Com o ingresso do prefeito Kadu Müller no Progressistas, há pouco mais de um mês, é natural – pelo menos na política brasileira – que o partido receba, como “dote”, cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões para acomodar alguns de seus talentosos e competentes quadros. O primeiro passo foi dado esta semana, com a criação de uma comissão que vai apresentar um projeto de reforma administrativa. De cara, até para facilitar este trabalho, houve uma troca no círculo mais próximo a Kadu. Edar Borges cede a vaga de chefe de gabinete para Rafael Riffel e assume o antigo cargo dele, como secretário de Administração. Na troca, oficialmente, Borges vai comandar a “dança das cadeiras”, levantando informações como os cargos disponíveis, quem os ocupa, a que partidos pertencem e quem são seus “padrinhos”. Já Riffel fica com a inglória tarefa de melhorar as relações do Executivo com a Câmara de Vereadores, que foram para o vinagre há tempos.
Atrasados – O tempo dirá, mas é provável que Kadu tenha esperado demais para uma reforma administrativa. O ano de 2019, em tese, é crucial para o esforço pela reeleição e perder tempo com substituições ao invés de tocar obras e projetos é quase como fazer a troca de um pneu com o carro em movimento. A oposição só não leva a eleição de 2020 se, mais uma vez, concorrer dividida.
Cortes – Na tal reforma política, o que o governo fará – e com atraso – é uma análise sobre o potencial eleitoral de cada CC (Cargo de Confiança). Aqueles que não representam votos ou já manifestaram o interesse de apoiar outras candidaturas provavelmente serão sumariamente afastados.
Regras – Desta operação, não devem – e não podem – escapar nem mesmo aqueles que foram indicados por vereadores que não votam a favor do governo. Se querem participar da parte suja e feia do jogo político, devem estar dispostos a seguir as regras. É sempre melhor adotar uma postura independente e votar de acordo com a consciência, mas isso é privilégio de quem não se deixou corromper pelo toma-lá-dá-cá.
Distribuição – A entrada do Progressistas na Administração Municipal deve ocorrer em abril. Dia 29 de março, será realizado um evento para selar a filiação do prefeito, mas, ao que tudo indica, alguns currículos já estão sendo analisados. Ex-candidata a vice-prefeita, Tatiana Henke é cotada para assumir alguma função “relevante” no governo. O vereador Joel Kerber, o mais apaixonado defensor do prefeito na Câmara, também deverá ganhar uma “hortinha” para plantar e colher.
Alternativas – As informações são desencontradas, mas, nos corredores do Palácio, corre que as pastas preferidas pelos progressistas são as de Viação e Serviços Urbanos e de Meio Ambiente. Tanto que o prefeito já estaria pensando em alternativas para alocar seu amigo de fé e irmão camarada Jackson Oliveira dos Santos, o “Jacó”, que hoje comanda o “pátio”.
Carta de vereador coloca o MDB em alerta
E por falar em eleições, o vereador Cristiano Braatz, presidente da Câmara, encaminhou uma carta à direção do seu partido, o MDB, sugerindo que inicie logo a discussão em torno de seu papel no próximo pleito. Ele também quer saber a posição da legenda sobre o governo Kadu, se terá candidato próprio e se pretende coligar com alguém. Integrantes da executiva estranharam o movimento. Acham que sua excelência deveria participar mais da vida partidária.
Candidato – Se Cristiano comparecesse às reuniões, saberia que os emedebistas são oposição ao governo Kadu, como aliás ele e o colega de bancada, Felipe Kinn da Silva, já vêm se posicionando na Câmara de Vereadores. Quanto à candidatura, o partido trabalha com o nome do médico Waldir João Kleber para a disputa de 2020 ao Palácio Rio Branco e está aberto a coligações, desde que não precise abrir mão da cabeça de chapa. PT e seus aliados históricos também não interessam “muito”.
Por carta – Entre as lideranças locais do MDB, existe a suspeita de que Cristiano saiba muito bem disso tudo, apesar da ausência às reuniões. Ele já disse várias vezes que não pretende concorrer a prefeito, porque se sente vocacionado para o Legislativo. A menos que tenha mudado de ideia e queira provocar alguma situação nova, a busca de informações por meio de uma carta não faz muito sentido.
Sondagem – Na verdade, Braatz Filho tem planos de buscar a reeleição para a Câmara, mas vem sendo incentivado por amigos e conhecidos a concorrer ao Executivo. A ideia é “sentir” o ambiente na legenda e verificar se haveria apoios. Mas como Kleber abriu mão de concorrer em 2016 para Braatz Pai, agora é a vez dele.
Hora de recuar
O transporte escolar, que vinha sendo realizado sem maiores problemas em Montenegro nos últimos dois anos, virou uma enorme dor de cabeça para a Administração Municipal neste começo de 2019. Semana passada, todos os veículos passaram por uma vistoria e alguns realmente apresentaram problemas, ficando proibidos de circular. Só que a empresa penalizada resolveu colocar uma Kombi com defeito na porta para preencher a lacuna, pondo várias crianças em perigo. E ontem, outra vez, um ônibus estragou.
Recuo – A intenção da Smec ao substituir as tradicionais kombis por ônibus pode até ter sido bem intencionada, mas já está claro que a medida não é eficaz. Melhor recuar antes que ocorra algum acidente. Do jeito que vai, é só uma questão de tempo.
Rapidinhas
* Já que o prefeito retirou da Câmara o projeto que estabelece incentivos a quem preservar seus prédios antigos, talvez possa fazer uma mudança na composição do futuro Conselho Municipal do Patrimônio Histórico. Faltam donos de imóveis sujeitos às limitações que a legislação impõe.
* Nem sempre dinheiro é a solução de um problema. A Administração Municipal conseguiu a verba para dar continuidade à Transcitrus, que era o mais difícil, mas não apareceu uma só empresa para fazer o asfaltamento. A licitação foi “deserta”.
* Deus tá vendo você criticando a Prefeitura por investir em torno de R$ 10 mil numa festa de Carnaval atrasada e, ao mesmo tempo, preparando o “sapatinho” para sambar a noite toda.
* Com o fim das coligações aos legislativos a partir de 2020, muitos pré-candidatos a vereador por legendas “nanicas” vão procurar novo endereço político. É que estes partidos, sem a carona dos maiores, não conseguirão alcançar o coeficiente eleitoral para garantir uma vaga na Câmara.
* Hoje o legislativo montenegrino, formado por dez vereadores, tem em sua composição seis partidos. A tendência é que haja redução para apenas quatro. Ou cinco, na melhor das hipóteses.
* Faltam apenas duas semanas para a transferência do Plantão 24 horas do Hospital Montenegro para a Secretaria da Saúde. E a maioria da população ainda não sabe em que situações deve recorrer ao novo serviço e quando pode ir até o HM.
* Assessoria do vereador Joel Kerber (Progressistas) informa: agaurdem novidades sobre a RSC-287 para breve. Que sejam boas notícias.
AVISO – A partir da próxima semana, a coluna Cenário Político será veiculada sempre às terças-feiras