180 quilômetros de outra Argentina

Nunca tínhamos visto cactos grandes, como esses que vemos em filmes e desenhos representando o deserto. Na última semana, não só vimos, como tocamos, medimos, fotografamos e nos encantamos com essas plantas. Elas, verdes e vivas exatamente como imaginávamos, completam uma paisagem seca, marrom, totalmente natural e inigualável.

Entre a cidade de Cafayate e Salta, já no norte argentino, durante 180 quilômetros, encontramos esse cenário. Uma Argentina completamente nova para nós e prova da riqueza e extremos climáticos e culturais desse país que já nos mostrou tanto. A Ruta 68, uma estrada nacional, tem como símbolo justamente os cactos. E as montanhas! Grandes, coloridas, imponentes. Elas parecem ter sido projetadas para nos receber. São simpáticas, mesmo que majestosas. São convidativas e extremamente lindas. Junto com os tais cactos, elas dão sensação de vida a uma paisagem que tinha tudo para parecer morta, estagnada.

Esses montes (talvez poucos enxerguem tanta magia em uns morros) escondem verdadeiros projetos arquitetônicos da natureza. Um deles, que tivemos a honra de conhecer, é conhecido como Anfiteatro Natural. Proveniente de uma gigantesca rachadura na pedra, um cânion dá origem a uma formação côncava com uma acústica perfeita. Sem dúvidas, grandes teatros e musicais poderiam ser produzidos ali, sem um único microfone ou caixa amplificadora.
Bom, vou deixar as fotos falarem um pouco mais sobre essa estrada inexplicável!

Onde estamos
Estamos em Salta, na província de Salta, norte da Argentina. O mecânico Mariano, nosso superamigo que está nos ajudando muito há muito tempo, já postou a nossa peça no Correio de Mendoza. Deve chegar entre segunda e terça-feira da próxima semana. Então, estamos com tudo pronto e liberado para sair de território argentino.

A ideia é cruzar para o Chile pelo Paso de Jama e conhecer San Pedro de Atacama e o deserto chileno. Porém, na última semana, a cidade foi um dos palcos das manifestações civis que têm ocorrido no país. Pelo que acompanhamos, já foram diversos mortos e milhares de presos nos protestos, que têm deixado população e turistas bem tensos. Devemos esperar o clima esfriar para darmos entrada no país.

De lá, seguimos para a Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. Depois, nosso Brasilzão! Esperamos entrar em terras brasileiras nos primeiros meses de 2020. Até lá, seguimos curtindo cada cantinho dos países vizinhos.

Um refúgio ainda vivo da cultura Quilmes
A 175 quilômetros de San Miguel de Tucumán, antes de chegar a Cafayate, já andando entre pequenas casas, cabras, lhamas e pessoas com traços e características indígenas, está uma estradinha de chão batido de dois quilômetros. Ela termina em uma montanha pontiaguda, coberta com o que, de longe, parece uma escadaria que se estende da base até uma grande pedra no topo do morro.

Esses “degraus”, na verdade, são ruínas de um povoado Quilmes, índios originários daquela região. Casas, grandes salões de reunião e convívio coletivo e áreas destinadas ao cultivo e ao armazenamento de grãos ainda estão superconservados, mostrando exatamente como viviam e se distribuíam.
Além disso, na chegada, está instalado um museu interativo completíssimo, que mostra como era a vida desse povo, seus costumes, alimentação, espiritualidade e como, depois de guerras e da chegada dos colonizadores, deixou a região.

O passeio às Ruínas de Quilmes não está incluso no roteiro de muita gente, mas é um destino bem bacana pra quem curte história e contato direto com uma cultura muito rica e única.

Quanto custa
O acesso às ruínas custa 100 pesos por pessoa, cerca de R$8,00. Ele dá direito à entrada no museu também. De San Miguel de Tucumán saem diversas excursões para o local, que incluem paradas em outras pequenas localidades rurais, pontos de produção e venda de artesanato, monumentos históricos e miradores.

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