Vivendo às margens do Titicaca

Completando uma semana no Peru, chegamos a Puno, uma cidade localizada nas margens do Lago Titicaca, o lago navegável mais alto do mundo, situado 3.830 metros acima do nível do mar, parte dentro do território peruano e parte pertencente à Bolívia. É a cidade mais turística ao redor do lago na área do Peru.

E nós estamos hospedados a uma quadra das margens do Titicaca. Estamos no estacionamento de um hotel, que permite que a gente use o banheiro, as duchas e a eletricidade das instalações. Estamos bem seguros e muito bem instalados, a poucas quadras do Centro e do Porto.

É dali que partem todos os passeios para as ilhas existentes no Titicaca peruano. Também é possível conhecer a parte boliviana, porém, é preciso ingressar no país por terra, fazer os trâmites fronteiriços e, então, pela cidade de Copacabana, pegar as embarcações para visitar as ilhas da Bolívia.

Daqui, de Puno, é possível visitar as ilhas artificiais flutuantes dos Uros (passeio marcado para este sábado. Contamos tudo semana que vem), Taquile e Amantaní. E os passeios são fáceis de ser contratados, seja nas dezenas de agências instaladas nas ruas principais ou direto no porto naval.

Por estar tão alta, a cidade de Puno parece bem o Rio Grande do Sul no outono ou primavera: calor de rachar durante o dia e frio de congelar durante a noite. Itens básicos obrigatórios por aqui: protetor solar, boné, roupas leves, mantas e jaquetas. Efeito “cebola” que tanto conhecemos (começa o dia cheio de casacos e vai tirando as camadas conforme o calorão vai chegando).

A cidade é rodeada por montanhas e o lago, o Porto e a parte mais histórica estão na região mais baixa da geografia local. Puno parece ter crescido de repente, quando se analisa as casas que tomam a parte mais alta. Quase todas de tijolo à vista, com ferros de espera (esses ferros de estrutura de obra) na grande maioria, sem telhado e entradas improvisadas.

As Cholas colorem a cidade
Em meio a tanto tijolo, são as Cholas que dão cor às ruas. Vestidas com saias rodadas e coloridas, blusas estampadas, com tranças compridas, xales de lã e chapéus, elas tomam as ruas: são vendedoras de frutas, de livros, de chás, de artesanatos, comandam estabelecimentos e preparam todo tipo de comida e bebida típica para oferecer pelas calçadas de Puno.

Descobrimos aqui que antigamente as cholas sofriam muito preconceito. Primeiro por serem das áreas mais rurais e afastadas e também por terem “se rendido” aos espanhóis e adotado alguns costumes estrangeiros, como é o caso de algumas peças de suas vestes tradicionais. Eram os mestiços urbanos, que tomaram o sul do Peru e a Bolívia.

Hoje, as mulheres, principalmente, representam o orgulho de ser indígena, a história e a riqueza cultural desse povo. Elas não têm vergonha alguma – e nem deveriam – de sair pelas ruas mostrando o quão lindo é o viver de um índio peruano.

Como chegar a Puno
Para quem vem de avião, o aeroporto mais próximo está em Juliaca, a 43 quilômetros. De lá, é possível tomar um ônibus direto para Puno, ou pegar um táxi. Falando em táxi, essa é a opção mais prática para andar dentro da cidade. O trânsito em Puno, como em todas as cidades um pouquinho maiores do Peru (lembramos bem de Cusco e Lima, que visitamos em 2015, além de Tacna e Arequipa, por onde acabamos de passar), é um caos total. O que o povo daqui tem de gentil e sorridente, tem de maluco quando o assunto é dirigir.

Em geral, os peruanos se arriscam muito na direção, andam rápido, fazem manobras ilegais no meio da via, não costumam usar o pisca, buzinam para indicar que vão dobrar, que vão parar, que estão irritados, que estão felizes, que vão seguir em linha reta… não importa, eles adoram a buzina. E isso tudo faz o trânsito ser bem caótico pra quem vem de fora.

E, ainda a favor dos táxis e moto-táxis: eles são bem baratos e o preço pode ser negociado antes da corrida. Vale bem a pena.

Altitude tem sido um problema
Mesmo que já tenhamos passado vários dias em cidades a muitos metros de altura, Puno tem testado nossa resistência. Estamos a mais de 3.800 metros acima do nível do mar, e isso, por si, não é fácil. Além disso, as noites têm sido bem frias, com temperaturas entre 7°C e 9°C desde que chegamos.
Essa junção de fatores não tem nos deixado dormir. A tontura, a pressão na cabeça e o nariz sempre trancado são os principais problemas que estamos enfrentando nas noites de Puno. Esperamos que logo nossos organismos se acostumem, afinal, a próxima parada será Cusco, a 3.400 metros de altitude.

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