Contador, Professor e Pensador
Não sei o que é ser mulher e ser educada em um mundo dividido entre meninos e meninas, onde as brincadeiras eram organizadas por gênero, e não por aptidão… não sei o que é machismo ou feminismo…
Não sei o que é dividir meu tempo em ser mãe, em ser pai, em ser profissional, em ser responsável pelos afazeres da casa, em ser esposa, em ser marido e, ainda assim, ter um salário menor que o do homem…
Não sei o que é ter a liberdade de ser sensível e ver minha sensibilidade ser encarada como fraqueza, ou minha opinião não ser levada a sério, e, quando colocada de maneira incisiva, ainda vê-la encarada como histeria…
Não sei o que é ser visto como objeto, como fraco, como dependente, como temperamental… não sei o que é ter que trabalhar muito mais para provar que sou capaz, não sei o que é ter que provar toda hora meu valor…
Não sei o que é me acostumar com o desenvolvimento de um ser dentro de mim e senti-lo arrancado de minhas entranhas depois de um tempo, nem o que é manter esse elo, mesmo que mental, com esse ser e o ter para sempre dentro de mim, mesmo quando longe…
Não sei o que é ver as mudanças em meu corpo acontecerem em explosões hormonais, nem ter meu temperamento afetado por esses movimentos, nem sentir o desconforto, ou o conforto de tudo isso que acontece…
Não sei o que é a necessidade da criação de uma lei específica que garanta o meu direito à vida, com respeito, proteção e dignidade, contra aqueles que deveriam ser meus parceiros, tampouco sei o que é apanhar por ser quem eu sou…
Realmente, não sei o que é ser mulher…
Só sei que precisei de uma para vir ao mundo e contei com várias para me fazerem viver… e por isso agradeço.
Não acho que um dia seja suficiente para uma homenagem a elas, mas tenho certeza de que uma vida de respeito, carinho e atenção, pode ser um bom começo…
