“Nada é tão ruim que não possa piorar.” Esta pérola do pessimismo cai como uma luva à situação da criminalidade na região. Há cerca de duas semanas, lideranças montenegrinas estiveram na Secretaria de Segurança Pública, em Porto Alegre, pedindo a ampliação do efetivo da Brigada Militar, por conta da sensação de medo que a população está vivendo nos últimos meses. O grupo foi muito bem recebido e saiu da reunião com a promessa de que algo seria feito. Até o deputado estadual Tiago Simon, eleito por caciques do PMDB como uma espécie de embaixador da cidade, acompanhou o encontro. Sabe-se agora que foi perda de tempo. Esta semana, diante da multiplicação dos assassinatos em Porto Alegre, OITO brigadianos do Vale do Caí foram removidos até julho para a capital, diante da promessa – dá para acreditar? – de que será liberado o pagamento de horas extras aos que restaram para que as comunidades não fiquem desassistidas. Parece brincadeira, mas infelizmente é uma dura verdade.
Mea culpa – O episódio requer uma análise profunda do que está acontecendo em nosso Estado e do quanto somos omissos diante da gravidade dos fatos:
1 – o Governo do Estado perdeu completamente o controle sobre a criminalidade. Não há policiais suficientes, nem presídios e nem competência para mudar este quadro. O governo Sartori é uma fábrica de más notícias e de cadáveres;
2 – nossas lideranças não possuem a mínima força para representar a região em suas demandas. Os poucos políticos engajados na busca de melhorias são tratados como palhaços e as comunidades entregues à própria sorte;
3 – o Vale do Caí, apesar de seu peso na economia gaúcha, não encontrou parlamentares à altura de suas necessidades. É preciso parar de votar em paraquedistas que surgem a cada quatro anos em busca de votos e, quando são chamados a ajudar, não passam de cabides para ternos engomados e gravatas coloridas;
4 – a Administração Municipal de Montenegro é pífia, apática e inoperante quando se trata de cobrar melhorias para a nossa cidade, embora o prefeito e seus principais “assessores” sejam do PSB, legenda que integra o governo Sartori;
5 – nossas associações comunitárias, entidades de classe, sindicatos e clubes de serviço têm dificuldade para olhar para a cidade como um conjunto de potencialidades e problemas. Cada um atua na sua área e não se dá conta de que existem demandas cujo atendimento requer união. A in(segurança) é uma delas.
Contagem – Está cada vez mais claro que o governador José Ivo Sartori não será portador de nenhuma boa notícia para os gaúchos na área da segurança pública até o fim do seu mandato, daqui a intermináveis 21 meses. E, pelo visto, ninguém fará nada a respeito. Resta torcer para que o tempo voe e os bandidos não nos vejam.
Competência – A situação por aqui só não é desesperadora porque o efetivo que atua na região é extremamente eficiente, dedicado e corajoso. E, no comando, estão oficiais muito bem preparados. Mas do jeito que vai, em breve, nem isso nos salvará. Valha-nos, Chapolin Colorado!
Sem cobertura
Ok. Todos sabemos que o Município está em crise e que falta dinheiro para quase tudo, mas existem demandas que não podem ser negligenciadas. A Prefeitura já diminuiu a quantidade de atendimentos e fechou postos de saúde, rasgando o discurso do prefeito quanto ao fato de este setor ser uma prioridade do governo. Também sabemos que as relações do Poder Público com o Hospital Montenegro andam azedas por conta do episódio do aparelho de Raio X e do Mamógrafo, que estão há quase dois anos encaixotados à espera de instalação. Mas os dois lados precisam se entender, para o bem da comunidade.
Economia – Embora alguns integrantes do governo estejam sempre dispostos a criticar o HM, a direção da casa de saúde vem fazendo, inclusive, algo que não é sua obrigação. Desde 31 de dezembro do ano passado, está vencido o contrato para a manutenção do pronto-atendimento (PA) junto ao Hospital. A responsabilidade por este serviço é da Prefeitura, que terceirizou o serviço. Há mais de 70 dias, a entidade vem fazendo o atendimento sem qualquer garantia de que receberá por ele. Se quisesse, poderia ter parado.
Dois pesos – O curioso é que a própria Administração alega que não pode fazer os repasses para a instalação do Raio X e do Mamógrafo, no ano passado, porque o HM deixou o convênio vencer. Ou seja: o governo Aldana usa dois pesos e duas medidas. Quando os outros teoricamente falham, é rigoroso. Mas quando a Administração deixa de cumprir as suas obrigações, espera que a outra parte continue prestando os serviços. E tem gente que considera isso normal. NÃO É!
Questão de tempo
A instalação da CPI do Loteamento Bela Vista na Câmara de Vereadores é praticamente certa. E só não aconteceu ainda porque existe uma falsa dúvida jurídica. Pelo regimento interno, o pedido deve ser votado em plenário e aprovado por seis dos dez vereadores. Já a Constituição Federal dispõe que, havendo a assinatura de um terço dos legisladores (quatro pessoas), o presidente deve fazer a instalação automaticamente. Como a legislação federal se sobrepõe à local e o pedido tem as assinaturas de quatro edis, os trabalhos podem iniciar a qualquer momento.
Adequações – Embora o parecer jurídico da própria Câmara já aponte para este caminho, a mesa diretora resolveu fazer uma segunda consulta. Perda de tempo. O ideal é que se adeque logo o regimento interno à Constituição e se evite novas dúvidas no futuro. A menos que o presidente “Cabelo” (PTB) não simpatize com uma investigação que terá o ex-prefeito Percival, seu colega de legenda, como principal alvo.
Rapidinhas
* Na Câmara, nova polêmica se instala porque um vereador teria chamado a assessora de um colega de “corpinho”. A moça não gostou, embora, em geral, a gíria seja empregada como um elogio.
* A julgar pela baixa adesão às manifestações contra a Reforma da Previdência, a maioria dos brasileiros não está preocupada com as mudanças nas regras das aposentadorias. Aliás, será que todos sabem exatamente o que está em jogo?
* As constantes quedas de energia na Escola Municipal de Educação Infantil Tio Riba, no bairro Ferroviário, prejudicam alunos e professores. O assunto promete incendiar a sessão da Câmara de Vereadores nesta noite.
Falta de manutenção
As fortes chuvas que atingiram Montenegro e a região no fim de semana causaram, novamente, uma série de alagamentos, tanto no perímetro urbano quanto na zona rural. Aliás, a água sobe sempre nos mesmos lugares, seja porque a rede de esgoto não dá vazão, seja porque não existem bueiros ou os valos estão entupidos. Obviamente que nem sempre é possível impedir estas ocorrências, mas uma manutenção eficiente, com certeza, reduziria o tamanho dos estragos. Só que isso todo mundo sabe. Resta fazer.