Depois de um debate em que os candidatos a prefeito tiveram poucas opções de confrontos diretos e ainda desperdiçaram as que surgiram, nas entrevistas, o tom subiu um pouco. Depois de Gustavo Zanatta, na semana passada o Ibiá inquiriu Kadu Müller e Percival de Oliveira e, ontem, foi a vez de Márcio Menezes. Já ficou bem claro que o grande enfrentamento, nesta arrancada, é entre o atual e o ex-prefeito, cada um procurando enaltecer as suas realizações e justificando as falhas com fatores externos. Vale desde a impiedosa oposição na Câmara até a crise na economia e, é claro, a pandemia. O primeiro tiro foi disparado por Kadu Müller, ao devolver uma provocação de seus oponentes. Como é piloto de avião, adversários dizem que, por estar sempre lá em cima, o prefeito não enxerga os problemas que existem “no chão”. “Talvez eu esteja voando e alguns estejam se arrastando”, metralhou o chefe do Executivo, espalhando balas por todos os lados.
Torneiras – O fato de estar no “firmamento” com certa frequência não tornou o prefeito amigo do porteiro do céu. No dia seguinte à entrevista, São Pedro abriu as torneiras sobre a cidade, que sofreu novamente com alagamentos históricos. Os adversários se divertiram nas redes sociais. “Hoje, só voando”, zoaram.
Impostos – Na mesma entrevista, o candidato à reeleição vendeu a ideia de que é um bom gestor. Lembrou que, ao assumir, a Prefeitura acumulava um déficit de R$ 20 milhões e hoje a dívida está paga, os salários em dia, os fornecedores satisfeitos e, tudo isso, sem aumentar impostos. Mal Kadu terminou de falar e já começaram a circular cópias da Lei Complementar 6.406, de 29 de setembro de 2017, nos grupos de Whats App. O texto alterou a cobrança do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, o ISSQN. Para algumas categorias de profissionais liberais, a conta quase dobrou em relação ao ano anterior.
Sacrifícios – O candidato do Republicanos, Percival de Oliveira, procurou explicar, na entrevista ao Ibiá, por que se aliou ao principal adversário, o PDT, nesta eleição. Com o argumento de que o futuro da cidade merece sacrifícios, alegou que suas diferenças foram com o ex-prefeito e ex-deputado Paulo Azeredo e não com a legenda que ele comanda há mais de 20 anos. Não custa lembrar que o próprio Percival esteve no PDT e acabou saindo, em 2003, porque o então representante de Montenegro na Assembleia não permitia a formação de novas lideranças.
Lixo? – Na mesma entrevista, Percival disse que deseja voltar à Prefeitura porque a cidade retrocedeu desde que ele deixou o governo, em 2012. Entre os exemplos, comparou os parques Centenário de São Sebastião do Caí e de Montenegro. “O deles é um brinco; o nosso é um lixo”, disparou. Que existem problemas em nosso principal espaço de lazer, todos sabem, mas a crítica, segundo os próprios usuários, é um tanto quanto exagerada. Merecia munição de menor calibre.
Vínculo – Ao ser sabatinado pelo Ibiá, Márcio Menezes, do PSDB, também bateu no prefeito Kadu. Para ele, o candidato à reeleição não pode se eximir dos erros do governo Aldana. Lembrou que a maioria das concorrências fraudulentas apontadas pela operação Ibiaçá passava pela Secretaria da Administração, a quem o departamento de Licitações estava subordinado. Kadu era o titular. Pelo visto, todos têm muita munição em seus paióis e o tiroteio está só começando.
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Pinóquios
Representantes do governo do Estado mentiram aos montenegrinos quando prometeram que a construção das rótulas junto à RSC 287, no perímetro urbano, faria parte do edital de concessão da rodovia à iniciativa privada. O texto ficou pronto na semana passada e este trecho ficou de fora. Ou seja, vai continuar sob os cuidados da “quebrada” EGR, que não tem dinheiro para as melhorias. As obras estão orçadas em quase R$ 20 milhões.
Promessas vazias – Há cerca de dois meses, o Jornal Ibiá publicou uma matéria sobre o tema e a promessa, feita por deputados e secretários do governo Eduardo Leite, foi reiterada. A informação foi a de que só não estava decidido se o trecho urbano da 287 iria pertencer a um pólo rodoviário sediado em Santa Cruz do Sul ou a outro, com base em Caxias do Sul. Agora, sabe-se que ele simplesmente foi deixado de fora. Como prêmio de consolação, anunciam um investimento de R$ 500 mil em recapeamento do trecho mais esburacado, sabe-se lá para quando.
E agora? – Ao longo dos últimos anos, ocorreram diversas mobilizações, inclusive com o fechamento da estrada, para chamar a atenção sobre os riscos da travessia e as mortes. Pelo visto, Eduardo Leite e sua turma não se importam. O que seus aliados em Montenegro vão fazer?
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Top de linha
A Administração Municipal apresentou, na sexta, a caminhonete Mitsubishi Triton, de R$ 165 mil, adquirida para a Guarda Municipal. O momento não poderia ser pior, já que, na véspera, foi divulgado um levantamento mostrando que cerca de 2 mil famílias montenegrinas não possuem o suficiente nem para se alimentar. O problema se agravou com a pandemia do novo coronavírus, em virtude do desemprego. Logo, aplicar esta pequena fortuna na compra de um veículo parece falta de sensibilidade. Os defensores do governo, porém, alegam que a aquisição ocorreu em março, antes da Covid-19 se tornar uma realidade, e que não havia como desistir do negócio.
Necessidade – Segundo a Administração, os agentes da Guarda não cuidam apenas dos prédios públicos. Seguidamente, são recrutados para acompanhar o Conselho Tutelar e a Brigada Militar nas mais diferentes ações. Também são a retaguarda dos fiscais na apreensão de mercadorias vendidas irregularmente. Com a caminhonete, podem fazer a coleta na hora e o transporte até o depósito, sem a necessidade de acionar outro veículo. Além disso, a Mitsubishi “impõe respeito”.
Perguntas – A situação exige pelo menos duas reflexões:
– antes de dotar a Guarda Municipal de veículos de primeira linha, a Administração não deveria ampliar as suas atribuições, permitir que os agentes atuem armados e façam a fiscalização do trânsito, por exemplo?
– com o dinheiro gasto na Mitsubishi, seria possível adquirir duas caminhonetes Renault Duster Oroch (e ainda sobraria dinheiro). Se são estes os veículos usados pela Brigada Militar para enfrentar a bandidagem, por que não servem para a Guarda?
Incentivos
A Câmara aprovou, na quinta, incentivos fiscais para a instalação do supermercado Asun na cidade. Além de redução de impostos, a empresa receberá R$ 110 mil em dinheiro. Foram a favor os vereadores Josi e Rose (PSB); Joel e Talis (Progressistas), Cristiano (MDB) e Juarez (PTB). Erico, do PDT, se absteve e Felipe Kinn (MDB) e Valdeci (Republicanos) foram contra.
Mudança – Curiosa a postura do vereador Juarez. Há poucas semanas, votou contra um incentivo até menor ao supermercado Mombach, uma empresa local, e quinta, sem que tenha havido qualquer mudança no cenário político, foi a favor de ajudar uma rede de fora.
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Rapidinhas
Da série “Ideologia pra quê?”: militante histórico de esquerda, primeiro no PT e depois no PSB, ex-sindicalista e ex-secretário de Habitação, João Marcelino da Rosa concorre à Câmara pelo PL. Isso mesmo, o Partido Liberal.
Vereador Cristiano Braatz (MDB), candidato a vice de Gustavo Zanatta, vai se afastar da Câmara para se dedicar integralmente à campanha. De 16 de outubro a 14 de novembro, a cadeira será ocupada pela suplente Kellen Viegas de Mattos.
Funcionários da Prefeitura com Cargos de Confiança estão sendo convocados a participar da campanha de Kadu Müller. Além de apoiar a reeleição nas redes sociais, são escalados para atos públicos depois do horário de expediente. Uma rotina que se repete a cada pleito.
Servidores públicos não podem usar bótons ou adesivos de campanha, de qualquer candidato, dentro das repartições. A prática é vedada pela legislação eleitoral e pode resultar em pesadas multas caso seja comprovada com fotos ou filmagens.
Semana passada, para o debate com os candidatos a prefeito, o Ibiá recebeu perguntas de várias entidades. Num primeiro, momento, foram aproveitadas as do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Unisc, Sindicato dos Comerciários, Associação dos Engenheiros e Arquitetos e ACI Montenegro/Pareci Novo. As demais serão usadas em outras ações desenvolvidas pelo jornal, em suas diversas plataformas, ao longo da campanha eleitoral.