Abertura gradual: Dois pesos, duas medidas

Eles fizeram de tudo para chegar ao poder. Alguns, até avançaram sobre os limites da lei. Muitos já foram pegos em irregularidades e até perderam o mandato. Outros acumulam processos que vão render despesas com advogados de defesa por décadas. Contudo, nenhum dos milhares de prefeitos que governam as cidades brasileiras imaginou que, em suas gestões, teria de lidar com uma pandemia. Tirando os profissionais da Medicina, especialmente os infectologistas, dificilmente alguém mais já se preocupou com isso. É natural que também os chefes do Executivo estejam atordoados e com dificuldades para lidar com a situação.

Enfrentamentos – De um lado, o Ministério da Saúde defende o isolamento social como medida de controle do vírus. De outro, o presidente da República e o setor produtivo alegam que a paralisação da economia terá efeitos ainda mais prejudiciais, no médio e longo prazos, do que a própria Covid-19. E, no meio desse fogo cruzado, a população, com medo de ser contaminada e também com receio de perder o emprego e não ter o que colocar na mesa. Nesse cenário, é compreensível que os prefeitos pendam ora para um lado, ora para o outro. Na semana passada, Kadu Müller aderiu à liberação controlada das atividades comerciais, mas foi obrigado a recuar ontem. Como Montenegro pertence à Região Metropolitana, onde o governo não permite a abertura das lojas, houve ameaças de ações civil e criminal contra o chefe do Executivo.

Resultado – A verdade é que as restrições mais duras, em vigor por um mês, tiveram o efeito desejado. Até o fechamento desta coluna, a cidade – e o Vale do Caí como um todo – não tinham registrado nenhuma morte por Covid-19. Houve tempo para melhorar as estruturas de atendimento e a baixa circulação de pessoas nas ruas manteve o número de casos relativamente baixo. Porém, nada disso sensibilizou o governo do Estado, que usa dois pesos e duas medidas para estabelecer as regras.

Meio termo – É fácil entender. O comércio montenegrino não poderá abrir as portas, nem mesmo parcialmente, porque é para cá que diversos municípios vizinhos, que não estão na região metropolitana e podem ter lojas funcionando, mandam seus doentes. Na prática, o setor produtivo de Montenegro corre o risco de encolher ou quebrar enquanto os vizinhos faturam e “exportam” seus pacientes. Não há justiça nisso!

Conta – A Covid-19 deve deixar uma série de lições e uma delas é a de que está mais do que na hora de os prefeitos do Vale do Caí ajudarem a bancar os serviços médicos se quiserem usar nossa estrutura.

Para todos – A preocupação do governo do Estado com os efeitos da pandemia na região metropolitana, por ser densamente povoada, faz sentido, mas não se deveria ignorar que as cidades do Vale do Caí possuem uma característica totalmente diferente. O mínimo que se espera é um tratamento igualitário para todas as cidades da região que integram a RM. São Sebastião do Caí, Portão e Capela de Santana também terão de recuar e fechar o seu comércio? Alguém responde?

Sobre máscaras – Todos reconhecem a gravidade do momento, mas é preciso combater os exageros. Esperar que a Prefeitura distribua máscaras a toda a população é irracional. O poder público deve socorrer os que realmente não têm condições de fazer a compra. Ademais, há várias entidades, empresas e grupos de voluntários distribuindo gratuitamente. Quem mais reclama, em geral, é quem não precisa de fato.

Exemplo –
Além de uma fiscalização mais rigorosa, o que realmente educa a população é o bom exemplo. Prefeito, secretários, vereadores e outros ocupantes de cargos públicos não podem ser vistos na rua ou barrados na entrada de um supermercado porque não usam a máscara.

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Rapidinha
O prefeito Kadu retirou da Câmara o projeto de lei que destinava R$ 240 mil para a aquisição de um caminhão para o setor da pintura. A matéria chegou ao legislativo dia 14 de março, antes da pandemia e a despesa, diante de tudo que vem acontecendo, seria totalmente inadequada para o momento. Os vereadores, inclusive, já estavam articulados para rejeitar a proposta. A Administração correu na frente.

Embora as relações com a Prefeitura de Montenegro estejam meio deterioradas, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) não pode esquecer que é sua a responsabilidade pela manutenção da ERS-240 e da RSC-287, até o antigo Frigonal. No cruzamento com a Buarque de Macedo e com a BR-470, grandes buracos na rótula ameaçam a segurança dos motoristas, especialmente a dos caminhoneiros. É grave!

Enquanto a maioria das pessoas está focada no coronavírus e nos embates entre Sérgio Moro e Jair Bolsonaro, os agricultores enfrentam um drama adicional. Há pelo menos 20 anos não ocorria uma estiagem tão longa na região. Em vários pontos do interior, já está faltando água e os pomares começam a morrer. Que tipo de ajuda os governantes vão oferecer a quem passará o ano todo sem renda?

Nestes tempos de isolamento social, tem gente que faz de tudo para “aparecer”. Até mesmo participar de “festinha” particular, com mais de 20 pessoas, como ocorreu no sábado à noite na rua Getúlio Vargas. Vizinhos acionaram a Brigada Militar, que esteve no local. Infelizmente, apesar do decreto que proíbe as aglomerações, ninguém ficou preso. Isso explica porque muita gente ignora solenemente as regras.

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