Acho que a palavra certa não é “tensão”. Talvez, pânico! Pode parecer exagero, mas quando vimos a Analuz sem motor, com as peças espalhadas pela oficina do Mariano, chegou a dar vontade de chorar. Acredite, essa experiência é bem mais intensa quando se trata da tua casa.
Bem, vamos começar do começo pra explicar essa parada no mecânico: faz algumas semanas que no painel da Kombi começou a piscar a luz da bateria. Ligava quando freávamos ou andávamos mai devagar e desligava quando acelerávamos valendo. Não demos muita bola, já que não ficava ligada constantemente, o que era sinal que estava carregando a bateria, nem que fosse um pouco.
Até que ficamos zerados de carga, perto de Las Lajas. A cidade é superpequena e não tinha muitos recursos mecânicos a nos oferecer. Sorte que carregamos uma bateria extra. Trocamos uma pela outra, levamos a sem carga para carregar em uma borracharia, dormimos por lá e no outro dia saímos. Queríamos chegar em Mendoza, uma cidade maior, com mais opções, mas que estava a mais de 800km de distância. Além disso, o Luiz Jaeger e a Bruna Peixoto, aí de Montenegro, estavam nos esperando aqui. Eles viajam com “A Kombi Viajante” e poderiam nos ajudar também.
Foram dois dias até Mendoza. Chegando aqui (já faz 15 dias que estamos por essas bandas), fomos ao Refúgio Kombinautas, um local bem legal, criado e mantido pelo Walter – um apaixonado por Kombis – para dar apoio a viajantes. Foi ele que nos indicou o Mariano.
Já na oficina, na última terça-feira, o mecânico nos explicou que a tal “junta” estava frouxa, o que estava causando vazamento de óleo no motor e poderia estar ocasionando o mal contato no alternador. Os parafusos que fixam essa parte estavam quebrados ou já sem rosca. Ou seja, não serviam mais pra nada. E para arrumar, seria preciso baixar o motor, maneira legal de falar que iam desmantelar o pobre motor.
Além disso, sabíamos que as coifas da homocinética deveriam ser trocadas também. Aproveitamos pra fazer isso. Na verdade, essa parte ficou por conta do Luiz e do filho do mecânico que trabalha com ele na oficina. Ficamos o dia todo lá e no fim da tarde tivemos a notícia que o problema inicial, no alternador, era outro: provavelmente um cabo meio velho ou com mau contato. Teríamos que voltar no outro dia.
Na quarta-feira, o serviço durou menos. Em três horas já estava tudo resolvido. Não foi preciso baixar o motor de novo, era só um cabo mesmo. Aproveitamos também para trocar as velas, que no dia anterior Mariano havia nos avisado que estavam já mais pra lá do que pra cá, e para limpar e apertar melhor todo o motor. Agora, sim! A Kombi está máster de novo.
“Faz parte do pacote”
Me apropriei dessa frase da minha mãe pra dizer que está tudo bem, que já estávamos preparados para viver esses perrengues e que, realmente, faz parte de toda essa loucura. Quando saímos, tínhamos 100% de certeza que cedo ou tarde a Analuz ia precisar de uns dias de SPA. Fizemos uma baita revisão ainda em Montenegro, o que talvez adiou um pouco essa parada na oficina.
Por ser um veículo com uma mecânica mais antiga, bem menos rebuscada que os supercarros de hoje em dia, sempre achamos que a Kombi é fácil de arrumar. Teoricamente! Aí no Brasil, onde as “kombinhas” foram fabricadas até 2014, ainda é bem tranquilo pra encontrar um mecânico que conheça suas manhas e conserte qualquer coisa em poucas horas e com poucas ferramentas.
Na Argentina, por exemplo, as Kombis pararam de ser fabricadas na década de 90. Por isso, o número de profissionais que entende desse tipo de carro já é bem mais limitado, assim como locais que vendem as peças de reposição (fomos a seis lugares até encontrar o que precisávamos, e ainda tivemos que comprar uma peça de outro carro, que o mecânico adaptou para a Analuz) . Tivemos a sorte de encontrar o Mariano, um mecânico que tem uma Kombi. Na oficina dele, inclusive, tem um baita desenho na parede de uma prima argentina da Analuz.
E ele fez um trabalho incrível! Além de fazer todos os reparos, ainda explicou com toda a calma do mundo o passo a passo para desmontar o motor (caso precisemos fazer isso por conta), foi nosso guia para cruzar Mendoza até o lugar onde íamos dormir e não cobrou o segundo dia de trabalho. Tem como não acreditar que a Kombi une as pessoas e tem o poder de mostrar o melhor de cada um? Acho que não!
Onde estamos agora
Já faz 15 dias que estamos em Mendoza, a Capital do Vinho na Argentina. A cidade é um charme e tem diversas atrações que envolvem degustação e passeios em vinícolas. Estamos aproveitando para conhecer essa região: há poucos quilômetros está Uspallata, um povoado encantador no meio da Cordilheira dos Andes, e também o Parque do Aconcágua, onde está a montanha mais alta da América.
Estamos aproveitando para curtir e pegar todas as dicas possíveis com o Luiz e a Bruna, que viajam desde 2016 e têm muita história legal pra contar (SPOILER: eles vão aparecer por aqui semana que vem).