Gavetas da História

Quando fomos concebidos no ventre de nossa mãe começam as indagações e perspectivas sobre aquilo que essa nova vida gerada pode trazer para o meio familiar, social, cultural, profissional, para si, para a comunidade, para o mundo.

Iniciam os comentários sobre como será essa gestação, quais os problemas que poderão ser enfrentados pela gestante durante esse período e o que poderá ocorrer nessa sequência.

Como um armário ou prateleira, vão sendo criadas – ou manufaturadas – gavetas que se abrem e fecham continuadamente, mostrando e escondendo atitudes, virtudes e peripécias; elogios e repreensões; vaidades e fiascos.

O ser humano, desde os primórdios da humanidade, vem sendo estudado pela ciência e pela teologia, por disciplinas e ramos do conhecimento, convergindo e divergindo sobre os mais diversos aspectos desse elemento da qual todos nós fazemos parte.

Antropologia (origem do ser humano), medicina, biologia, bioética, biotecnologia, filosofia, sociologia, pedagogia e didática, teologia nas mais diferentes origens e formas, conceitos, interpretações, ideologias, enfim, chegando até a escatologia (destino ou fim), sempre buscando afirmar, embasar e configurar a nossa origem e destino.

Ganhamos a vida, passamos a criar efetivamente a nossa trajetória e depois de certa idade dizem – e dizemos – que somos autônomos, conscientes de nossas decisões, atitudes e ações. Somos responsáveis por nossos feitos, tanto no aspecto ético como legal. Muitas das nossas gavetas gostamos de abrir, mostrar, dar ênfase. Outras, queremos mantê-las fechadas, quase lacradas. Algumas geram orgulho, até presunção, e enchem nossos olhos e o coração por aquilo que ali está aparecendo. Outras, no entanto, queremos deixá-las ocultas, pois nos envergonham e gostaríamos de lacrá-las, porque nos arrasam e seria um vexame serem vistas por nossos familiares, amigos e até serem revistas por nós mesmos.

Dependendo do ambiente, vamos formando conceitos, nos aspectos pessoal, familiar, social, cultural, esportivo, espiritual e religioso, moral e ético, político, econômico, de valores, referências e crenças, que nos tornarão identificados junto àqueles que conosco tem as mais diferentes oportunidades de contato e convívio.

Dos conceitos que por aí andam, é necessário que, mesmo com todos os avanços da ciência, tecnologia, informática e comunicação, não percamos aqueles que dizem respeito à verdade, bondade, necessidade, perdão, convivência pacífica, esperança e caridade, para chegamos ao fim da nossa trajetória e não ficarmos no dilema: Como foi a história que construí?

Nicolau Alvísio de Oliveira
Contador

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