A cultura de um povo recuperada pela força das mulheres

A comunidade Shiripuno existe às beiras do Rio Napo, na Amazônia Equatoriana, há muitos e muitos anos. Porém, com o passar do tempo, a catequização dos indígenas, a aproximação do homem branco e a visita cada vez mais constante de turistas, esse povo foi perdendo sua essência, suas crenças e sua maneira de viver. Os Quechuas já falavam mais espanhol do que seu idioma originário e adotaram a calça jeans e o tênis como sua vestimenta padrão. Todo esse cenário mudou quando, há 15 anos, um grupo de mulheres se uniu para trazer mais infraestrutura para a comunidade e conseguir resgatar sua cultura.

Atualmente, 23 mulheres formam o grupo organizado que mantém as atividades na comunidade indígena. Junto com seus filhos e maridos, elas trabalham no cultivo de frutas e verduras, na produção de artesanato, na manutenção do lugar (que além de centro de turismo, também possui cabanas para aluguel) e atenção aos turistas, que buscam o local para poder conhecer e se aproximar um pouco mais da cultura e dos costumes dos povos amazônicos.
Além de dormir no território da comunidade, à beira do rio, fomos convidados para participar de algumas atividades que oferecem aos turistas. Fomos recebidos por Soledad, uma das líderes locais. “Estamos trabalhando sempre para sermos independentes. Para diminuir o machismo que ainda faz parte da nossa cultura”, nos disse ao apresentar outras meninas e mulheres que trabalham ali.

É visível o orgulho de Soledad ao contar que foi o seu trabalho, e de suas companheiras, que proporcionou a construção e a manutenção do Centro de Turismo Comunitário Shiripuno. “Também temos agora uma escola bilíngue aqui, onde nossas crianças aprendem Espanhol e Quechua”, conta.

Em sua apresentação, as mulheres de Shiripuno demonstram algumas danças típicas, ensinam o preparo da “Chica de Youca” (uma bebida à base de aipim) e também de alguns chás e cremes naturais, explicam sobre a natureza e as mudanças que já aconteceram e vêm acontecendo nessa região e ainda mostram alguns dos artesanatos que produzem. Uma imersão ao mundo indígena, preparado de uma maneira incrível. “Não temos ajuda de nenhuma organização. Mantemos todas as atividades com nosso trabalho”, destaca Soledad.

Foi bonito de ver o que a força da mulher indígena fez em Shiripuno. Me fez lembrar e refletir sobre a força que a mulher tem em todos os âmbitos e ambientes e me deu um orgulho ainda maior de ser desse time. Para todas nós, um feliz TODO DIA das mulheres!

Como chegar
As visitas à Comunidade Shiripuno ou a outras comunidades da Amazônia Equatoriana são oferecidas por dezenas de agências de viagens, agentes independentes e canoeiros atracados ao longo do Rio Napo. Misahualli é uma das cidades de maior movimento de turistas e serviços de turismo e viagens. O povoado está na “entrada” da floresta e tem acesso por rodovias, desde Quito ou Guayaquil, onde estão os maiores aeroportos do Equador.

Entramos em um vulcão
Quando vimos aquele pequeno barranco na nossa frente, pensamos que ainda era um “pré-morrinho” antes de começarmos a caminhada ao topo do Vulcão Quilotoa. E quando subimos os 20 passos que nos faltavam, nos deparamos com uma cratera enorme, coberta por uma água que mesclava verde e azul intensos, dependendo dos raios do sol. Já estávamos a 3,9 mil metros acima do nível do mar e tínhamos a nossa frente um dos lugares mais impressionantes que já vimos.

O Vulcão Quilotoa, dizem os locais, ainda pode ser considerado ativo, devido aos gases que emite. Mas, ao invés de lava ou fumaça, o que seu centro esconde é um paraíso à parte. Mata verde, grandes pedras e um lago de tirar o fôlego. Do topo, fizemos a baixada de quase dois quilômetros até a água. A descida está tranquila, embora tenha alguns trechos com areia bem “fofa”, que afunda e dificulta um pouco a caminhada. Mas, nada se compara a subir todo o caminho de volta, a quase 4 mil metros de altitude. Não posso dizer que foi fácil, levamos quase duas horas para recorrer-lo.

Existe a possibilidade de subir a cavalo ou mula, porém, percebemos que o caminho também é muito pesado para eles. Vimos os animais sofrendo para carregar turistas vulcão acima, e decidimos levar mais tempo, mas fazer por conta própria. Valeu muito a pena. A cada passo, parecia que o cenário se transformava. A cada raio de sol que conseguia atravessar as nuvens, as cores do lago mudavam completamente e já fazíamos mais uma parada para apreciar o lugar.

O Vulcão Quilotoa faz parte da Rota dos Vulcões no Equador, que inclui vulcões ainda ativos, e outros que não possuem mais atividade sísmica. Por causa da altitude e dos acessos difíceis, esse foi o único que visitamos.

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