Em muitos estabelecimentos o consumidor identifica a porta aberta, mas isto, nem de longe, e muito menos de perto, significa que o estabelecimento está preparado ou, pelo menos, interessado em atender àquela demanda. Tão ou mais curioso é ver fornecedores investindo em publicidade que atinge o grande público, quando seu foco é uma fatia muito específica do mercado.
Exemplos não faltam de pessoas que ingressaram em lojas para comprar algum produto e, por não estarem “vestidas adequadamente”, ou por não estarem com “jeito de quem vai comprar alguma coisa”, ou ainda, por não terem “cara de quem tem dinheiro para aqueles produtos”, sequer com um mínimo de respeito são tratadas.
Muitas vezes já ouvi relatos de agricultores que querem comprar veículos e, pelo simples fato de que se vestirem com simplicidade, não conseguem informações nem sobre os preços dos produtos. E isto nos dias de hoje. Pessoas jovens sofrem do mesmo problema, ainda que estejam ali para escolher o “presente de aniversário de 18 anos” prometido pelos pais.
Além destes aspectos, que revelam óbvio preconceito, o consumidor deve ficar atento às propagandas que atraem oferecendo produto ou serviço que, se formos verificar, não está disponível ou literalmente amarra a outros produtos e serviços, que não são necessários e, em muitos casos, nem mesmo são úteis ao interessado, servindo apenas para elevar o preço sem que o cliente aproveite o que está adquirindo.
O exemplo mais comum disto está na telefonia, que oferece, o dia todo, em todas as mídias, e ainda nas diversas ligações telefônicas que recebemos todos os dias, mais as mensagens escritas, etc, etc, planos de internet por preços baixos, mas vinculados a pacotes imensos de SMS, ligações, mas sem ressalvar que o acesso à internet é limitado e que se for o limite for ultrapassado, os custos podem mais que dobrar o valor da fatura no final do mês, sendo que, em alguns casos, os tais descontos são só para os primeiros meses num contratos de dois anos.
Mas também tem as pegadinhas (vamos deixar por pegadinhas), como é caso dos prazos de garantia dos veículos novos que estão vinculados a revisões, que precisam ser feitas nas oficinas “credenciadas” (leia-se concessionárias), a preços elevadíssimos, de modo especial se considerarmos que os produtos são disponibilizados pela fábrica e, por isto mesmo, mais adequados aos produtos (veículos) e que são comprados em grandes quantidades. Caso o consumidor esqueça a revisão, perde toda a garantia. Isto também acontece com motosserras e roçadeiras, sendo que o consumidor é convencido, ainda, a contratar seguros com o pseudônimo de “garantia estendida”.
Estas escaramuças elevam os preços, do inicial, passando pelo intermediário e chegando ao custo final pago pelo consumidor, pois os valores vão se somando, com o principal, com os acessórios e ainda há os penduricalhos, fazendo com que nem todos possam realmente comprar, não sendo raros os casos de perda do produto por retomada pelo credor do financiamento, ou por falta de manutenção, inacessíveis em alguns casos.
Sugestão: preste atenção, faça bem as contas, consulte que já comprou algo parecido, pergunte sobre o desgaste nas condições que o produto será usado e veja se tudo isto cabe no orçamento imediato, no de amanhã e no dos próximos anos, para evitar lamentos e desperdícios.