Ainda sobre estas eleições

Se alguém esperava que o segundo turno das eleições seria antecedido por dias mais calmos e que o ódio daria lugar ao debate de ideias, esqueça. As divisões geradas, de um lado, pelo antipetismo e, de outro, pelo #elenão aprofundaram ainda mais o abismo que separa os eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) e de Fernando Haddad (PT). Pelo menos 35% dos brasileiros demonstraram, no domingo, que não querem nenhum dos dois na Presidência da República e, até aqui, as militâncias de ambos os grupos parecem muito mais interessadas em atirar pedras no adversário do que em conquistar este público que tem, sim, força para definir o pleito. Óbvio que os simpatizantes de Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Marina Silva, Guilherme Boulos e todos os demais não vão migrar para apenas um lado. Aliás, é provável que muitos deles votem em branco e até anulem o voto, mas não é batendo, pressionando e ameaçando que o PT e o PSL vão conquistar a sua simpatia ou simplesmente fazê-los sair de casa no dia 28.

Violência – Pode parecer delírio, mas a verdade é que Bolsonaro ainda corre o risco de perder a eleição. E não por sua culpa direta, mas pela falta de controle sobre a militância. Há excessos também entre os petistas, mas é no lado verde-amarelo da disputa que estão brotando mais ataques, verbais e físicos, inclusive com pelo menos uma morte já confirmada. O candidato a presidente é o culpado? Não. Mas no momento em que reduz o peso do incidente e não faz um discurso pedindo calma aos seus eleitores, torna-se conivente. #ficaadica.

Xenofobia – O fato de o candidato do PT ter vencido no Nordeste despertou, entre alguns eleitores de Bolsonaro, uma verdadeira onda de xenofobia. A ponto de irem para as redes sociais dizerem que eles merecem passar pelas dificuldades que enfrentam por conta das constantes secas. Também houve quem dissesse que “o Sul sustenta essa gente”. Menos, bem menos. Os gaúchos já viveram em um estado rico, mas faz algum tempo que muitos dos nossos indicadores econômicos vêm caindo. Não por acaso, há empresas gaúchas migrando para lá. Hoje, o governo não consegue nem pagar em dia a folha dos servidores públicos e o RS é um dos estados mais endividados do Brasil.

Deboche – Por outro lado, o candidato do PT erra a mão ao não se dissociar de figuras comprometidas pelos escândalos de corrupção, especialmente do ex-presidente Lula. E jogar na cara dos brasileiros que muitos só têm comida, casa e curso superior por causa dos programas sociais do PT no governo, como certos petistas vêm fazendo, é debochar da inteligência das pessoas. Todas essas iniciativas são financiadas com o dinheiro do contribuinte e poderiam ter um alcance ainda maior se não fosse a roubalheira.

Bandeira – Ainda faltam 18 dias para o reencontro dos eleitores com as urnas e, a julgar pelo que se viu no começo desta semana, a segunda fase da disputa não será marcada pelo diálogo e por explicações mais aprofundadas sobre planos de governo. Uma pena, já que a tecla “confirma” da urna eletrônica poderia ser perfeitamente “decorada” com uma imagem da bandeira do Brasil. Não a do candidato A ou B, mas a que repesenta um sonho de dias melhores para todos.

Rapidinhas
* Nas redes sociais, a destilaria de ódio faz horas extras. Agora, os petistas estão fazendo uma lista “negra” dos estabelecimentos gerenciados por apoiadores de Bolsonaro. A ordem é boicotar.

* Qualquer semelhança com o que os alemães “arianos” fizeram com os comerciantes judeus, nos anos 30, não é mera coincidência.
* No Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, do MDB, declarou apoio a Bolsonaro. Aumentaram as chances de ganhar a eleição. Eduardo Leite, seu grande rival, do PSDB, ficou em cima do muro.

* Vereadora Josi Paz (PSB), a mais votada nas últimas eleições, não conseguiu transferir maior prestígio a seu candidato a deputado estadual. Elton Weber fez só 339 votos na cidade.
* Apesar dos cabos eleitorais de peso, como o ex-prefeito Percival e o ex-secretário Luiz das Remoções, Celso Kremer fez só 614 votos em Montenegro. De Venâncio Aires, o paraquedista não conseguiu se eleger deputado estadual.

* Campeão de votos para a Assembleia, Luciano Zucco foi o 3º em Montenegro. Do PSL, deve a conquista a policiais militares e civis, bombeiros e guardas municipais.
* O ex-secretário Pedro Westphalen (PP), que prometeu as rótulas na RSC-287, colheu 320 votos nas urnas montenegrinas e se elegeu deputado federal. Nem dá para imaginar quantos seriam se tivesse cumprido a promessa.

* O petista Tarcízio Zimmermann foi o 4º mais votado para deputado estadual na cidade, com 1.146 votos. Apesar do bom resultado, depois de muitos anos, ficou sem mandato.

Cansados de esperar
No último fim de semana, moradores da comunidade de Santos Reis, cansados de esperar por melhorias na estrada, resolveram usar seus próprios tratores e implementos para cobrir os buracos e abrir valetas. Em tese, somente o governo pode intervir nas vias públicas, mas como isso não ocorre com a frequência e a eficiência necessárias, foi preciso agir. O grupo está de parabéns e talvez motive ações semelhantes em outras localidades que enfrentam o mesmo problema.

Chuvas – O ano de 2018 está sendo particularmente difícil para a Prefeitura dar conta da manutenção das estradas. E não só por causa do parque de máquinas sucateado, mas também em função do clima. Desde o outono, tem chovido muito e qualquer melhoria rapidamente se perde. Espera-se que o governo Kadu consiga comprar logo as máquinas novas com o financiamento do Banco do Brasil, pelo qual tanto lutou na Câmara, para que, em 2019, a situação seja outra.

Parceria – A mecanização da agricultura faz com que, na maioria das localidades, os produtores tenham tratores e outras máquinas que poderiam ser empregados na manutenção e na roçada das margens das estradas. Não poderia o poder público criar um programa de parceria para aproveitar este potencial em troca de algum ganho para os envolvidos?

Agora falta pouco
Na Câmara de Vereadores, seguem os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura irregularidades na construção do Loteamento Bela Vista. Esta semana, os integrantes da CPI ouviram a arquiteta Rosângela Luft, que atuou na Secretaria de Obras na época em que as casas foram construídas. Assim como outros técnicos ouvidos no Legislativo, ela garantiu que houve, sim, fiscalização na execução dos trabalhos e que tudo foi feito com base no projeto, que chegou pronto à Prefeitura.

Mesmos argumentos – O que todos estão tentando dizer é que, com os pouco mais de R$ 10 mil disponíveis para cada moradia, não havia como entregar residências de melhor qualidade. Os mesmos argumentos foram usados quando o Ministério Público investigou o caso, e não convenceram. Tanto que houve denúncia e a Justiça já condenou os responsáveis pelo empreendimento a refazerem as unidades.

Ex-prefeito – Os integrantes da CPI já gastaram a metade dos 90 dias que receberam para a conclusão do inquérito. Antes de terminar os trabalhos, porém, ainda pretendem convocar o ex-prefeito Percival de Oliveira para prestar esclarecimentos. As moradias foram edificadas durante a sua gestão no Palácio Rio Branco.

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