Às armas!

Se o ano de 2018 não foi fácil para o prefeito Kadu Müller em sua relação com a Câmara de Vereadores, a possibilidade de que o próximo seja melhor pode ter caído por terra nesta quinta-feira, na última sessão antes do recesso de verão. Neri de Mello Pena, o Cabelo, Erico Velten, Cristiano Braatz, Felipe Kinn da Silva e Valdeci Alves de Castro oficializaram a criação do “Bloco de União Parlamentar por Montenegro”. A ideia é promover a união entre os vereadores de oposição, que passam a analisar e a debater em conjunto os projetos e, principalmente, a votar em bloco. Na prática, segundo o vereador Cabelo, que lidera o batalhão, a ordem é unificar discursos e práticas para que os cinco tenham mais força em suas demandas e críticas ao Executivo. Hoje cada um age por conta própria. “Trabalhando de forma articulada, teremos mais força para lutar por melhorias para a nossa cidade”, define, enquanto afia a adaga.

Na oposição – Numa primeira olhada, parece estranha a presença do vereador Valdeci Alves de Castro, do PSB, legenda que integra a base de governo, num bloco de oposição. Quem acompanha as sessões, porém, sabe que já faz alguns meses que seu esporte preferido é apedrejar o governo. Valdeci quer porque quer o cargo de secretário de Viação e Serviços Urbanos e, como não levou, jogou-se de corpo e alma na oposição.

Falta voto – A quantidade de soldados de um exército nem sempre é decisiva para vencer uma batalha. Contudo, na Câmara, como a disciplina de “Estratégia” é pouco valorizada, o número faz muita diferença. Com cinco vereadores, o tal bloco de oposição não tem maioria para rejeitar ou aprovar qualquer projeto. Especialmente em 2019, quando um de seus integrantes, Cristiano Braatz (MDB), estará no comando do Legislativo. Por força do regimento interno, o presidente não vota a maioria das matérias. Logo, o grupo terá só quatro de um total de nove votos.

Inferno
– Por outro lado, a formação do bloco de oposição deve ser avaliada por aquilo que representa e não pelo que é. Cabelo lembrou que, daqui a dois anos, tem eleições e que está “batendo o pavor”. A maioria dos vereadores tem pouco para mostrar quando for pedir votos novamente. Atuando em bloco, acreditam que terão mais forças para ver seus pedidos atendidos. Além disso, com essa quantidade de votos, emplacam facilmente uma CPI e podem transformar a vida do governo num verdadeiro inferno. É tática de guerrilha.

Dores de cabeça – Hoje, é provável que a bancada governista produza mais dores de cabeça ao governo do que a de oposição. Do segundo grupo, o prefeito sabe o que esperar. Já dos aliados… Juarez da Silva (PTB), por exemplo, ora vota a favor da Administração, ora contra. O próprio líder do governo, Talis Ferreira (PR), tem dito abertamente que nunca será favorável a reajuste de impostos e taxas, ainda que estejam defasados. Nas polêmicas, viram pipocas.

Desarmem-se! – Na verdade, o sucesso do governo e o dos vereadores por consequência, não está na formação de pequenos batalhões com bandeiras pré-definidas e armados até os dentes. Ele depende do entendimento entre as duas partes. O futuro presidente da Câmara, Cristiano Braatz, tem dito que vai privilegiar o diálogo. O prefeito também. Melhor se todos os soldadinhos depusessem as armas e focassem no que realmente importa: Montenegro.

Plantão 24 horas
Animadora a notícia de que, a partir de março, a Secretaria Municipal da Saúde irá assumir o plantão 24 horas que hoje funciona junto ao Hospital Montenegro. Assim, a instituição poderá investir em sua real vocação, que é o atendimento às situações de média e alta complexidade, deixando à Prefeitura a atenção básica, que sempre foi o seu dever constitucional. Prefeito Kadu e secretária Cristina estão de parabéns. Quem sabe, assim, os municípes não precisarão ficar mais tanto tempo nas filas. Do contrário, o preço político será gigantesco e cobrado em votos.

Afinal, quem está mentindo?
Por cinco votos a quatro, a bancada governista conseguiu aprovar, na quinta, projeto de lei que transfere, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente para a de Viação e Serviços Urbanos, as atividades de manutenção de praças e parques, capina e varrição das ruas. A princípio, a votação seria tranquila, pois o texto apenas produz um ajuste interno que, em tese, irá otimizar a execução dos trabalhos. Ocorre que, na véspera da votação, o secretário de Meio Ambiente, Adriano Chagas, teria dito ao vereador Neri de Mello Pena que não sabia da existência deste projeto.

Por fora – Neri ficou de cabelo em pé. “Se o projeto altera o funcionamento de uma secretaria, como o responsável pelo setor não sabe de nada?”, questionou. Diante disso, ele fez um pedido de vistas, que adiaria a apreciação da matéria em plenário para depois do recesso, em fevereiro, mas foi derrotado no voto. As modificações acabaram sendo aprovadas.

Sabia sim – Sexta-feira, através da assessoria de comunicação, Chagas desmentiu o vereador Cabelo. “Em uma reunião de secretários, o prefeito Kadu Müller sinalizou às pastas que estavam em planejamento algumas reformas administrativas. Desta forma, eu, Adriano, tinha sim conhecimento deste projeto”, declarou. O fato é que alguém está faltando com a verdade. A menos que o vereador tenha alguma prova, como um áudio da conversa, fica parecendo que inventou a história para tumultuar a votação. Será que tem?

Medo da derrota
O projeto de lei do Executivo que estabelece novos valores para as multas aplicadas pela Vigilância Sanitária e para a liberação dos alvarás de saúde foi retirado da Câmara. O prefeito recolheu a matéria antes da votação, a pedido do vereador Talis Ferreira (PR). Sabia que seria rejeitado. Talvez, se o texto tivesse sido discutido previamente com o Legislativo…

Devendo explicações
São graves as acusações feitas pela advogada Leone Kaiser Bozzeto, na CPI do Loteamento Bela Vista, contra o ex-diretor de Habitação do Município, Dorivaldo da Silva. Ela entregou um documento, assinado por ele, em que o campo destinado à identificação de um imóvel supostamente pronto para a ocupação ficou em branco. Além disso, na data em que o termo de recebimento foi firmado, Dorinho não tinha legitimidade para representar o Município. Vai ferver!

Para entender – A empresa encarregada da construção precisava de um documento, atestando o recebimento do imóvel nas condições definidas no contrato, pelo Município, para cobrar o pagamento do banco. Se a casa estava mesmo pronta, por que o espaço reservado a sua ientificação ficou em branco?

Explicações – Dorinho será convocado pelos integrantes da CPI para se explicar. Contudo, o fato de uma pessoa que não tinha autonomia para isso assinar um documento em branco já deixa clara a falta de controle da Prefeitura sobre o empreendimento.

Rapidinhas

* Com nascimento programado para janeiro, o bebê da vereadora Josi Paz já tem nome escolhido: Joana Aurora.

* O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni, avisa que o governo federal só vai debater novas formas de custeio para estados e municípios em 2020. Alguém acha que seria diferente se o Gringo tivesse ganho a eleição aqui?

* Subiu para 65 o número de focos do Aedes Aegypti em Montenegro. Se não houvesse tanto esgoto a céu aberto na periferia, quem sabe as pessoas também se preocupariam mais em acabar com a água parada em seus pátios.

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