Novo Impeachment: Calculando perdas e ganhos

Quem minimamente acompanha o cenário político já deve ter percebido que alguns vereadores desejam, a qualquer custo, derrubar o prefeito. Insatisfeitos com sua gestão, assim como grande parte da comunidade, dedicam-se em tempo integral a buscar motivos para polêmicas, a apontar erros e a bater, bater, bater… A Administração vai mal? Sim, não há como negar. Mas nem tudo é ruim. Semana passada, por exemplo, num ato de coragem que seus antecessores – desde Ubirajara Mattana – não tiveram, a Prefeitura tomou para si o Plantão 24 horas que funcionava no Hospital Montenegro, na tentativa de qualificar os serviços. Criticar é o trabalho da oposição, mas talvez esteja na hora de suas excelências também fazerem uma análise do seu desempenho e das suas motivações. Teriam o mesmo comportamento se os pedidos que fazem, por obras e cargos, fossem atendidos?

Reforço
Quando Kadu foi para o Progressistas, não estava só procurando uma legenda para disputar a reeleição. Buscava também apoio legislativo. Depois que Valdeci Alves de Castro abraçou a oposição, a bancada governista ficou com três pessoas: Rose Almeida e Josi Paz, do PSB, e Talis Ferreira (PR). Com os progressistas no governo, o grupo ganha o reforço definitivo de Joel Kerber. São quatro votos, que impedem a instalação de um processo de Impeachment.

Atalho
A filiação ao Progressistas também é um casamento de interesses. Quando a legenda decidiu acolher o prefeito Kadu Müller e rifar o ex-vereador Gustavo Zanatta, sua principal chance de chegar à Prefeitura em 2020, estava de olho num atalho. O raciocínio é simples, elementar até. Por que esperar mais um ano e meio para – talvez – alcançar o poder, se é possível assumir algumas funções estratégicas desde já? Afinal, mais valem alguns “cargos” na mão do que muitos voando.

Pragmatismo
Na cabeça de caciques progressistas, o ingresso do partido no governo vai ajudar o prefeito na busca pela reeleição em 2020. É uma jogada arriscada. A legenda tinha opção: continuar jogando pedras, fazendo o prefeito sangrar em praça pública até a campanha eleitoral e, com seu candidato, buscar a vitória. O problema é que ainda teria de enfrentar outros políticos e partidos que têm exatamente os mesmos planos. Venceu o bom e velho pragmatismo.

Portas abertas
Na prática, o Progressistas copiou uma estratégia adotada em 2015 pelo Partido Socialista Brasileiro. Expulso do PSol, o prefeito Aldana estava sem eira nem beira e buscava um novo endereço político. Nem o PT o quis. Então, os socialistas abriram suas portas, ganharam espaço no governo e o ajudaram a se reeleger para… logo depois da posse no segundo mandato, serem devolvidos ao “umbral das legendas sem poder”.

Divulgação
No sábado, militantes do Partido Novo promoveram uma atividade pública na Praça Rui Barbosa. “Fardados” com camisetas da cor laranja, os ultraliberais de João Amoêdo compartilharam informações sobre a legenda e o que defende. É possível que nomes de pessoas que aparecem na foto estejam na urna eletrônica ano que vem.

Apenas suposições
Supondo que a Câmara receba um pedido de cassação do mandato do prefeito – qualquer cidadão pode apresentar um – é dada a largada a uma corrida que talvez só termine no final do ano, com um prêmio de valor relativo aos vencedores. O passo a passo é o seguinte:

– O presidente da Câmara submete o requerimento ao plenário. Os vereadores votam e a admissibilidade se dá com o aval de sete representantes.

– Em caso de aprovação do pedido, é formada uma comissão processante, que terá 90 dias para analisar a denúncia, ouvir as partes e garantir o amplo direito de defesa. Na melhor das hipóteses, sem recursos judiciais e outras manobras, a conclusão do processo ocorreria em fins de julho.

– Supondo que o prefeito seja mesmo cassado, quem assume interinamente é o presidente da Câmara, Cristiano Braatz (MDB), a quem caberá a convocação de eleições para dentro de 90 dias. Os montenegrinos iriam às urnas no fim de outubro.

– Neste caso, a posse do novo prefeito ocorreria menos de um ano antes do pleito regulamentar, em 2020. O eleito corre o risco de ficar só 14 meses no poder, a menos que seja reeleito em 2020. Este novo mandato seria, então, o último.

– Algumas ponderações vêm sendo feitas pelos partidos. A principal é se as legendas teriam estrutura e recursos para bancar duas eleições em apenas um ano.

– Também na Câmara, há dúvidas: como ficaria a imagem de Montenegro? E do próprio Legislativo, realizando o terceiro impeachment de prefeito em pouco mais de quatro anos (Paulo Azeredo, em 25 de maio de 2015; Luiz Américo Aldana, em 13 de setembro de 2017 e Kadu, em 2019)? Difícil esquecer que, na eleição de 2016, só uma vereadora se reelegeu.

RAPIDINHAS
– O radialista e tradicionalista Ubirajara Pires está ingressando no PTB e deve concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores no ano que vem. “Bira” é aposentado, mas atualmente trabalha na secretaria municipal de Meio Ambiente, coordenando a reciclagem do lixo produzido na cidade.

– A reunião de hoje da CPI do Plano de Carreira não terá depoimentos de testemunhas. Os integrantes farão uma análise do que já apuraram para decidir os próximos passos.

– E por falar na CPI, o conselho do ex-vereador Roberto Braatz, pela revogação da lei do novo plano de carreira, não teve maior eco no Legislativo. Uma coisa é criticar e deixar como está. Outra é agir e enfrentar o rugido dos servidores.

– Já a proposta de reduzir o teto dos vencimentos – hoje o limite é o valor pago ao prefeito – criaria atritos somente com aqueles que ganham mais. Dos “males” eleitorais, poderia ser o menor.
– Que os vereadores fiscalizem o transporte escolar, tudo bem, mas perseguir os ônibus lotados de crianças para fazer fotos é irresponsabilidade.

Nem tudo são flores
A disposição de concorrer a prefeito em Montenegro está provocando reações contra o prefeito de Pareci Novo, Oregino Francisco, em seu “quintal”. A presidente da Câmara de Vereadores da cidade vizinha, Adriane Colling Kinzel, é direta. “A minha opinião é que o prefeito pare de se preocupar em auto promoção, em eleição, em reeleição, desça do palanque e trabalhe para o povo. Pareci não está essa maravilha toda que está sendo pintada. Há muita coisa para ser feita”, dispara.

Pedidos – Adriane diz que, mesmo sendo da oposição, no início do ano, reuniu-se com o Executivo para debater várias questões, projetos e problemas que a preocupam. “Desde 2017, encaminhamos muitos Pedidos de Providências e Indicações que a população nos pediu para fazer. A maioria não foi atendida”, desabafa. Ela está disposta mostrar a quem estiver interessado os problemas que exigem intervenção do Executivo.

Últimas Notícias

Destaques