Em muitos aspectos, a civilização oriental evoluiu mais rapidamente que a ocidental. Na guerra, por exemplo. Enquanto na Europa ainda era travada basicamente com espadas e flechas, do outro lado do planeta, já se empregava a pólvora. Por volta do século XII, os guerreiros japoneses se deram conta de que, no campo de batalha, muitas vezes, os samurais ficavam sem as suas armas, o que os deixava totalmente indefesos diante dos inimigos. Foi nesse contexto que nasceu o jiu-jitsu, uma arte marcial que utiliza técnicas de golpes de alavancas, torções e pressões para derrubar e dominar um oponente. O praticante também é ensinado a usar a força do próprio adversário para vencê-lo.
Na televisão – Embora seja um mestre na modalidade, o secretário municipal de Meio Ambiente, Adriano das Chagas, não está conseguindo usá-la a seu favor no território conflagrado da Política local. Na última sexta-feira, ele se desentendeu com um servidor da pasta. Um empurrão, seguido de bate-boca, levou os dois para a Delegacia de Polícia, em momentos distintos, para denunciarem um ao outro. Tudo aconteceu quando Adriano foi até o Parque Centenário, onde fica parte de sua equipe, e encontrou alguns funcionários aboletados em frente a uma televisão em pleno horário de trabalho. Como a TV é de um servidor, determinou que ela fosse levada para casa, momento em que o desentendimento eclodiu.
Ofensa – O funcionário alega que só estava parado porque as máquinas que deve usar encontram-se danificadas, à espera de manutenção. Ele entende que foi ofendido, como se tivesse sido chamado de “vagabundo” por estar assistindo TV. O termo é forte, mas, de fato, o contribuinte não fica nada satisfeito quando um servidor, pago com dinheiro dos impostos, assiste ao “Vale a pena ver de novo” em horário de trabalho. Em qualquer repartição.
Suavidade – Quanto à suposta troca de xingamentos e até empurrões relatados nos BOs, difícil saber quem começou e se não há exageros numa ou noutra versão – ou nas duas. O fato é que um secretário municipal precisa ter autocontrole para não responder a provocações. O próprio jiu-jitsu oferece lições preciosas a respeito. Seu nome, inclusive, significa maciez, suavidade e flexibilidade. Uma lição que o mestre Adriano deve exercitar para não ser “finalizado”.
Menos é mais
Há muitos anos, criou-se a idéia de que, para implantar os programas defendidos durante a campanha eleitoral, os vencedores para cargos no Executivo (prefeito, governador e presidente da República) precisam levar para suas administrações um pelotão de CCs. São pessoas estranhas ao serviço público, mas que, por sua capacidade e pela confiança que os eleitos depositam nelas, devem “mandar” nos funcionários concursados. A legislação que permite essa invasão até pode ser bem intencionada, mas, na prática, estes cargos, não por acaso os que possuem salários mais altos, acabam nas mãos de lideranças dos partidos que estão no governo. E, neste caso, a seleção poucas vezes leva em conta a capacidade para a função a ser executada. O prefeito de Taquari, Emanuel Hassen de Jesus, o “Maneco”, do PT, é uma exceção à triste regra e prova que não é necessário “aparelhar” o governo para gerir o Município.
Faca afiada – Reportagem publicada pelo Ibiá nesta terça mostra que Maneco cortou 55 dos 70 CC’s e reduziu de nove para um o número de secretários municipais. A dieta resultou em um organismo mais saudável, que permite a economia de R$ 1 milhão por ano. O dinheiro está sendo investido em obras públicas. Muitos taquarienses não percebem o esforço, mas certamente notariam se esse dinheiro não estivesse disponível para as melhorias que permite realizar.
60% – O vereador Cristiano Braatz (MDB) já havia tocado no assunto há algumas semanas e lamentou que o prefeito de Montenegro, Kadu Müller, não tenha feito o mesmo por aqui. Da tribuna da Câmara, ele lembrou que Montenegro tem 135 CCs, que geram um custo mensal de R$ 653.914,56. “Defendo e vou cobrar a redução de 60% no quadro para oferecer serviços de qualidade à população”, declarou. Se o pedido fosse aceito, a economia anual ficaria em torno de R$ 4,7 milhões. É bem mais do que o valor disponível hoje, em receitas próprias, para investimentos.
Pressões – Maneco admitiu ter sofrido muitas pressões do seu partido e dos apoiadores, mas não havia alternativa. Ou reduzia a despesa com os CCs, ou parava obras e serviços. Entre a cruz e a espada, optou pela lâmina. Já por aqui, houve uma redução inicial – em escala bem menor – mas assim que as finanças deram uma melhoradinha, a ocupação recomeçou.
Visão – Embora o prefeito de Taquari seja do PT, demonstra uma visão mais empresarial da gestão pública do que o de Montenegro, que entrou na política pelas mãos da poderosa Associação Comercial, Industrial e de Serviços.
Ainda a medalha
A polêmica em torno da concessão da medalha Tiradentes ao então secretário de Obras Públicas, Edar Borges Machado, tem novo capítulo. No fim de semana, o ex-prefeito Aldana contestou a versão segundo a qual foi ele quem pediu a Borges que recebesse a honraria em nome da Administração. Garantiu que não sabia de nada e que o ex-subordinado fez tudo sozinho. Só que Borges tem um documento assinado pelo chefe do Executivo determinando o pagamento da inscrição no curso que antecedeu a premiação. Ou Aldana tem problemas de memória, ou assinou sem ler. Difícil dizer o que é pior.
Conexão ativada
Tem o DNA montenegrino da agência Conecta na campanha a deputado federal de Mano Changes. Recém chegado ao PV, o músico foi eleito duas vezes deputado estadual e busca agora uma vaga no Congresso. Em 2014, a Conecta ajudou a eleger Aldana prefeito e Josi Paz a vereadora mais votada.
À procura
Enquanto o prefeito segue pensando em um novo titular para a Secretaria da Saúde, as especulações nos meios políticos continuam. Esta semana, nos corredores do Palácio Rio Branco, um dos nomes citados era o do vereador Talis Ferreira (PR). Apesar da falta de experiência administrativa, há quem acredite que ele seguraria o rojão. O problema é que, neste caso, o prefeito Kadu perderia o seu principal aliado na Câmara de Vereadores.
Rapidinhas
* Inciadas em 2004, as obras do posto de saúde construído no interior do Parque Centenário foram finalmente retomadas. Já é a quarta empresa atuando no projeto. Espera-se que seja a última.
* Está liberada, a partir de hoje, a caça aos votos. Os candidatos a presidente, governador, senador e deputados podem fazer a distribuição de santinhos e a tradicional multiplicação de promessas.
* Até a Prefeitura de Montenegro foi alvo dos “fabricantes” de notícias falsas. No final de semana, começaram a circular pelas redes informações indicando a abertura de um novo concurso público.
* Mercado imobiliário se mobiliza para mudar a lei que limita a altura dos prédios. Curioso que ainda não tenham procurado o Conselho Municipal do Plano Diretor para um cafezinho. Nada acontece se a entidade não aprovar. Muitos interesses em jogo.