Foi autorizado pelo governo federal um reajuste a ser aplicado pelos fabricantes (laboratórios) aos preços de seus produtos (remédios), o que motivou diversas reações por parte dos comerciantes (farmácias e drogarias), sendo que uma parte delas, que investe maciçamente em publicidade, pratica aquela velha e manjada propaganda enganosa.
Numa destas propagandas, o anunciante afirma que, solidário com o consumidor, blá, blá, blá, apesar de autorizado a “reajustar” seus preços, fará isto somente depois de alguns dias, justamente para possibilitar que seus clientes efetuem compras, e aqui vem a pegadinha, pagando os preços antigos.
Quem não está atento, não faz pesquisas de preços ou não verifica o preço de cada produto comprado, embarca nesta mentira deslavada, pois numa determinada rede de farmácias os preços já estão mais caros mais de 14% comparados com outras farmácias, e ainda vem mais reajuste por aí com base na “autorização do governo”.
A tal “autorização do governo” está na Resolução n.° 1, de 10 de março de 2017, da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, que em seu artigo 2.°, esclarece:
“O ajuste de preços de medicamentos, de que trata o art. 1.°, é baseado em um modelo de teto de preços calculado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, em um fator de produtividade, em uma parcela de fator de ajuste de preços relativos intrassetor e em uma parcela de fator de ajuste de preços relativos entre setores, conforme definidos na Resolução CMED nº 1, de 23 de fevereiro de 2015, retificada pela Resolução CMED nº. 5, de 12 de novembro de 2015.
Parágrafo único – Para o ano de 2017, o ajuste máximo de preços permitido será o seguinte:
I – Nível 1: 4,76% (quatro vírgula setenta e seis por cento);
II – Nível 2: 3,06 (três vírgula zero seis por cento); e
III – Nível 3: 1,36% (um vírgula trinta e seis por cento)”.
Das muitas possibilidades para o desencontro das informações, destaque para três: a empresa já aplicou o reajuste e está disfarçando a informação na propaganda, para enganar os clientes; a empresa disfarça os preços mais elevados anunciando falsos descontos e ludibriando seus clientes, pois mesmo assim seus preços finais são mais elevados; a empresa pratica os preços mais altos para esconder taxas cobradas pelos pagamentos com cartões de crédito e débito, mesmo quando recebe em dinheiro; dentre muitas outras.
Mas uma parcela importante dos consumidores está atenta, pois apesar de haver muitas empresas deste ramo, abrindo filiais a todo instante, há também as que fecham suas portas, e razões não faltam para isto, pois o cliente insatisfeito espalha seu desgosto para mais gente do que quando é bem atendido.