Integrantes do Conselho Municipal de Habitação na época da implantação do projeto, o engenheiro João Collares, o arquiteto Odyr Dupont e o líder comunitário João Santos foram ouvidos pela CPI do Loteamento Bela Vista, na Câmara. De seus depoimentos, ficou claro que a péssima situação das moradias entregues à população é fruto de uma série de erros. A começar pelo valor: eram apenas R$ 10.500,00 para cada residência edificada, com 48 metros quadrados. Segundo Collares, diante de um orçamento tão reduzido, a opção foi o uso de materiais de baixa qualidade e mão de obra sem o preparo adequado. Chegaram até ele relatos de que a argamassa era feita com 12 partes de areia e uma de cimento. “Isso é um absurdo”, descreveu.
Sem forro e sem piso – Ao visitar uma das moradias, a convite de um amigo que foi contemplado no programa, Collares constatou que a casa não tinha piso e nem forro e a porta externa, na verdade, era a interna. “No meu ponto de vista, existiram problemas, inclusive, no projeto. Fazer em um único lote três a quatro casas acabou com qualquer possibilidade de ampliação destes imóveis pelos beneficiados no futuro”, ressaltou.
Equívocos – Na mesma linha, o arquiteto Odyr Dupont, o “Peninha” disse que os equívocos começaram pela concepção do plano e pela fiscalização deficiente da Prefeitura. E mesmo que as casas tivessem sido entregues com qualidade, não estaria solucionado o problema, pois deveria haver uma estrutura de convivência social. “O PSH precisa ser uma comunidade, não pode ser um refúgio de drogas e dor”, definiu.
Um dos melhores – Já o ex-presidente da União Montenegrina de Associações Comunitárias (Umac), João Santos, fez duras críticas ao poder público de Montenegro. Classificou o projeto de moradia popular criado pelo governo Lula como um dos “melhores já vistos no país”, sendo bem sucedido em várias cidades. “Infelizmente, em Montenegro, a situação foi diferente. Não houve contrapartida adequada, o Município e o Estado entraram com uma participação irrisória, o que acarretou os problemas atuais”, atacou.
Levando em conta que, em 2008 (ano da construção), o governo do Estado estava nas mãos do PSDB de Yeda Crusius e a cidade era governada por Percival de Oliveira, do PMDB, era de se esperar que o líder comunitário, vinculado ao PT, colocasse toda a culpa neles e isentasse o companheiro Lula.
Escolha de Sofia – A CPI está longe do fim, mas é provável que não se descubra nada que já não tenha sido usado como munição pelo Ministério Público. A verba era pouca e a dúvida é se, na época, a Prefeitura deveria tê-la pego ou não.
Perguntas e mais perguntas
Depois do anúncio oficial, alguns vereadores apresentaram pedido de informações ao Executivo sobre o empréstimo de R$ 3 milhões feito junto ao Badesul para obras em dez ruas. O curioso é que, entre as perguntas, algumas já foram respondidas mais de uma vez, inclusive, em matérias divulgadas pelos jornais. Difícil acreditar que suas excelências ainda não saibam, por exemplo, quais as vias que serão atendidas. E em quantas parcelas o montante deverá ser pago. Ou andam cochilando, ou gostam de gastar papel. E olha que esse processo iniciou em 2015.
Não sabe? Curioso é que, entre os autores do pedido de informações, está a líder do PSB na Câmara, Josi Paz. Pela posição que ocupa, não deveria apenas saber de tudo isso, mas esclarecer aos colegas que manifestam dúvidas. Parece que a relação entre o governo e a vereadora mais votada da Câmara foi para o vinagre.
Promovendo a inclusão
A Administração Municipal acerta ao chamar um cadeirante para ocupar um Cargo de Confiança na Secretaria Municipal de Saúde. Os prédios da chamada “Assistência” são interligados por rampas, o que permite o seu deslocamento sem maiores problemas. Vale como primeiro passo numa longa caminhada, ainda longe de acabar. A esmagadora maioria das repartições não possui acessibilidade, embora a legislação que determina a adaptação seja antiga. Nesta área, até aqui, o governo Aldana ainda não fez quase nada.
Discussão interna
O ex-vereador Roberto Braatz encaminhou um pedido ao presidente do PMDB, Dario Colling. Como filiado, quer que ele reúna os integrantes para discutir a crise política. “Se ficarem comprovadas as denúncias contra o presidente Temer, ele deve deixar o cargo”, defende. Segundo Braatz, não é possível ficar calado neste momento e a decisão da legenda deve ser encaminhada aos diretórios estadual e nacional e aos deputados do partido.
Atendendo a convite
Semana passada, durante o evento de filiação do ex-secretário e chefe de gabinete Márcio Menezes ao PSDB, foi o presidente da Câmara, Neri Pena, que involuntariamente acabou roubando a cena. Como ele apareceu nas fotos sentado à mesa oficial, muita gente achou que havia retornado às origens. “Cabelo” já foi tucano e sua presença no velho “ninho” foi por cortesia, como convidado. Ele está bem no PTB.
Juntos
Prefeito Aldana e seu vice, Carlos Eduardo Müller, o Kadu, ficaram quase toda a semana passada em Brasília, participando da Marcha dos Prefeitos. E correu tudo bem por aqui.
Rapidinhas
* Uma coisa é preciso admitir: esse Joeslei, irmão do Weslei, também é “safadão”.
* Indignado com a situação política do país, o duas vezes candidato a prefeito de Montenegro e líder do PSDB, Adairto da Rosa, o Chacall, resolveu protestar nas redes sociais. “…hoje não tem um, UM político sequer que mereça nosso voto”, escreveu. Mea culpa?
* Pouco habituado às redes sociais, que alguns vereadores transformaram em arquivo de selfies com máquinas e funcionários da Prefeitura, o socialista Valdeci Alves de Castro inovou. Quinta, da tribuna, ele exibiu uma série de fotos, em slide-show, com fotos de suas realizações. Algumas, porém, já tinham aparecido no Facebook dos colegas.
* Vereador Talis Ferreira (PR) alerta: em breve, os montenegrinos não terão onde cair mortos. Os espaços no Cemitério Municipal estão no fim.
* Da tribuna, o peemedebista Cristiano Braatz manifestou sua preocupação com a mobilidade urbana. Segundo ele, todos os meses, cerca de 130 novos carros chegam às ruas da cidade.
* Reunião na Câmara a ser agendada nos próximos dias vai retomar – mais uma vez – a discussão em torno da criação da Área de Preservação Permanente do Morro São João. O processo está que nem o “gigante de pedra”: dormindo.