Dívida do Cura Pagar por quê?

É mais fácil o “seu Madruga” pagar os aluguéis que deve ao “senhor Barriga” do que o Município de Montenegro liquidar a dívida do Projeto Cura junto ao governo do Estado. Reza a lenda que o personagem do seriado Chaves é “pobre, porém honrado” e que não consegue cumprir seus compromissos porque está desempregado. Da ficção para a realidade, a situação da cidade não é muito diferente. O empréstimo foi tomado em 1978, para adaptar o perímetro urbano ao aumento da população que ocorreria como resultado da implantação do Pólo Petroquímico. E os pagamentos seriam realizados com o valor adicional da arrecadação de ICMS. Não aconteceu nem uma coisa e nem a outra. Passados 41 anos, a Prefeitura vem amortizando R$ 106 mil por mês, mas a correção monetária faz o valor do débito crescer muito mais. No ano passado, o Município pagou R$ 1,2 milhão, só que o saldo aumentou R$ 2,9 milhões. É um saco sem fundo.

Bomba-relógio
Um estudo feito pela Secretaria Municipal da Fazenda indica que, até 2029, o Município terá pago em torno de R$ 30 milhões, mas o saldo da dívida ainda será de absurdos R$ 120 milhões. Como, pelo contrato atual, a liquidação tem de ser feita até 2032, se não for tomada uma atitude, o governo municipal estará deixando, para as próximas gestões, uma verdadeira bomba-relógio com data para explodir.

Faltando dinheiro
O secretário municipal da Fazenda, José Nestor Bernardes, defende que seja feito um estudo para verificar se a dívida, diante de tudo que já foi pago e excluindo a correção monetária, não está quitada ainda. Além disso, acredita que o Município pode tentar obter uma liminar na Justiça para suspender o pagamento das parcelas até que haja o julgamento do mérito. Para este ano, está previsto o pagamento de R$ 1,4 milhão. Esse dinheiro faz muita falta no caixa e ajudaria a solucionar diversos problemas.

Bons motivos
Quanto aos motivos para suspender os pagamentos, o primeiro é a destinação da verba. Com o empréstimo, foram construídos a Biblioteca Pública e o prédio da Fundarte; as secretarias municipais de Saúde e de Viação e Serviços Urbanos; as escolas Cinco de Maio, José Pedro Steigleder e Walter Belian. Também o Centro Infantil, hoje Gente Miúda; as praças São Pedro e São João; o quartel dos Bombeiros e dezenas de obras viárias, entre elas as avenidas Júlio Renner e Ernesto Popp. Qualquer uma, ainda hoje, teria de ser também bancada com verba federal.

Coragem, prefeito!
A verdade é que todas estas obras, com o tempo, teriam de ser realizadas – e com verbas federais, como a maioria das cidades faz. Por que, então, Montenegro deve pagar por elas como um empréstimo? A Administração Municipal precisa ser corajosa, livrar a comunidade desta carga e desarmar a bomba. Já é hora de chamar o “Seu Barriga” e explicar que a dívida do “Seu Madruga” não pode custar o futuro da “Chiquinha”.

Doações suspeitas
Nos últimos dias, uma equipe da Justiça Federal esteve na cidade para coletar os depoimentos de mais de 40 pessoas. São testemunhas e citados em denúncia contra a prestação de contas da candidatura Aldana/Kadu nas eleições de 2016. Na época, a dupla vencedora foi acusada de fraude porque até pessoas que recebiam Bolsa Família apareceram como doadoras de campanha. Embora as contas tenham sido aprovadas num primeiro momento, as investigações continuaram.

Ajudinha – Esse tipo de irregularidade não gerou fumaça somente em Montenegro. Por todo o país, pipocaram denúncias parecidas. O esquema era simples: apesar da proibição, as empresas continuaram doando recursos para seus candidatos preferidos, mas como não podiam aparecer na prestação de contas, os políticos usaram o CPF de terceiros para “esquentar” o “ajutório”. Beneficiários do Bolsa Família ficaram surpresos ao verem seus nomes nas listas de “colaboradores”.

Gol contra – Em algumas cidades em que o crime foi confirmado, prefeito e vice acabaram sendo afastados e houve novas eleições para mandatos-tampão. O curioso é que, em Montenegro, as denúncias partiram de lideranças do Progressistas, que agora é o partido do prefeito Kadu.

Mudanças
Na Câmara de Vereadores, o “grande arquiteto do universo” está provocando mudanças na ocupação dos cargos. Sai Felipe Diego da Silva, que respondia pela secretaria-geral, e entra Giovani Bender (foto). Embora a nomeação ainda não tivesse sido publicada, Bender, que é fo

rmado em Artes Visuais pela Uergs, já esteve no Legislativo ontem participando de reuniões com servidores. Há indícios de que podem ocorrer outras mudanças.
Validade – Em fevereiro, o vereador Felipe Kinn (MDB) pretendia emplacar outra pessoa na função. Na época, a mesa diretora manteve o secretário-geral e o presidente Cristiano Braatz anunciou que nada mudaria “por enquanto”. A validade do “por enquanto” expirou.

– Companheira de chapa de Gustavo Zanatta nas eleições de 2016, Tati Henke já está trabalhando na Administração Municipal. Assumiu o cargo de diretora de Acompanhamento de Ações de Governo, um dos mais importantes da estrutura administrativa.

– E por falar em Gustavo Zanatta, há quem profetize seu desligamento do Progressistas em breve. Com a chegada de Kadu Müller e sua disposição em concorrer à reeleição, os planos de Zanatta de representar a legenda novamente em 2020 naufragaram.

– Vereador Erico Velten (PDT) quer que os agentes da Guarda Municipal ajudem as crianças a atravessarem a RSC-287 nos horários de entrada e saída das escolas. Boa ideia, mas inviável. A Guarda não pode atuar nas rodovias.

– Diretor do Departamento de Transporte e Trânsito, Airton Oliveira de Vargas informa: o processo de instalação do estacionamento rotativo pago está no setor de Licitações. Em breve, deve sair o edital. Oremos!

– Os problemas no transporte escolar viraram munição pesada para a oposição atacar o governo Kadu. Na última sessão da Câmara, houve nova saraivada de tiros. Se não revisar a aposentadoria das kombis, no inverno, o prefeito vira “peneira”.

Tapa-buracos
Moradores de Linha Catarina, no interior de Montenegro, realizaram um mutirão no sábado para tapar os buracos na estrada que serve à comunidade. Na localidade, há forte produção de aves e citros e, mesmo assim, o poder público não consegue garantir as condições necessárias para o trânsito dos caminhões que transportam os frutos desse trabalho. Com o inverno chegando, a situação vai piorar muito. Infelizmente.
Etiquetados – O descaso com a agricultura sempre existiu. A diferença é que, aos poucos, os agricultores passam a entender que têm força, usando a mídia e as redes sociais para colar no prefeito e em seus assessores uma etiqueta de “INCOMPETENTES”. É nas urnas que ela vai mostrar toda a sua eficiência. Aguardem!

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