Reflexões necessárias no Dia da Mulher

Hoje é o dia delas, momento de relembrar conquistas, mas também olhar de maneira criteriosa para a situação atual. Inegável que a mulher ganhou destaque e importância nas últimas décadas, mas ainda é necessário lutar. Estamos longe de um mundo ideal para elas, pois ainda reproduzimos um modelo patriarcal e machista nos assuntos do dia a dia. No Brasil, elas já são as chefes de família de 39,8% dos lares, vivem 7,2 anos a mais, mas recebem em média 30% a menos do que os homens para cargos similares.

É ensinado às mulheres desde pequenas qual cor devem gostar, o brinquedo e as brincadeiras ideais, a roupa que devem usar – feminina, mas não muito curta; sensual, para agradar o parceiro, mas que não fique vulgar –; a forma certa de sentar e falar. E qualquer menina ou mulher que sair desta linha padronizada ou que crie um senso crítico para o que sempre foi “normal” é grosseiramente castigada – com julgamentos, agressões verbais, psicológicas e até físicas.

Segundo pesquisa de 2016 sobre violência doméstica e familiar, uma em cada cinco mulheres já foi espancada pelo marido, companheiro, namorado ou ex. Apesar de conquistas como a Lei Maria da Penha e a inclusão do feminicídio no Código Penal, ainda há muito para ser feito em uma sociedade onde o conservadorismo e ideias retrógradas vêm ganhando terreno.

Percebe-se que existe uma contradição gritante no país: ao mesmo tempo em que as mulheres estão mais qualificadas e há leis que finalmente as favorecem, existe um machismo cultural que coloca a mulher de forma inferior, desqualificando-a quando atua na política, exigindo mais dela no mundo do trabalho e assassinando-a por sentir-se dono de seu corpo e de sua alma. Esperamos que cada passo dado em direção aos direitos das mulheres, tanto pelo poder público como pela sociedade, possa contribuir para que essa contradição tenha fim e se estabeleça a verdadeira igualdade entre mulheres e homens.

A mulher precisa ser a cidadã construtora de outra história, entendendo que os hematomas de seu corpo, as cicatrizes ou as feridas abertas de sua alma, advém de uma herança cultural que só será superada por uma nova educação para meninos e meninas.

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