São tantas pautas sobre a diversidade racial e de gênero, da simbologia da religiosidade, o respeito às identidades e as etnias, no que tange o recorte raça/cor que entendemos que a coluna exerce um papel significativo na formação crítica e reflexiva do momento vivido. Atualmente, assino a coluna como expressão de um coletivo de pessoas que além de inspirar nossas pautas, sugerem temas, pontuam datas significativas, corrigem informações e contribuem para que o tema citado seja o mais fidedigno possível.

Pessoas que se preocupam com a pauta antirracista, com a proteção da nossa ancestralidade e com a luta contra o preconceito racial. Somos um coletivo engajado em informar, formar e equipar a sociedade, promovendo o debate entre negros, afro-brasileiros e não negros, sobre a importância das pautas pretas na atualidade.

Somos uma de muitas expressões da identidade negra no vale do Caí, temos como projeto falar do maior número possível de pessoas que em outros tempos foram invisibilizados. Temos como objetivo esclarecer as dores que nos consome, empoderar nosso povo e contribuir nas manifestações de resistência. Em mais um Novembro Negro, estamos entrando em um novo ciclo, na luta contra o preconceito racial e preconizando o respeito às relações étnicos raciais. Somos muito gratos pelo espaço, pelo apoio e por poder falar sobre nós. Salve jornal Ibiá pela iniciativa de se tornar atuante na pauta antirracista. Asè!

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