Na crise, mais um pedido de socorro

Transportadores escolares fizeram carreata até o Palácio Rio Branco na quinta pedindo agilidade a um pedido de auxílio feito ao governo municipal. Contam que já tiveram reunião com o prefeito há cerca de um mês e que este teria dito que a proposta de R$ 500,00 por três meses aos cerca de 40 motoristas “não seria problema”. Sem retorno, foram mais uma vez atrás da solução. Com muitos apontando dificuldades financeiras em razão da paralisação das aulas presenciais, não encontraram Kadu e receberam do chefe de gabinete a resposta de que o auxílio financeiro não era garantido. A reunião só serviu para marcar mais uma reunião, mas o governo apontou tratativas para outras formas de “ajuda”, habilitando os veículos escolares para fretamento em geral; e pleiteando a inclusão da categoria em projeto de lei estadual que visa beneficiar os motoristas contratados pelo Estado.

Exclusividade – O problema de um auxílio financeiro municipal aos transportadores particulares seria excluir trabalhadores de outras áreas que também tiveram seus negócios prejudicados pela pandemia. Não falo aqui só das centenas de desempregados na cidade, que devem ter, por enquanto, ao menos o seguro-desemprego; mas, por exemplo, de toda a cadeia envolvendo o setor de eventos: fotógrafos, decoradores, locadores, que teriam tanto direito a ajuda quanto. Pela lógica, até o dono do cinema poderia receber.

Claro! – Ninguém aqui está desmerecendo ou minimizando as dificuldades dos transportadores. Pelo contrário. O pedido de socorro deles ecoa junto a vários outros diante de uma das situações mais difíceis enfrentadas nessa geração e todos têm pressa pela virada por cima ou por alguém que lhes estenda a mão.

Líder? – Tomando frente na carreata, o vereador Felipe Kinn (MDB), que também é do ramo do transporte escolar, já havia protocolado no dia 16 uma indicação de projeto para o auxílio. Ele garantiu que, se aprovado, não usará o benefício por já ter o cargo público como renda. Já foi iniciativa dele uma indicação anterior de auxílio financeiro a pequenos empreendedores em geral que também não foi pra frente. A intenção é boa, mas internamente, no grupo de transportadores, há quem se diga preocupado com o uso político feito de uma necessidade que é bastante real.

Cautela – Por mais válidas que as indicações do Legislativo sejam (a dos transportadores e a dos pequenos empreendedores), ter as possibilidades e o alcance para colocá-las em prática em nível municipal é outra conversa. Felipe Kinn avalia que o auxílio da União aos municípios poderia ser usado para isso (mais de R$ 8 milhões foram enviados para compensar perdas tributárias com a pandemia), mas com um déficit orçamentário considerável que é reflexo das próprias empresas fechadas que não trabalham, nem geram impostos, a situação dos cofres públicos também não é das melhores.

Perspectivas – Pré-candidato para continuar na Prefeitura, Kadu parece ter tido receio de dizer não, de cara, ao socorro financeiro pedido pelos transportadores. Mas numa declaração forte dada numa de suas lives na semana passada, chegou a dizer que “não vai dar para vender sonhos pra comunidade”. Em referência às dificuldades enfrentadas, não só pelos motoristas, apontou que montenegrinos com renda reduzida (ou cortada) pela crise tendem a passar a depender mais das redes públicas de Saúde, Educação e Assistência Social, aumentando as demandas por recursos do Município. “A condição nos próximos meses e até para os próximos anos vai ser de muita cautela”, alertou. Mais socorros para atender…

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Desenvolvimento Rural
Você sabia que Montenegro tem novo secretário de Desenvolvimento Rural? Eu também não! Alexandre Both assumiu a pasta há cerca de quinze dias sem nenhum anúncio da Administração Municipal. A reportagem do Ibiá (e, com isso, seus leitores) só soube da existência do secretário após recente matéria sobre problemas no interior ter apontado que ninguém estava a frente da secretaria. Aí foi contestada pelo governo. O próprio prefeito vinha acumulando a função desde a demissão do secretário anterior na segunda quinzena de junho.

– Até então, todo novo secretário era anunciado oficialmente à comunidade pela Prefeitura. Não este. O fato chama atenção pois Both assume setor onde o próprio prefeito Kadu havia admitido que poderia ter dado mais atenção quando confrontado com o resultado da enquete promovida pelo Ibiá na semana passada. O povo do interior vem clamando por melhorias e aí a pasta que cuida de seus interesses ganha novo chefe e quase ninguém fica sabendo.

Enquanto isso…Assim estava a localidade de Linha Catarina semana passada:

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Sessão “fechada”
Com as restrições impostas pela pandemia do coronavírus, as sessões ordinárias da Câmara de Vereadores de Montenegro estão fechadas ao público. Ao cidadão, que tem todo o direito (e um tanto de dever) de acompanhar o que fazem os vereadores, a única opção tem sido assistir de casa a transmissão ao vivo via YouTube ou Facebook.

Muda – Na sessão desta quinta-feira, dia 30, um problema técnico deixou a transmissão completamente sem som. Mesmo com internautas informando o problema e pedindo que os legisladores reiniciassem os trabalhos com a falha corrigida, a sessão continuou, “muda”, como se nada tivesse acontecendo.

Críticas – Falhas acontecem. Ninguém está livre delas. Mas a sessão ter continuado praticamente sem dar acesso a ninguém da comunidade soou, a muitos, como um desrespeito. Já teve quem questionasse até quanto a validade das deliberações que ocorreram “escondidas” do público.

Convenhamos – A sessão não foi lá das mais importantes. Durou pouco mais de 20 minutos pois, segundo a Assessoria de Comunicação, não teve orador. Foi aprovado crédito de R$ 9 mil vindo da União para comprar equipamentos para a Vigilância Alimentar nos postos de saúde; e a correção de um equívoco no projeto que nomeou ruas do Loteamento Abamf.

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Licença abreviada
Com afastamento autorizado até 10 de agosto, por problemas de saúde, Erico Velten (PDT) já está de volta à Câmara. O retorno antecipado é visto como uma forma de abreviar a atuação de seu suplente, Sérgio de Souza, que hoje é do PSB. Para quem não lembra, os pedetistas tentaram barrar a entrada de Sérgio justamente por sua mudança de partido. O caso chegou a ser levado ao Judiciário, que decidiu em favor do suplente seguindo a lógica de que, durante a janela partidária, todo vereador pode mudar de partido sem que isso acarrete em perda de mandato. O que mais doeu, claro, foi ter o “colega” eleito para a oposição assumindo o cargo, agora, como um governista.

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Rapidinhas
Do túnel do tempo! Há um ano, esta mesma coluna mostrava vereadores criticando estradas do interior, problemas com transporte escolar e a demora na entrega da biblioteca e do Teatro Roberto Atayde Cardona. Precisa comentar?

O asfaltamento de 400 metros da rua Assis Brasil já rendeu, pelo menos, umas três postagens e outros três vídeos de divulgação do governo. Nem conquistas mais importantes da gestão Kadu Müller, como o Plantão 24 horas na Saúde, receberam tanto destaque.

Kadu, aliás, parece ter abraçado de vez a defesa do tratamento precoce da Covid-19. Não cabe falar da falta de evidência científica do método por aqui, mas esse aceno vem agradando admiradores do presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018 com o apoio de quase 70% dos montenegrinos.

O tratamento precoce com a hidroxicloroquina é bastante defendido pelo presidente, mas divide opiniões entre quem mais importa: os médicos. Isso, inclusive, na própria secretaria municipal de Saúde.

Em postagem recente num grupo de rede social local um cidadão pedia contato de instalador de “Sky Gato”, a forma pirata da TV por assinatura. No perfil dele e de alguns dos que responderam haviam posts pedindo renovação política e o fim da corrupção. Incoerências…

Em tempos de eleição, é importante o olhar crítico sobre quem elegemos e também de qual é nosso dever enquanto eleitores. Na segunda semana do projeto de enquetes, o Ibiá propõe uma avaliação da Câmara de Vereadores. Termina hoje. Acesse nosso site e participe!

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