Quem mora perto de locais onde as ruas e os trilhos da rede ferroviária se cruzam já viu uma placa semelhante a da foto ao lado. Em letras luminosas, elas orientam motoristas e pedestres sobre o comportamento indispensável à preservação da vida. Estar sobre os trilhos na hora em que a locomotiva passa é sinônimo de tragédia. Aliás, a recomendação de parar, olhar e escutar serve para qualquer momento da vida, inclusive no dia a dia dos relacionamentos. Decidir exige cautela, visão de futuro e disposição para ouvir. Mais ainda na Política, onde as decisões dos governantes impactam na vida de todos. Semana passada, o prefeito Kadu Müller quase foi atropelado pelo trem da opinião pública ao anunciar a demarcação de uma terceira via na rua Capitão Cruz, no Centro. A população rugiu, os vereadores foram ágeis na cobrança e o chefe do Executivo voltou atrás, numa demonstração de humildade rara nos gabinetes. Para muitos, o recuo foi fraqueza, mas o que ocorreu foi o oposto: é preciso ter coragem para admitir um erro e voltar atrás.
Fluidez – A delimitação da terceira pista, segundo o que divulgou a assessoria de comunicação da Prefeitura, visava dar mais fluidez ao tráfego na Capitão Cruz. A via é larga e até permite a circulação de três CARROS lado a lado, embora haja estacionamento nas duas extremidades. O problema é que não são apenas veículos leves que passam por ali. Há também ônibus, caminhões, motos e bicicletas. A terceira via deixaria o ir e vir muito mais tenso e exigiria atenção redobrada.
Pedestres – Mais grave ainda se tornaria a situação dos pedestres. E eles são muitos nesta rua, pois é pela Capitão Cruz que circula a maioria das linhas de transporte coletivo que atendem a cidade. Se hoje atravessar a via já é super arriscado, com a novidade, este perigo seria muito maior.
Hora errada – Não bastasse o argumento da segurança, existem outros motivos consistentes para não fazer a mudança. Primeiro, porque estamos muito próximos do Natal, que naturalmente provoca um aumento do fluxo no comércio. O ideal, se a Prefeitura quer mudar algo no trânsito, é fazer isso em momentos de baixa movimentação. Janeiro e fevereiro, por exemplo, quando muita gente está de férias e deixa a cidade.
Entendidos – Na verdade, até agora, não ficou muito claro de quem foi a ideia “genial” de propor a mudança. O prefeito assumiu a responsabilidade, mas certamente foi induzido ao equívoco por alguém que se diz “entendido” no assunto. No futebol, chama-se isso de “bola nas costas”. Quase foi gol contra.
Força – O que mais chama a atenção nesse episódio é a mobilização da comunidade, através das redes sociais e dos meios de comunicação. As queixas encontraram eco na Câmara, a tal ponto de os dez vereadores – uma unanimidade inteligente – produzirem um documento pedindo que o prefeito recuasse. É uma prova de que, quando a população reage, é capaz de obter importantes conquistas. O povo ainda não sabe a força que tem, mas está aprendendo.
Lição – Não custa lembrar que, naquele mesmo trecho da Capitão Cruz, o ex-prefeito Paulo Azeredo “plantou” uma ciclovia, bem no meio da pista, em 2015, e acabou cassado por isso. Na época, a maioria dos vereadores também pediu que ele voltasse atrás, mas sua excelência insistiu. Pelo visto, Kadu, que na época era secretário municipal, assimilou a lição. Foi sensível e inteligente.
Apagando – Nas redes sociais, a Administração publicou um texto, na quarta, informando que as mudanças na Capitão Cruz começariam já nesta segunda. Contudo, a postagem simplesmente desapareceu depois que o prefeito Kadu acatou o pedido dos vereadores. Aí, um novo material foi veiculado. Sem referência à data divulgada anteriormente, diz vagamente que “o local passa por análise de comportamento sobre a possibilidade de implantação do terceiro eixo viário na rua”. Também garante que as alterações só ocorrerão se comunidade concordar. Mudou tudo!
Quarta vez
Pela quarta vez, a Administração Municipal encaminha à Câmara de Vereadores projeto de lei para destinar, aos advogados da Prefeitura, os honorários de sucumbência. Eles são depositados ao final de um processo judicial, quando o juiz condena a parte perdedora (sucumbente) a pagar determinada quantia em dinheiro ao advogado da parte vencedora. Esse valor serve para premiar o trabalho daquele profissional. Atualmente, este recurso, quando a parte vencedora é a Prefeitura, fica nos cofres públicos.
De novo – A proposta já havia sido apresentada em maio de 2013, novembro de 2016 e janeiro de 2017. Não passou e parece que os vereadores ainda não mudaram de opinião.
Deu resultado
Algumas pessoas riram quando, há algumas semanas, o vereador Valdeci Alves de Castro (PSB) se deixou fotografar dentro de uma cratera no bairro Panorama. Como sua excelência está “levemente” acima do peso, a imagem mostra a profundidade e a circunferência do buraco, capaz de “engolir” facilmente um político. O fato é que o protesto surtiu efeito. Semana passada, equipes da Prefeitura iniciaram a recuperação do pavimento. Existem outros “rombos” no asfalto de Montenegro, de bitolas variadas, aguardando visita. Mais algum vereador se habilita?
Cidadão montenegrino
Na sessão desta quinta-feira, os vereadores aprovaram por unanimidade o projeto de Decreto Legislativo nº 003/2018, do vereador Cristiano Braatz (MDB), que concede o título de “Cidadão Montenegrino” a Carlos Roberto Ferrão Martins, o sargento Ferrão. O autor destaca a dedicação e o zelo pelo município e região, desenvolvida pelo homenageado durante sua atividade como policial. Cristiano cita que o militar, durante suas diversas atividades e aperfeiçoamentos, sempre buscou o melhor desempenho em sua atuação junto à Brigada Militar. Ferrão foi responsável pela criação do canil e por sua dedicação ao adestramento de animais junto ao Comando Regional de Policiamento Vale do Caí.
Força – Ferrão nasceu em 1970, em São Jerônimo, e, em 1990, ingressou na Brigada. Também faz parte da Força Nacional de Segurança Pública. A entrega do certificado ocorrerá no dia 13 de dezembro.
Rapidinhas
* Todos sabem que a crise é grande e que o Município está sem dinheiro, mas é preciso urgentemente investir em identificação das ruas. Em vários bairros, o tempo e o vandalismo acabaram com a sinalização. Também deveria ser obrigatória a colocação de números na fachada das casas.
* Vereador Felipe Kinn da Silva (MDB) propôs a realização de um debate na Câmara, com a participação de representantes do Executivo, para viabilizar a abertura das unidades básicas de saúde aos finais de semana. Talvez não seja possível, mas é fundamental, pelo menos, acabar com os feriadões, que chegam a deixar a população até quatro dias sem atendimento,
* Atenção, vereadores: o Município precisa, urgentemente, de uma mudança na legislação, permitindo que a Prefeitura multe as lojas que empilham mercadorias e até móveis sobre as calçadas. Alguém precisa pensar nos pedestres desta cidade.