Faltando ainda 18 meses para as eleições em que serão escolhidos o novo prefeito e o vice, bem como os vereadores para a próxima legislatura, as movimentações nos bastidores começam a se intensificar. A novidade dos últimos dias é a possibilidade de o prefeito de Pareci Novo, Oregino José Francisco, transferir seu domicílio eleitoral e concorrer ao comando do Executivo montenegrino no dia 4 de outubro do ano que vem. Como ele tem um imóvel na cidade, não há maiores problemas de ordem prática. Os desafios que o separam desse antigo sonho estão no campo minado da política.
Seis meses
Para se aventurar numa disputa em Montenegro, Oregino terá de renunciar à Prefeitura de Pareci, onde está em seu terceiro mandato, no mínimo, seis meses antes do pleito (4 de maio). Este também é o prazo para estar filiado ao partido político pelo qual irá concorrer. Oregino é do PDT no município vizinho, mas sabe que “os Azeredo” não abririam espaço para ele por aqui. O PSB é uma alternativa.
Pesquisas
Como se trata de operação de alto risco, ela será precedida de uma análise de cenário. O prefeito pretende, primeiro, encomendar pesquisas de opinião nas duas cidades. E é óbvio que não vai desistir de uma candidatura à reeleição com chances claras de vitória para encarar uma aventura na qual não haja a mínima possibilidade de êxito. Os números é que irão decidir.
Problemas
Embora ainda não esteja em campanha – até porque é proibido – Oregino já vem ensaiando um discurso de candidato. Fala na necessidade de Montenegro assumir, de fato, a condição de líder da região e na recuperação da autoestima da comunidade. Quando é convidado a elencar os principais problemas da cidade, o tom é de desafio: “aonde Montenegro não tem problemas?”, devolve.
Bairro
Em entrevista ao Ibiá, na semana passada, Oregino disse que hoje governa “um bairro de Montenegro”. A oposição parecinovense aproveitou para bater, sugerindo que o prefeito anda fazendo “pouco caso” do município que administra.
Memória curta
Outra declaração polêmica foi sobre a forma como disse que trata seus adversários. “Em todas as campanhas que eu fiz, em nenhuma casa, algum cidadão pode dizer que eu cheguei atacando, falando mal dos adversários. Nunca fiz isso. Sempre falei sobre o que eu podia fazer”, garantiu. Há controvérsias. Quem apanha não esquece!
Respeito
Ainda é cedo para fazer prognósticos, mas num cenário em que os partidos locais dificilmente terão novidades para oferecer ao eleitor, a presença do prefeito de Pareci Novo na corrida pode tornar a disputa mais empolgante. Vencedor em todas as eleições de que participou até agora, Oregino merece, no mínimo, o respeito dos eventuais adversários.
Pronto Atendimento 24 horas
Em tempos em que o termo “saúde” vem arrepiando os cabelos de alguns dos servidores no Palácio Rio Branco, foi, enfim, inaugurado o Pronto Atendimento 24 horas da Saúde em Montenegro. É, sem dúvida, um importante passo da Administração Municipal diante da crise econômica do Estado, que já não cumpre seus deveres com a área no Município.
Tambores – a banda de alunos da Escola José Pedro Steigleder foi a atração principal da cerimônia de abertura. Os jovens deram um show de talento, se apresentando na secretaria, em frente às salas da administração. O som dos tambores ecoando pelo prédio só não deve ter agradado quem já estava por lá para ser atendido com dores de cabeça e sintomas afins.
Desabafo – em seu discurso, o prefeito Kadu Müller surpreendeu a todos com um verdadeiro desabafo em relação às críticas que ele e sua Administração vêm recebendo. Disse que vem lutando em prol da Saúde do Município e que, se alguma estrada não foi arrumada ou se alguma lâmpada não foi trocada no período, é porque a preocupação dele e da equipe estava na Saúde. Com o PA entregue, vamos ver o que nos aguarda nos próximos capítulos.
Ausência – os principais opositores do Executivo na Câmara – vereadores Cabelo e Valdeci – não estiveram na cerimônia. Os demais estavam todos lá. Cabelo foi um que, durante o Carnaval, fez um vídeo em frente a secretaria criticando que os atendimentos não eram feitos naquele feriado. Agora que a iniciativa de um serviço 24 horas passa a funcionar, seria justo um reconhecimento à iniciativa. Também faz parte, vereador.
Rapidinhas
– O nome do advogado e professor universitário Luiz Antônio Licks Machado é citado para o cargo de procurador geral do Município. Ligado ao Progressistas, pode ser o substituto de Marcelo Rodrigues, que deixou a função alegando “motivos pessoais”.
– Se a toda a hora aparecem fotos das máquinas da Prefeitura trabalhando, por que as estradas do interior continuam ruins? Porque as patrolas apenas nivelam o leito das vias. Quase não há colocação de saibro ou brita. A cada chuva, a melhoria se perde.
– São fortes os indícios de que a vereadora Rose Almeida (PSB) vai abandonar a Política ao final desta legislatura. Ela está no quinto mandato e foi a única que sobreviveu à faxina que os eleitores fizeram em 2016.
– Deve acontecer amanhã, dia 3, uma reunião na Câmara sobre a enorme dívida do Projeto Cura. Cristiano Braatz quer receber a Procuradoria Geral, a Fazenda e a Gestão e Planejamento – convidando até a ACI, a OAB e ex-secretários – para tratar do débito que, no passado, chegou a ser classificado como “impagável” e que muito onera os cofres públicos do Município. A proposta, como anunciado no convite, é disparar um “forte reação contra o pagamento da dívida”. Será que cola?
Diferenças
O depoimento do técnico Francisco Humberto Simões Magro, da empresa CSM Consultoria Atuarial, na CPI do Plano de Carreira, deixou os vereadores intrigados. Foi dele o estudo segundo o qual o impacto das mudanças na folha de pagamento ficaria em apenas R$ 300 mil por mês quando, na realidade, chegou a cinco vezes esse valor. Em seu depoimento, Magro explicou que fez as contas a partir do anteprojeto e das informações que recebeu da Prefeitura na época, especialmente a evolução das despesas com pessoal e o crescimento, ano a ano, da receita corrente líquida. Suas excelências já viram que o texto apresentado ao profissional é bem diferente daquele que foi encaminhado para votação na Câmara.
Aos poucos – Magro também voltou a dizer que, na época, sugeriu que as modificações nos níveis de remuneração de diferentes categorias fossem implantadas aos poucos. O governo Aldana, porém, fez tudo numa só tacada.
Quem? – Para chegarem ao fundo da história, os vereadores terão de descobrir quem fez as mudanças na proposta depois que o cálculo foi entregue pelo técnico. E, principalmente, quem passou a ser beneficiado a partir de então.
Contra – Na reunião de hoje, a CPI do Plano de Carreira vai ouvir o servidor público Rogério Willers, o secretário municipal da Fazenda, José Nestor Bernardes, e o ex-vereador Roberto Braatz, único que votou contra o projeto. Braatz tinha dúvidas sobre a correção das contas e sabia que a arrecadação do Município sofreria uma estagnação por causa da crise na economia, o que desaconselhava criar mais despesas. Ele estava certo. Certíssimo, aliás.