O Circuito das Águas: o mar

Cássio Brito
Contador, Professor e Pensador

Existem pessoas que são como o mar. Cativantes, harmoniosos, incansáveis.
Gigantes em sua essência, formidáveis em sua composição.
São aqueles que ligam pessoas, continentes, culturas e histórias, carregando em sua epopéia o silêncio da história de cada um.

São barulhentos e expressivos, por vezes silenciosos, mas que em um súbito e explosivo momento, interrompem a quietude e, com voz feroz, se fazem presente.
Foi o primeiro a surgir e a ocupar o planeta. Gentilmente, foi cedendo espaço. Às vezes quentes, às vezes gelados, seguem plenos em seu repouso.

Quando agredidos, invadem as cidades, as ruas e mostram seu poder, nos deixando a certeza de que estão ali porque querem, e não porque queremos.
Existem pessoas que são como o mar, belos em cores e sons, maravilhosos em multiplicidade de vida. São repletos em si mesmos, são salgados…

Em sua umidade, sentimos o gosto da lágrima que cai ao sair do coração; seja ela alegre ou triste, abre seu caminho até nosso peito e ali repousa.
Instigam poetas, cientistas, desbravadores e guerreiros a vencerem sua grandeza ou contarem seus segredos, mas submetem todos a sua vontade.

Imensos, nos colocam em nosso lugar. Às vezes pela força, em outras vezes, pelo simples fato de existirem. Nos desafiam, nos inquietam, nos sacodem, nos hipnotizam.
Existem pessoas que são como o mar, constantes.

Nos dão a certeza da continuidade, da força, do equilíbrio. Fornecem o que querem e temos que nos contentar com isso. Se somos suaves em seu trato, são ricos em sua retribuição. Se maculamos seu habitat, aquietam-se e devolvem o mal com a esterilidade.
São profundos e selvagens, mas todos, sem exceção, oferecem o lugar do descanso, o ombro para o repouso, o ronronar das ondas para a paz de espírito.

Mas não se enganem jamais com suas belezas conhecidas ou mistérios a serem desvendados, com sua calmaria cativante ou sua fúria assustadora, com suas cores magníficas ou com suas trevas tenebrosas, com seu brilho dos dias de sol, ou sua escuridão da tempestade, com sua benevolência na oferta do alimento, ou com sua implacável insanidade na devolução do mal que fazemos a eles, porque, ao final de tudo, existem pessoas que são como o mar.
E o mar, indiferente, sempre seguirá seu trabalho, sua natureza, e sua história.

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