Os protestos dos caminhoneiros tiveram força, entre outros fatores, para mexer com os brios de muitos brasileiros que não têm vínculo direto com o assunto. Na tarde deste domingo, na rótula das rodovias 470, 240 e 287 e rua Buarque de Macedo, em Montenegro, foi esperançoso o gesto de centenas de famílias que saíram de casa com seus filhos para manifestar a contrariedade diante da situação que o país vive, com escândalos de corrupção que não param de vir à tona e com um governo que administra de costas para o povo, voltado apenas a seus interesses.
Força — Foi de arrepiar ver centenas de agricultores, com seus tratores e suas famílias, juntando-se aos caminhoneiros e demais simpatizantes do movimento, no cair da tarde deste domingo. Alguém disse por aí que apenas quem trabalha de verdade tem efetiva força para parar o Brasil. Demais tipos de protestos, normalmente protagonizados por pessoas com bastante disponibilidade de tempo e afeitas a benesses do governo, não chegam nem perto disso, muito menos têm tanto apoio da sociedade.
Sobre a intervenção militar — Toda a unanimidade é burra, disse o genial escritor Nelson Rodrigues. Os protestos dos caminhoneiros, neste sentido, também tem lá seus pontos que não ganham adesão total do povo. Exigir intervenção militar seria mesmo o remédio para nossos males? Entre os problemas do governo de farda que o Brasil teve no passado está o aumento, em 30 vezes, da dívida externa, que subiu de 3,3 bilhões de dólares, em 1964, para 102 bilhões de dólares (3.000%) até 1984. Isso gerou crise e baixo crescimento econômico. O poder de compra do salário mínimo caiu pela metade durante esses mesmos 20 anos, enquanto a taxa de inflação anual saltou de 85% para 178%, no mesmo período.
Recordar é viver — A ditadura foi incompetente para reduzir a desigualdade social — sabidamente um dos piores cânceres do nosso país. Sem uma reforma agrária, as condições de vida no campo ficaram ainda mais precarizadas e, em consequência disso, houve forte êxodo rural. As cidades em áreas metropolitanas se incharam, o que acarretou uma série de problemas sociais. A centralização absoluta de poder gerou uma corrupção impune em superfaturamento de obras, desvio de dinheiro público e nos negócios militares.
Democracia — O sistema democrático não é blindado contra corrupção, mas precisa ser aperfeiçoado. Hoje, graças à liberdade de imprensa, pelo menos nós ficamos sabendo do dinheiro roubado dos cofres públicos. O fato é que a nação precisa evoluir como um todo, deixando de lado os costumes que forjaram o “jeitinho brasileiro”. Aquele hábito de tirar vantagem de tudo também precisa ser sepultado, definitivamente. Aprender a votar é outro desafio do país.
Pet presente — Indiscutível a importância dos pets para a família brasileira. Ontem, durante os protestos da rótula da 470, 287 e 240, um lindo Bulldog roubou a cena em meio a bandeiras do Brasil, cuias de chimarrão e cadeiras de praia.
Perguntar não ofende
O Ibiá solicitou à Prefeitura de Pareci Novo o valor gasto na pesquisa que objetivou saber se a população local está satisfeita com o trabalho da gestão Oregino e equipe. O resultado, segundo o qual a aprovação é alta, foi veiculado em jornais dias atrás. Por enquanto, não veio nenhuma resposta. Estamos esperando, senhor prefeito!
Gestão transparente
Montenegro se saiu bem no último levantamento anual que o TCE-RS fez para avaliar a transparência dos portais das prefeituras e das câmaras de vereadores. O Poder Executivo, que em outros anos chegou a conquistar um selo especial do TCE, teve 79 itens avaliados com base na Lei de Acesso à Informação (LAI) e nas leis complementares federais 101/2000 e 131/2009. Desse total, apenas seis não foram atendidos em 2017. A Câmara, por sua vez, tirou nota 10 na pesquisa, porque todos os 59 itens averiguados pelos auditores estão sendo cumpridos.
Lição de casa — O estudo do TCE mostra que o prefeito Kadu e equipe ainda têm passos importantes a dar no quesito transparência. O Município ainda não criou nenhuma lei local para regulamente a LAI, assim com não publica os dados gerais para acompanhamento de programas, ações, projetos e obras, ou seja, a cidadania fica privada de uma boa ferramenta para fiscalizar sem sair de casa. Também a indicação da remuneração nominal de cada servidor está faltando, informa a Corte de Contas. Espera-se que esses detalhes sejam corrigidos em breve.
IPTU polêmico
A agenda política da capital gaúcha está agitada devido à tramitação de projetos de lei que reestruturam o IPTU a partir do próximo ano. Lá, os vereadores ainda analisam a matéria, que divide opiniões. Em Montenegro, este assunto também precisa ser colocado em discussão, porque a planta de valores está desatualizada há anos. Deixar a questão de lado em nada colabora para o desenvolvimento da cidade. O problema é que, à primeira vista, imposto é pauta impopular. Com calma e transparência, o governo precisa explicar à comunidade por que a planta de valores necessita de atualização — auditores do TCE-RS falam que o mais correto é não deixar de passar de quatro ou cinco anos — e como este tipo de medida melhoraria a prestação de serviços públicos. Mais cedo ou mais tarde, a Corte de Contas irá penalizar o prefeito por não ter sido responsável com a gestão fiscal do município.
Ônibus precisam melhorar
A página da Câmara de Vereadores no Facebook não deixa dúvidas de que o transporte coletivo no município tem muito a melhorar. Publicação sobre a homenagem aos 70 anos da Viação Montenegro traz uma série de comentários queixosos quanto à qualidade do serviço. Contudo, convém lembrar que oportunidade ideal para fazer críticas e sugestões neste sentido foi solenemente ignorada pela população. Em 4 de outubro do ano passado, somente oito pessoas compareceram à audiência pública na Câmara de Vereadores para debater justamente sobre a situação do transporte coletivo local. A ideia era dar explicações e ouvir reivindicações, mas com pouca gente se importou. Eis aí um dos piores hábitos dos brasileiros: empurrar tudo para cima da classe política, lavar as mãos e, depois do pleito, reclamar dos representantes como se eles tivessem vindo de Marte.
Ato comunista
Joemir Souza de Oliveira, presidente do Comitê Municipal de Montenegro do PC do B, informa que o município terá um evento para o lançamento da pré-candidatura de Manuela D’Ávila para a presidência da República. Será nesta quarta, dia 30, às 19h, no salão eventos do Sindicato dos Metalúrgicos de Montenegro. A líder dos comunistas não vem, mas está confirmada a presença da governadora Abigail Pereira. Segundo Joemir, o programa que Manuela irá defender é “para que o Brasil supere a crise e construa um novo futuro”. Abigail, por sua vez, apregoa que é preciso construir uma “frente ampla de oposição ao projeto de desmonte do Rio Grande promovido por Sartori”.
Semana mais curta
Servidores municipais trabalharão mais animados nesta semana, porque serão apenas três dias de expediente. Na próxima quinta, 31, será feriado de Corpus Christi, enquanto a sexta-feira, dia 1º, será ponto facultativo, porque houve compensação de horas na Prefeitura. Contudo, com o cenário de greve e incerteza quanto aos próximos dias, vai ser difícil para eles relaxarem ou passearem. Mesmo que o impasse se resolva, seus reflexos levarão vários dias para serem equacionados, fazendo a situação demorar para voltar ao “normal”.
Coluna editada pelo jornalista Marcelo Fiori em virtude das férias do titular.