O medo é um sentimento natural, que ajuda na sobrevivência da espécie e, por vezes, é mal interpretado, pois é confundido frequentemente com fraqueza. Eu sinto medo, mas não me sinto fraco…
Quando sentimos medo de algo, duas dentre várias possibilidades de reação ocorrem dentro de nós. Ou nos preparamos para a luta, com a tonificação dos músculos, o aumento da circulação sanguínea e o aumento da atenção e dos reflexos; ou travamos, ficamos emudecidos, o sangue foge das extremidades e temos uma sensação de pânico, nossa respiração aumenta ao ponto da quase explosão e temos a inata necessidade de fugir.
Bem, seja qual for a reação preponderante, sobrevivemos e contamos essa história depois…
Todos temos uma excelente capacidade para perceber o que nos ameaça, mas não somos tão bons em perceber nossas reações internas. Estamos focados no externo e superficial e perdemos a noção de nossas capacidades intimas e, dessa forma, sofremos várias vezes. Sofremos quando descobrimos a ameaça, quando enfrentamos ou fugimos e quando revivemos o episódio.
Alguns têm medo da solidão, outros da pobreza, da velhice, da fome. Alguns têm medo do futuro e outros, do passado que revivem intensamente. Alguns alegam não ter medo, o que entendo ser o medo de sentir-se fraco e impotente frente ao que não se pode controlar.
No enfrentamento do medo, carregamos relacionamentos tóxicos e deprimentes, morremos aos poucos em trabalhos que não nos representam, corremos como loucos atrás da riqueza e percebemos, todos os dias, o grande vazio que se apodera de nós. Comemos como se não houvesse um amanhã, buscamos os vícios, o álcool, as muletas psicológicas, a superfície da sociedade frágil e, às vezes, sem sentido… tudo porque sentimos medo.
O segredo é entender o que esse medo provoca dentro de nós, o que ele movimenta… tendemos a fugir, a congelar, ou a lutar? Descobrindo qual a nossa tendência, podemos utilizar esse sentimento a nosso favor e progredir sobre o medo.
Eu tenho medo de que minha fé não seja suficiente para suportar minhas crenças e, dessa forma, todos os dias a provoco com perguntas sobre o motivo de ter fé, isso, ao final, somente a fortaleço.
Tenho medo de me tornar duro demais para comigo mesmo e esquecer o que é ser humano, o que é errar e aprender, o que é desculpar e ser desculpado, o que é ajudar e o que é pedir ajuda, o que é olhar para o outro, colocar-se em seu lugar e ver como o outro me enxerga, e descobrir o que de fato eu sou. Por isso, coloco-me sempre que posso no lugar do outro, sorrio para minhas fraquezas e meus defeitos, já que, somente os conhecendo, posso ser uma pessoa melhor.
Eu tenho medo… e você?