A falsa sensação de segurança

De cara, a instalação de faixas de pedestres na RSC-287, nos acessos ao bairro Panorama, parece uma ação positiva da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Diariamente, centenas de moradores dos dois lados da estrada são obrigados a cruzá-la. Muitos deles são crianças e adolescentes, alunos das escolas Valter Belian e AJ Renner. São esses menores que correm maior risco e as linhas “zebradas” são vistas como uma forma de fazer a travessia sem perigo de serem atropelados. Na prática, porém, não é isso que ocorre. Principalmente os carros e caminhões que trafegam no sentido Portão-Montenegro descem a lomba em alta velocidade. Embora no asfalto haja também uma pintura indicando que o limite ali é 50km por hora, passam bem mais rápido do que isso e dificilmente vão conseguir frear a tempo ao se depararem com um pedestre. As faixas de segurança, na verdade, são uma perigosa armadilha.

Travessia – Entusiasmado com a melhoria, o vereador Joel Kerber (PP) chegou a publicar nas redes sociais fotos cruzando a pista e saudando o trabalho da EGR. Ele se intitula uma espécie de embaixador de Montenegro junto à empresa desde que iniciou a discussão sobre a troca do projeto das sinaleiras por rótulas nos acessos aos bairros Santo Antônio e Panorama. Por sinal, a previsão era de que as obras iniciariam em abril e, até agora, nem o projeto final das “rosquinhas” foi apresentado à comunidade.

Desperdício – A pintura de faixas de segurança sobre o leito de uma rodovia, na prática, rende apenas algumas fotos eleitoreiras e a perda da tinta empregada no serviço. Só existem duas formas de garantir a segurança de pedestres em locais assim: a instalação de passarelas ou viadutos e o “plantio” de redutores de velocidade, os temidos pardais. Estes, sim, têm o poder de aliviar o pé direito da maioria dos motoristas.

Demora – Sobre as rótulas, é importante dizer que elas provavelmente serão uma saída muito mais interessante do que teria sido a instalação de sinaleiras. O problema é que já faz alguns meses que essa decisão foi tomada e a comunidade, cansada de ver os acidentes acontecendo quase diariamente, não aguenta mais esperar. Além disso, é sobre esta obra que o vereador Joel Kerber, pré-candidato a deputado estadual pelo PP, está construindo sua imagem. Se não sair logo, não terá muito a mostrar na hora de pedir votos ao eleitor.

Paternidade – Aliás, atenção funcionários e assessores da Câmara: não permitam que o vereador Joel Fabiano Kerber entre no elevador junto com o presidente Erico Fernando Velten (PDT). Os dois andam de “ponta” porque disputam a paternidade das rótulas. Longe dos olhos da população, a troca de botinadas é quase diária.

Fazendo barulho
A audiência pública em que será discutida a possibilidade de adoção de uma lei proibindo a venda de fogos que produzem barulho já tem data. Será nesta quarta-feira, dia 2 de maio, às 19h, na Câmara de Vereadores. A iniciativa é de Cristiano Braatz (PMDB) e Talis Ferreira (PR) e nasceu lá no início do ano, durante o Réveillon. Na época, as redes sociais cuspiam críticas à falta de respeito dos “fogueteiros” com os animais. Cães e gatos, por terem uma audição muito mais sensível que a humana, sofrem demais com as explosões.

Bebês e idosos – Levando em conta a gritaria e sabedores de que, em outras cidades, já existem leis vetando a comercialização de rojões e outros artefatos barulhentos, os dois vereadores se propuseram a realizar um debate sobre o tema. E não estão só preocupados com cães e gatos, embora os “pet aficionados” sejam cada vez mais numerosos e organizados. Também os bebês e os idosos são vítimas da barulheira e nem sempre têm o respeito que merecem nas horas de euforia dos outros. Jogos da dupla Gre-Nal são um exemplo disso.

Prejuízos – A audiência promete ser explosiva. Os vendedores de fogos acreditam que uma eventual proibição só prejudicaria o comércio local e não acabaria com o problema. Os apreciadores da pirotecnia trariam os produtos de fora. Já os que defendem a medida acreditam que ela, no mínimo, vai reduzir os abusos, o que seria uma importante vitória.

Quem decide? – Os autores do requerimento ainda não têm certeza se o Legislativo pode, de fato, interferir nesta área. A princípio, o controle sobre a venda de explosivos cabe ao Exército e a regulação de atividades econômicas é responsabilidade do governo federal. Este caso, porém, poderia ser enquadrado como “postura”, ou seja, tudo aquilo que diz respeito ao comportamento do indivíduo em relação à sociedade. Aí, sim, as decisões são tomadas em âmbito local, de modo a atender aos interesses da maioria da população.

Mais atenção – Ainda que persistam dúvidas no campo legal, o debate é importante e certamente vai levantar outras questões. Os fogos realmente incomodam muita gente, mas os cães soltos na rua também são um grave problema em Montenegro. Tanto um quanto o outro merecem a atenção do poder público. E com a máxima urgência.

Rapidinhas
* O vereador Valdeci Alves de Castro, do PSB, odeia a escuridão. Na Câmara, a quantidade de pedidos de troca de lâmpadas que faz semanalmente é tão grande que, às escondidas, já o estão chamando de “Lampião”. Só na quinta-feira, foram 23.

* Semana passada, a Câmara promoveu uma reunião com a comunidade de Serra Velha para ouvir suas reivindicações. Mas antes que a mesa diretora pudesse encaminhar as solicitações ao Executivo, o vereador Valdeci o fez. Na Política, que menos corre, voa.

* O cargo de diretor de Desporto do Município está temporariamente vago. Sidnei das Chagas Souza foi remanejado para o setor de Trânsito, onde deve ajudar Airton de Vargas a implantar o estacionamento rotativo pago nos próximos meses.

* A Câmara aprovou por unanimidade, na sessão de quinta, projeto de lei do vereador Juarez da Silva (PTB) que inclui os autistas na lista das pessoas que terão atendimento preferencial em bancos, lojas e órgãos públicos de Montenegro.

* Prefeito Kadu promete boas notícias para os montenegrinos, sobre as finanças públicas, nos próximos dias. A principal delas deve ser a liquidação do déficit de 2017, que foi de R$ 6,7 milhões.

* Amigos de fé e irmãos camaradas na campanha eleitoral de 2016, Gustavo Zanatta e André Ferreira não querem ver um ao outro nem pintados de ouro. Nas redes sociais, Ferreira tem feito pesadas acusações ao ex-candidato a prefeito pelo PP, que diz não ter nada a temer.

* Tremei, inadimplentes. Secretaria Estadual da Fazenda anuncia uma ofensiva para cobrar aqueles que não pagaram o IPVA. Somente no Vale do Caí, há mais de 16 mil veículos rodando irregularmente.

* A melhor notícia da semana passada foi a autorização do MEC para a instalação do curso de Direito no campus da Unisc. E pensar que, na época da construção do prédio, tinha gente contra o apoio dado pelo governo Percival à instituição.

 

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