Tenho me debruçado cada vez mais sobre o comportamento do internauta nas redes sociais, principalmente no que diz respeito às pautas políticas. E cada vez me impressiono mais com a incapacidade de interpretar, ler até o fim ou simplesmente pensar sobre qualquer assunto. Na ânsia de opinar, no afã de se posicionar, troca-se alhos por bugalhos, passando vergonha com comentários rasos.
O internauta segue encarando a vida online como se ela se resumisse a duas opções. Um Gre-Nal irracional, maniqueísta. Como se ordem e caos ou vida e morte se confrontassem em cada post. A capacidade de dialogar vai se esvaindo aos poucos, sugada pela ignorância.
Talvez aquele que critica a Reforma da Previdência saiba que o sistema precisa de uma rediscussão e de mudanças para que os que precisam dele não fiquem desamparados no futuro. Porém, é contra os pobres, que passaram a vida se esfolando em subempregos, arcarem com o custo maior disso.
O internauta que critica a Reforma do Ensino Médio talvez reconheça o desempenho sofrível da maioria dos estudantes, o currículo desinteressante e a evasão. Entretanto, considera que uma reforma imposta de cima para baixo é um desrespeito e uma violência aos milhões de profissionais que atuam em educação.
Quando o usuário do Facebook questiona a Reforma Trabalhista proposta pelo governo federal, ele talvez saiba que a legislação trabalhista brasileira precisa ser depurada, reorganizada, simplificada e atualizada, o que resultará em benefício ao trabalhador e ao empregador. Entretanto, discorda que a base dessa reforma não inclua a discussão sobre o aumento da produtividade através da capacitação da força de trabalho e da melhoria de sua qualidade de vida, mas seja feita com a extensão das jornadas de trabalho, a flexibilização das horas extras e a diminuição da proteção social.
E se o internauta questiona o Governo Temer, talvez não seja um “petralha” sem noção ou comunista saudoso. Talvez ele só acredite que, do jeito que as reformas estão sendo propostas, milhões de brasileiros ficarão à margem de sua dignidade e nós seguiremos como um dos recordistas em injustiça social.