Vidas em risco

A falta de sensibilidade dos governantes diante dos problemas, muitas vezes, incomoda muito mais do que o déficit de preparo. Demanda antiga dos moradores da Campos Neto, a instalação de redutores de velocidade adquiriu urgência muito maior desde que uma professora perdeu a vida ali, há duas semana, vítima de um suposto racha entre dois motoristas. Todos sabem que os “calombos” não são o melhor remédio para coibir os excessos de velocidade. Por outro lado, neste caso especificamente, esperar os efeitos de uma droga mais leve, servida em doses homeopáticas, como a conscientização dos condutores, é arriscar novas mortes. Os “médicos” que governam a cidade já têm o sangue de uma pessoa nos jalecos. Não é o suficiente?

Como assim? Aliás, após o acidente fatal, dia 4 de agosto, a reportagem do Ibiá encaminhou uma série de perguntas ao Departamento de Transporte e Trânsito da Prefeitura. Entre elas, sobre a possibilidade de instalação de mais quebra-molas ao longo da via pública. A resposta foi vaga: “depende do trecho”, declarou o diretor Airton Oliveira de Vargas.

Toda ela – Levando em consideração que a Campos Neto, num trecho relativamente curto, abriga a Secretaria da Saúde, a junta de conciliação da Justiça do Trabalho, o residencial Erico Veríssimo, as escolas Sesi e José Pedro Steigleder e a Secretaria de Viação e Serviços Urbanos, além de comércios e dezenas de residências, toda a sua extensão requer uma avaliação. A direção da Escola Sesi, por exemplo, aguarda desde o início do ano a pintura de uma faixa de pedestres e ainda não foi atendida.

Todos os dias – É verdade que o Código Brasileiro de Trânsito impõe uma série de restrições à instalação de quebra-molas nas ruas e estradas, mas há situações em que só os obstáculos físicos são capazes de evitar o excesso de velocidade. O que aconteceu com a professora foi uma tragédia, mas diariamente há outros episódios que só não resultam em mortes por obra da “divina providência”.

Respostas – O poder público precisa dar respostas rápidas à população. Se não quer ou não pode instalar mais quebra-molas na rua Campos Neto, que apresente outras alternativas, mas que não fiquem restritas à pintura do asfalto e à instalação de placas de sinalização. Isso, como todos já sabem, não é suficiente. O Departamento de Transporte e Trânsito não tem o poder de trazer a vítima de volta à vida, mas, se quiser, pode evitar que aconteça o mesmo com outras pessoas.

Preço político – Do ponto de vista político, a falta de uma ação concreta e efetiva do governo penaliza diretamente o prefeito Kadu Müller. Os moradores da Campos Neto esperavam que ele já tivesse feito algo para coibir os abusos dos motoristas mais apressados e garantir a segurança dos pedestres, especialmente das crianças.

Intervenção
Aproveitando seus contatos no governo do Estado, o vereador Felipe Kinn da Silva (MDB) está trabalhando pela reabertura do posto de informações, responsável pela emissão das carteiras de identidade, fechado no começo deste mês. Semana passada, ele obteve a garantia de que a reativação ocorrerá dentro de 30 dias. Contudo, os manda-chuvas, em entrevista ao Ibiá, admitiram que pode levar bem mais tempo do que isso.

Demora – A diferença entre o que o governo promete aos seus cabos eleitorais e o que realmente acontece não é novidade. Que o diga o também vereador Joel Kerber, a quem a direção da Empresa Gaúcha de Rodovias disse que iniciaria até maio a construção de rótulas nos acessos aos bairros Santo Antônio e Panorama. Já estamos em agosto e nem o projeto foi apresentado.

Na verdade, são cinco
A coluna Cenário Político vem cometendo uma imperdoável injustiça, nas últimas semanas, ao divulgar que existem quatro candidatos a deputado estadual em Montenegro. Na verdade, são cinco. Também o empresário Nei Aguinaldo Allende Garcia, de 40 anos, de forma mais silenciosa que os demais, ingressou na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa. O “Nei da Kombi”, que nasceu em Alegrete, concorre pelo Partido Republicano da Ordem Social, o PROS, que está na briga pela presidência da República ao lado de Jair Bolsonaro. Seu número na urna eletrônica é o 90800.

Bens – Pouco conhecida pelos eleitores, a página do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.jus.br) possui informações preciosas para quem está disposto a exercitar o voto de forma consciente. Uma delas é a declaração de bens dos candidatos. Esse conhecimento é importante porque permitirá avaliar se o patrimônio dos eleitos cresceu – e quanto – durante o mandato.

Veto derrubado
A Câmara derrubou, por oito votos, o veto do prefeito Kadu Müller a um projeto de lei do vereador Cristiano Braatz (MDB). O texto proíbe a colocação de anúncios e propagandas de qualquer tipo em árvores das vias públicas, logradouros ou postes telefônicos ou de iluminação, em tapumes, muros e fachadas externas alinhadas ao passeio. O chefe do Executivo apóia a sugestão, mas vetou porque a matéria não foi discutida previamente com o Conselho Municipal do Plano Diretor (Complad), como determina a legislação. Também por esta razão, Josi Paz e Rose Almeida (PSB) se abstiveram na votação.

Caminho certo – A alteração proposta pelo vereador Cristiano é muito importante e necessária, mas a criação de uma lei requer a observação de regras e ritos. Ao desprezar o aval de um Conselho Municipal, a maioria dos edis abre um precedente perigoso.

Dois pesos – O curioso é que, em outras oportunidades, suas excelências adiaram votações de interesse do Executivo porque faltaram pareceres de conselhos municipais. Usam dois pesos e duas medidas.

Base frágil – A derrubada do veto também tem um componente político que merece análise. A base de apoio do governo, que vinha somando seis votos, desta vez se esfarelou, demonstrando a fragilidade das costuras feitas pela Administração Municipal.

Rapidinhas
* Parece que foi fogo de palha a intenção de reabrir a CPI do Loteamento Bela Vista na Câmara de Vereadores. Quase um mês depois da entrevista coletiva em que o anúncio ocorreu, nada dos trabalhos iniciarem de fato. O jeito é esperar. Sentado!

* Muita gente reclamando dos valores cobrados pelos serviços de teleentulho em Montenegro. Levando em conta que as empresas operam a partir de uma concessão do poder público, será que a Prefeitura não tem como ajudar os mais pobres, interferindo na tabela?

* A ocorrência de furtos nas repartições públicas do Município levanta um questionamento importante: por que a Guarda Municipal, cuja função ainda é essencialmente patrimonial, não consegue impedi-los? Segundo alguns agentes, porque não a estão deixando trabalhar livremente. Bem que algum vereador poderia provocar uma reunião a respeito.

* A Prefeitura tem sido diligente em preservar, há meses, os buracos em pelo menos duas das esquinas mais movimentadas do Centro: na Capitão Cruz com a Olavo Bilac e na João Pessoa com a Osvaldo Aranha. Ambas pertinho do Palácio Rio Branco.

* Por pouco mais de R$ 6 mil, não será fácil para o governo Kadu encontrar um novo secretário da Saúde. A função é de “descascador de abacaxis”.

* São 27 os conselhos municipais em Montenegro, que deveriam funcionar como órgãos consultivos, deliberativos e de assessoramento do governo. Infelizmente, nem um terço deles cumpre bem este papel, para prejuízo de toda a população.

* Os mais pessimistas acreditam que pelo menos um terço dos eleitores não comparecerá às urnas para votar em outubro. Vendo os discursos de alguns candidatos, parece até que eles estão se esforçando para tornar o índice de abstenção ainda maior.

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