E agora, prefeito? Em situação de emergência

Graças a uma passagem do evangelho de Mateus, São Pedro ficou conhecido, entre os católicos, como o porteiro do céu. No texto bíblico, Jesus se volta para o seu seguidor mais próximo e diz “Eu te darei as chaves do reino dos céus e o que ligares na Terra será ligado nos céus”. Com todo esse “poder”, o apóstolo também passou a ser lembrado como o responsável pelas chuvas e pela falta delas. Afinal, primitivamente, acreditava-se que as precipitações eram uma bênção vinda do “céu”, e que a escassez não passava de um castigo divino. Lógico que muito disso é fruto da imaginação humana, mas supondo que fosse verdade, pelo menos uma constatação seria possível: Pedro não gosta de políticos inoperantes, que não fazem o seu trabalho para garantir uma boa infraestrutura nas cidades. E quando abre as torneiras lá em cima, isso fica muito claro.

Falta de manutenção
As fortes chuvas que castigaram a região na madrugada de sábado deixaram um rastro de sujeira e prejuízos em Montenegro. De fato, muita água caiu em pouco tempo, colocando à prova o sistema de escoamento que, obviamente, não funcionou. Isso se deve a duas razões, principalmente: 1 – à grande quantidade de lixo nas ruas, que entope as galerias e provoca alagamentos; 2 – à falta de manutenção preventiva pelo poder público, que não tem servidores e alega não dispor de recursos para terceirizar o serviço.

Quase 20 anos
O quadro é realmente delicado e não é novo. Historicamente, nossos governantes preferiram investir em obras mais vistosas do que enterrar canos ou substituir os já existentes por outros, de bitola maior, para acompanhar o crescimento da cidade. A impermeabilização do solo por asfalto e construções também contribui. No Ferroviário, por exemplo, a comunidade luta há quase 20 anos pela troca de alguns metros de tubos e não é atendida. A falta de dinheiro não pode ser usada como desculpa para tudo.

Dinheiro para investir
Basta fazer as contas. O novo plano de carreira fez as despesas com pessoal aumentarem mais de R$ 1,3 milhão por mês. Imaginem tudo que seria possível realizar – na cidade e no interior – se a folha tivesse aumentado apenas metade desse valor. De janeiro de 2016 a março deste ano, teriam sobrado mais de R$ 25 milhões para atender as necessidade imediatas da população. A situação é de emergência muito mais no governo do que no Município.

Esperando a “virada”
Em dezembro, integrantes do governo garantiram que 2019 seria o ano da virada da gestão Kadu. O primeiro quadrimestre já se foi e, por enquanto, é mais do mesmo.

Tá ruim e pode piorar
Também debilitado pela falta de manutenção ao longo dos anos, o Cais do Porto amanheceu com mais uma ferida neste sábado. Desta vez, desmoronou um pequeno

Nas imediações da Câmara, mais um trecho do Cais desmoronou

trecho do talude nas proximidades da Câmara de Vereadores. Agora já são dois pontos interditados. O outro, perto da pizzaria, sucumbiu em 31 de agosto e ainda não foi recuperado, adivinhem… por falta de recursos. A Administração Municipal já havia encaminhado, a Brasília, projeto para elaboração de estudo de recuperação de toda a orla, mas ainda não houve retorno. Se demorar muito, não será mais necessário.

Túnel do tempo – Em relação ao Cais, uma pesquisa nos jornais mostra que os primeiros desmoronamentos ocorreram na década de 90, na segunda gestão do ex-prefeito Ivan Zimmer. Em 2008, quando assumiu a Secretaria de Obras, Ricardo Senger levou a imprensa para um passeio no Rio Caí e já mostrou vários locais que poderiam desabar a qualquer momento. Considerando que se passaram mais de dez anos e quase nada foi feito, até que o Rio Caí tem sido paciente com a população ribeirinha.

RAPIDINHAS

– Dia 9 de maio, em audiência de lideranças locais com o secretário dos Transportes, Juvir Costella, deve ser apresentado o projeto das rótulas para a RSC-287. Isso se as disputas entre progressistas e emedebistas pela paternidade da ideia não melarem tudo.

– Diante de um plenário lotado por evangélicos, na última sessão da Câmara, o vereador Neri Pena, o “Cabelo”, do PTB, disse que estas entidades fazem mais pela população, na área social, do que o poder público.

– A Câmara aprovou, por unanimidade, projeto do vereador Talis (PR) que institui a Marcha para Jesus. Mas Deus tá vendo quem votou a favor porque pratica – ou pelo menos tenta – os dez mandamentos e quem só quis fazer média com os evangélicos.

– A Câmara aprovou: matrículas e rematrículas só com carteira de vacina.

Troca de comando
Aos poucos, o Progressistas vai ocupando cargos no governo Kadu. Nos próximos dias, devem ser concluídas negociações que irão mudar a composição do primeiro escalão, com novos titulares em pastas como Educação, Obras e Desenvolvimento Rural. Ciglia da Silveira, Ronaldo Buss e, surpreendentemente, Ari Müller, têm seus nomes citados por gente muito próxima ao prefeito.

Troca natural – O nome da professora Ciglia para a Smec não chega a ser novidade. Ela, inclusive, foi anunciada para a função pelo então candidato do PP à Prefeitura, Gustavo Zanatta, em 2016. A atual titular, Rita Carneiro Fleck, é do time que comandava a pasta desde o governo Aldana. Com Kadu filiado ao Progressistas, a substituição já era esperada.

Experiência – Ronaldo Buss, também “progressista”, é coronel da Brigada Militar e recentemente passou para a reserva. A experiência que acumulou no comando de diversas unidades da corporação o qualifica para a nova função.

Convite – A novidade é o ex-vereador Ari Müller. Eleito para o Legislativo três vezes pelo PDT, ele estaria estudando um convite para ingressar no Progressistas e cuidar da “agricultura”, uma área que conhece muito bem, já que também é produtor rural. Ari está fora da política desde 2016, quando seu cunhado, Paulo Azeredo, o principal cacique do PDT, concorreu à Câmara mesmo impugnado e “roubou” dele qualquer chance de reeleição.

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