Uma pauta explosiva

Os chamados fogos de artifício datam de milhares de anos antes de Cristo. Eles surgiram na China, quando se descobriu que pedaços de bambu ainda verdes explodiam ao serem colocados em fogueiras. Isso ocorre porque as plantas crescem muito depressa. Com isso, formam-se bolsas de ar e de seiva, que ficam presas dentro dela, inchando e explodindo quando aquecidas. Inicialmente, os ruídos resultantes da combustão assustaram os chineses, mas, com o tempo, passaram a jogar caules verdes de bambus (pao chuck) em fogueiras durante festivais e comemorações com o objetivo de assustar maus espíritos. Há cerca de 2 mil anos, na mesma região, foi descoberta a pólvora e os inventivos chineses se deram conta de que, recheando os bambus com a substância e lançando-os ao fogo, o ruído resultante era ainda maior. Nasciam os primeiros fogos de artifício, que atravessaram os séculos associados a festas e comemorações.

Proibição – Ao mesmo tempo em que se tornaram símbolos de alegria, os fogos de artifício também viraram motivo de preocupação. Inicialmente, porque foram responsáveis por milhares de acidentes, que custaram muitos dedos, mãos e, nos casos mais graves, até vidas. Com o tempo e a multiplicação das campanhas com orientações sobre o uso correto, isso já não é mais tão comum. Agora, é o barulho provocado pelas explosões que os coloca no banco dos réus. A ponto de, em algumas cidades, seu uso estar sendo simplesmente proibido.

Proteção – Apesar do recesso na Câmara, semana passada, os vereadores Talis Ferreira (PR) e Cristiano Braatz (PMDB) anunciaram sua pretensão de realizar uma audiência pública sobre o assunto. Dependendo dos resultados, estudam formular um projeto de lei proibindo a comercialização dos fogos que provocam estrondos e estampidos. Seriam permitidos somente aqueles que produzem efeitos visuais. O objetivo é proteger idosos, crianças e também os animais. Cães e gatos, por terem audição muito mais apurada que a humana, sofrem muito durante os foguetórios.

Embate – O assunto conquistou grande repercussão nas redes sociais. De um lado, os que são a favor das restrições, desfilando seus argumentos, entre os quais desponta a proteção aos animais. De outro, os contrários, sugerindo que suas excelências deveriam se importar com temas mais importantes, como a situação das ruas, a crise na saúde e a falta de brigadianos na cidade. A pauta é explosiva e será muito difícil construir o mínimo consenso.

Abusos – Toda vez que os limites do bom senso são roumpidos, é criada uma lei que venha a defender os interesses da maioria. Este é um dos princípios da Democracia. Difícil é saber o que a maioria pensa, especialmente num tema desse tipo, em que as paixões se exaltam e o bom senso é condenado ao segundo plano. Se os fogos forem proibidos, isso será fruto, principalmente, dos abusos que estão ocorrendo.

Mudanças – Nos debates em torno do assunto, chama a atenção a falta de argumentos mais consistentes daqueles que são contra a proibição. Há quem diga que os fogos sempre existiram e que não atrapalham. Pode ser, mas se olharmos para trás, vamos lembrar que há poucos anos as pessoas fumavam livremente em ambientes fechados e isso parecia não incomodar a maioria. Além disso, antes, a queima ocorria basicamente na virada do ano. Hoje é muito mais frequente, tornando o desconforto bem maior para quem é sensível às explosões.

Abusos – Obviamente que a multiplicação e a crescente valorização dos animais domésticos pelas famílias vitaminou a discussão. É triste dizer, mas muita gente talvez não se preocuparia com o tema se os incomodados fossem apenas idosos e bebês. De qualquer forma, os vereadores, como representantes do povo, devem estar sintonizados com a sociedade. O debate é válido, já que os abusos, todos podem confirmar, são cada vez mais comuns.

Trabalhando – Quanto a sugerir que os vereadores devem se preocupar com temas mais importantes, este tipo de cobrança geralmente parte de quem não acompanha o trabalho do Legislativo e nem conhece os limites legais da ação de seus representantes na Câmara. Verdade seja dita: no ano de 2017, os parlamentares fizeram inúmeros pedidos, promoveram reuniões e cobraram ações do Executivo em temas como Saúde, manutenção das ruas e falta de policitamento.

Espera – Por conta do recesso legislativo, dificilmente o tema terá algum desdobramento até o dia 1º de fevereiro, quando os vereadores retomam sua rotina. É preciso verificar, por exemplo, até que ponto eles podem propor leis proibindo a comercialização de um produto pela iniciativa privada ou mesmo estabelecer punições aos cidadãos que, mesmo assim, soltarem foguetes barulhentos.

Vício de origem – Se for constatado que uma eventual proibição é matéria privativa do prefeito, Talis e Cristiano terão de convencer Kadu Müller a propor a lei. Bom já irem conversando com ele.

Rapidinhas
* Há algumas semanas, irritado com comentário publicado nesta coluna, vereador Cristiano Braatz (PMDB) rasgou uma página do Cenário Político na tribuna. Dias depois, lançou seu próprio jornal informativo com a reprodução de… 26 matérias que o Ibiá publicou a respeito do seu trabalho.

* Se pretende fazer mudanças no trânsito, a Prefeitura deveria aproveitar os meses de janeiro e fevereiro, quando o fluxo é um pouco menor.

* Está orçada em R$ 9,4 milhões a recuperação da ponte sobre o Rio Caí na BR 386, a Tabaí-Canoas. Pelo preço, tem gente apostando que vão colocar ouro na estrutura. SQN!

* Quando implantou o Refis, a Prefeitura desejava recuperar pelo menos R$ 6 milhões dos R$ 89 milhões que os contribuintes devem ao Município. Entraram apenas R$ 485 mil. O prazo para as negociações foi prorrogado até 1º de março, mas as esperanças não são muito grandes.

* Certos produtores reclamam quando as máquinas da Prefeitura demoram a fazer a manutenção das estradas do interior. E quando finalmente aparecem, queixam-se da poeira. Assim não dá!

* Presidente Temer não quis o deputado gaúcho Sérgio Moraes (PTB), aquele que se lixa para a opinião pública, para o ministério do Trabalho. Embora isso fosse difícil, conseguiu fazer uma escolha ainda pior: a também deputada Cristiane Brasil, que já foi condenada na Justiça por, advinhem… sonegar direitos trabalhistas.

* Muita gente reclama dos políticos, mas Brasília é só uma representação da índole de muitos brasileiros. É de perder a fé a notícia de que o supermercado Nacional teve um prejuízo de R$ 14 mil, nos últimos meses, com o roubo de cerca de 40 carrinhos de compras.

* As medidas de segurança preparadas para o dia 24 de janeiro, quando o Tribunal Regional Federal 4, em Porto Alegre, julga recurso do ex-presidente Lula, incluem atiradores de elite. Ele foi condenados a 9 anos e 6 meses de prisão no processo do triplex do Guarujá. Se a decisão for confirmada, Lula estará fora das eleições deste ano.

* Nos Estados Unidos, a oposição quer que o presidente Donald Trump seja submetido a um teste de sanidade mental. Uma avaliação deste tipo, se ocorresse por aqui, tiraria alguns nomes da lista de presidenciáveis deste ano.

* Mais uma daquelas notícias que a gente gostaria que fossem falsas: deputados fiéis ao governo Temer ganharam o direito de indicar cidades que receberão ambulâncias e gabinetes odontológicos nos próximos meses. Quem votou contra fica chupando o dedo.

* Depois de Santa Cruz do Sul, agora foi no Presídio Central. Um vídeo divulgado na sexta-feira mostra vários presos cheirando dezenas de “carreiras” de cocaína. Resta saber como, diabos, as drogas entraram lá.

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