No próximo fim de semana, começa o prazo para os partidos políticos realizarem as suas convenções, oficializando coligações e os nomes dos candidatos a prefeito, a vice e a vereador. Até lá, não existem decisões definitivas e há espaço para acordos de ocasião, puxadas de tapete e facadas nas costas. A semana tende a ser de intensas negociações nos bastidores e engana-se quem pensa que tudo isso é pelo bem da cidade. Primeiro, independente de convicções e históricos de confrontos, a regra é compor uma chapa para vencer a disputa. Garantir que o casamento seja “feliz” fica para depois e não é prioridade na arrancada para algumas legendas. Por enquanto, os pré-candidatos a prefeito vêm se esforçando para marcar posição, mostrar que “existem”, através de postagens nas redes sociais. Pelo menos três, inclusive, entregaram a tarefa para profissionais da área de marketing.
Voos – O prefeito Kadu Müller, do Progressistas, tem investido no compartilhamento de notícias e fotos de inaugurações e projetos do seu governo, além de belas paisagens aéreas capturadas durante seus vôos. De fato, Montenegro, vista de cima, é ainda mais bonita. Eventualmente, porém, é obrigado a lidar com a acusação de que deixou as obras para fazer no último ano da gestão, visando benefícios na campanha pela reeleição.
Memória – O ex-prefeito Percival de Oliveira, do Republicanos, transformou seus espaços em verdadeiros álbuns de fotos das obras que entregou à população entre os anos de 2005 e 2012. Não são poucas, verdade seja dita. Até porque, em dois mandatos no comando do Executivo, dá para fazer muita coisa. Seus oponentes, porém, querem ver algo sobre o conduto, a reforma da Praça, o loteamento Bela Vista, a Escola Esperança…
Diferente? – Já o aspirante do PTB, Gustavo Zanatta, por não ter tido ainda nenhuma experiência no Executivo, adotou outra estratégia de comunicação. Suas postagens tentam promover um diálogo com os eleitores, dando opiniões e pedindo sugestões que vão subsidiar seu plano de governo. Contudo, ao defender uma “nova forma de fazer política”, ainda está devendo explicações sobre como seu governo, caso eleito, será diferente.
TBTs – A quarta candidatura definida, de Márcio Menezes, do PSDB, ainda não tem tratamento profissional nas redes sociais. Menezes fez poucas postagens com foco claramente eleitoral. Não fossem alguns “TBTs” de uma Festa dos Filhos e Netos de Montenegro, realizada na gestão Paulo Azeredo, em que foi secretário de Indústria e Comércio e chefe de gabinete, seria difícil identificá-lo como aspirante ao Executivo.
Acesso limitado – Com as campanhas eleitorais cada vez mais curtas, as dificuldades crescentes de financiamento e a pandemia, é natural que o marketing e a comunicação digital adquiram maior importância na caça aos votos. Contudo, não se pode esquecer que o acesso à internet ainda é muito caro e, na hora de optar por um meme e as propostas de um aspirante a prefeito, muita gente escolherá o primeiro. Sem falar no interior, onde o sinal quase não chega, e os muitos idosos que não sabem lidar com a tecnologia, mas ainda votam. São grupos numerosos, que o bom senso recomenda valorizar. Em 2012, a eleição foi decidida por 56 pessoas.
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Muito caro
R$ 332.096,96. Esse é o valor que o contribuinte paga, somente em salários, para cada vereador durante os quatro anos de um mandato. Por isso, é tão importante escolher bem e não se deixar enganar por quem gasta todo esse tempo pedindo que o prefeito tape buracos ou batizando ruas. Para concorrer à Câmara, deveria ser obrigatório, pelo menos, conhecer as principais atribuições do cargo.
Custo-benefício – Antes de votar, é importante que o eleitor saiba quanto ganham os políticos. Cabe a cada um avaliar se as pessoas que escolheu têm condições de dar à comunidade um retorno proporcional ao seu custo. Os valores hoje são os seguintes:
– Prefeito – R$ 16.075,43
– Vice-prefeito – R$ 4.018,86, mas pode subir para R$ 8.037,72 se ocupar algum cargo permanente na Administração
– Vereadores – R$ 6.386,48
Todos têm direito a 13º salário e o prefeito e o vice em atividades permanentes recebem também adicional de um terço do subsídio no gozo das férias. Já os vereadores, durante o recesso, ganham apenas os seus salários.
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Sessão da tarde
Desde quinta, as sessões da Câmara voltaram a ser abertas ao público. Em virtude dos protocolos de distanciamento social, porém, apenas 25 das 100 cadeiras foram liberadas. Não chegou a ser um problema, já que apenas uma pessoa acompanhou os trabalhos. Com a suspensão das transmissões pela internet e pelas redes sociais, não tem quase ninguém olhando para o que acontece no Legislativo. É um perigo!
Filminhos – É provável que o acompanhamento fosse maior se as atividades não tivessem mudado de horário. Agora elas começam duas horas antes, às 17h, quando a maioria dos “mortais” ainda está trabalhando. A alteração rendeu o apelido de “Sessão da Tarde” aos encontros. Em cartaz, sucessos como “Adoro problemas”, “Esqueceram de mim”, “Trocando as bolas”, “Os Trapalhões no reino da fantasia“, “Fogueira das vaidades” e “Um dia a casa cai”.
Licenciado
O músico Marcos Gehlen, o Tuco, licenciou-se do Conselho Tutelar, para o qual foi eleito no ano passado, porque disputará uma vaga na Câmara de Vereadores, onde esteve por dois mandatos, de 2009 a 2016. Em seu lugar, volta Lucianita Menezes, que já foi conselheira e era suplente. Tuco foi uma das figuras mais respeitadas do PT local, mas diante da crise de credibilidade que atingiu a legenda após os processos da Lava-jato, deixou o partido da estrela.
Direita, volver! – Em todo o país, muitos petistas fizeram o mesmo. No caso do ex-vereador, chama a atenção a guinada ideológica. Tuco deixou um partido de esquerda para aderir ao Republicanos, direita raiz, atual endereço dos filhos problemáticos do presidente Bolsonaro, Flávio e Carlos.
Ah… os milagres – Em nível local, ao aderir ao Republicanos, Tuco vira companheiro do ex-prefeito Percival de Oliveira, contra quem fez uma oposição duríssima quando esteve na Câmara. A troca de farpas entre o então vereador e integrantes do governo era quase diária e nem sempre respeitosa. Dizem que o tempo cicatriza as feridas, mas, na política montenegrina, ele opera verdadeiros milagres.
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Rapidinhas
Vereador Valdeci Alves de Castro (Republicanos) voltou a rasgar papel. Na quinta, pediu manutenção preventiva nas estradas de TODAS as 31 localidades do interior e de TODAS as ruas de chão batido do perímetro urbano. Solicitações assim morrem nas gavetas da “perda de tempo” e do “desperdício de energia”.
Em resposta ao vereador Felipe Kinn da Silva (MDB), a Serbet, empresa que opera o estacionamento pago, rejeita o pedido de estabelecer um período de isenção de 15 minutos. E por uma razão muito simples: as regras estão definidas em contrato e os ajustes deveriam ter sido feitos antes da concessão. Parece que alguém cochilou.
A propósito, ainda tem gente reclamando da cobrança nas ruas centrais. Se fossem idosos ou deficientes e não pudessem andar uma ou duas quadras, até se entenderia.
Por outro lado, a Serbet precisa disponibilizar monitores e parquímetros funcionando em número suficiente para que os motoristas possam pagar pelo uso das vagas com rapidez. Nem todos sabem usar o aplicativo oferecido pela empresa.
A campanha nem começou e já tem suas primeiras fake news. Fotos dos candidatos estão sendo editadas para atacar a sua reputação. Em breve, novidades na página policial.
A safra de pré-candidatos a vereador nas eleições deste ano é boa. Praticamente todos os partidos estão apresentando excelentes opções, de gente com experiência e preparo. Vale a pena prestar atenção.