O sucateamento do parque de máquinas da Prefeitura não é um fenômeno novo. Aparece com maior ou menor incidência dependendo de quem é o responsável – ou responsáveis – pela sua manutenção. Nos últimos anos, porém, como uma enorme seca, ele castiga os montenegrinos sem trégua, deixando um rastro de ruas esburacadas e estradas do interior, em algumas localidades, praticamente intransitáveis. Esta semana, o presidente da Câmara Municipal, Erico Velten (PDT), em visita à Secretaria de Viação e Serviços Urbanos, constatou que existem mais de 50 unidades paradas. São carros, caminhões, retroescavadeiras e motoniveladoras aguardando conserto. Ou leilão, porque já se enquadram na categoria de bens “inservíveis”. Embora tenha demonstrado espanto com a situação, Velten conhecia o quadro. Ele não era muito diferente em julho de 2014, quando seu partido estava no poder, através do então prefeito Paulo Azeredo, do qual ele, inclusive, foi Cargo de Confiança. Na época, manchete do Ibiá informava: “Parque de máquinas é deficiente e ineficaz”. O cemitério, então, já tinha 37 “corpos”.
Canibalismo – Em janeiro de 2016, quando Ricardo Endres assumiu a função, a quantidade de equipamentos que jazia no pátio também era grande. Muita coisa chegou a ser recuperada, mas, em 2017 e 2018, por conta do aumento das despesas com pessoal – decorrente da implantação do novo plano de carreira do funcionalismo – e da queda na arrecadação, provocada pela crise na economia, praticamente não ocorreram investimentos em novos equipamentos. Até houve um esforço na recuperação de algumas máquinas, mas os resultados ficaram muito aquém das necessidades. Sem dinheiro até para a compra de peças, o governo Aldana “canibalizou” várias ferramentas para aproveitamento de peças em outras.
Déficit – Quando assumiu o Executivo, após o afastamento de Aldana, Kadu herdou as mesmas dificuldades, acrescidas de um déficit nas contas que só foi liquidado em maio deste ano. E não há previsão de melhora no curto prazo. A luz no fim do túnel é um financiamento de R$ 3,2 milhões junto ao Banco do Brasil para ir às compras, mas a matéria depende do aval da Câmara, onde há forte oposição ao empréstimo.
Diferenças – Qual a diferença entre o que ocorria em 2014 e a realidade atual? Há quatro anos, havia dinheiro para recuperação e até novas aquisições. À equipe de Azeredo faltou capacidade de gestão para resolver o problema. Já nos governos Aldana e Kadu, a opção consciente pelo aumento dos salários dos servidores – em índices superiores até à variação do mercado em algumas categorias – raspou os cofres públicos. Ao fim e ao cabo, a população é que vive a “estiagem” de um atendimento eficiente às suas necessidades mais básicas de mobilidade e saneamento.
Esquemas – Obviamente, ocorreram episódios de mau uso, de negligência e até situações nebulosas de desaparecimento de peças, pelas quais gestores e funcionários devem responder. A dificuldade em lidar com a burocracia em torno da reposição de peças, da mesma forma, está na raiz do problema. Sem falar nos “esquemas” de direcionamento e superfaturamento apontados pela Operação Ibiaçá e nos calotes, que colocaram em xeque a credibilidade da Prefeitura e afastaram fornecedores de peças.
É difícil prever qual o impacto que a atual situação do parque de máquinas da Prefeitura terá sobre a votação do financiamento. Erico Velten disse não dá para confiar no governo se ele não consegue manter nem aquilo que já possui. A declaração é revestida de uma fina camada de cinismo, levando em conta que, quando ele e seu partido estavam no comando do Município, a situação era bem parecida.
Impacto negativo – Nas atuais circunstâncias, ser contra a compra de novas máquinas, na expectativa de que as finanças vão melhorar para não ser necessário contrair um empréstimo e pagar juros, é condenar a população a mais um ano de dificuldades. Sobretudo no interior, o abandono repercute diretamente sobre a renda das famílias, em virtude da elevação dos custos de escoamento da produção.
Morta e enterrada – Os vereadores, mesmo os contrários ao empréstimo, sabem que a recuperação dos equipamentos encostados – ainda que parcialmente possível – não resolverá todos os problemas pendentes de infraestrutura. De qualquer forma, mesmo que algumas daquelas carcaças volte a operar, o “cemitério” existente no pátio já tem uma “hóspede” ilustre: a capacidade de gestão dos nossos últimos governantes.
Volta às origens
PDS, PPR, PPB, PP, Progressistas. Estas são, ao longo dos anos, as diferentes “carteiras de identidade” com que a velha e poderosa Aliança Renovadora Nacional se apresentou aos eleitores. Legenda que sustentou a ditadura militar (1964-1985), a velha Arena “carregou” na maquiagem e chegou a flertar com a esquerda, gravitando em torno dos governos Lula e Dilma, depois de voar ao lado do tucano Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Agora, porém, seus militantes voltam às origens e, sem máscara, apóiam um candidato que defende abertamente a volta dos militares ao poder: Jair Bolsonaro, do PSL.
Como assim? – Aliás, alguém mais acha estranho que um partido autobatizado de “Progressistas” peça votos para uma figura como Bolsonaro? Imaginem se o nome fosse “Conservadores”.
“Pai” Kadu
A obra é necessária, mas a justificativa é curiosa. A Administração Municipal está licitando a construção de mais banheiros públicos no interior do Parque Centenário para atender a demanda dos “grandes eventos” que ocorrem no local. Tipo, que eventos, se nem energia elétrica existe na área para suportar promoções que reúnem maiores públicos? Vai ver, Kadu é vidente e está prevendo o futuro.
Rapidinhas
* No dia 19, uma quinta-feira, às 18h, haverá sessão solene na Câmara de Vereadores. O motivo é a entrega do título da Cidadão Montenegrino ao bispo emérito Dom Paulo Antônio de Conto.
* A semana é de boa notícia na área ambiental. A JMalucelli Ambiental anunciou investimento de R$ 100 milhões na construção de uma usina de biogás em Montenegro. A planta literalmente vai transformar lixo e outros rejeitos em energia.
* Depois que saiu na capa do Ibiá uma foto mostrando postes de energia no leito da estrada asfaltada em Linha Pinheiro Machado, Brochier, o assunto virou pauta na RBS. Os “responsáveis” pela obra devem estar orgulhosos. Só que não!
* Iniciada em 2014 – HÁ QUATRO ANOS – finalmente será concluída a obra do posto de saúde dentro do Parque Centenário. Mas já?
* Manter os alunos e alunas longe da violência e da criminalidade, investindo em prevenção e educação. É assim que a Patrulha Escolar e o Proerd ensinam os jovens a trilharem o caminho do bem. Não podemos mais conviver com professores agredidos nas escolas ou com crianças efetuando pequenos furtos para sustentar o vício em drogas. Parabéns, Brigada Militar!
* Prefeito Kadu Müller está em Brasília esta semana, correndo atrás de recursos para o Município. Em ano eleitoral, as chances de conseguir alguns vinténs aumentam.