Há alguns dias atrás, quando a guerra contra a Ucrânia estava tomando os noticiários no mundo todo, um deputado paulista chamado Arthur do Val, mais conhecido no país como Mamãe Falei, devido a campanha pré-eleições que fez em seu canal, onde ia aos locais ocupados por militantes de outros partidos e tentava debater com os mesmos, sempre apanhando e levando a pior.
O fato por trás disso tudo é que o então deputado estadual de São Paulo resolveu fazer um movimento de ajuda humanitária e ir pessoalmente até a Ucrânia para socorrer, as pessoas que passavam e ainda estão passando pela maior dificuldade de suas vidas.
Até aí, um ato humano de bastante hombridade, usar todos os recursos disponíveis para ajudar a quem esteja precisando, seja aqui ou em outro lugar.
Após alguns dias de sua estadia na Ucrânia, vazam alguns áudios, que o excelentíssimo deputado fez para um amigo, contando sobre a “facilidade” das mulheres ucranianas em estar se oferecendo para fazer sexo com “qualquer um”. Foi adiante ainda o nobre parlamentar, falando da beleza e usando adjetivos bastante pejorativos.
Isso ganhou bastante notoriedade no cenário nacional e logo, ocorreu o óbvio, uma enxurrada de pessoas esculachando o deputado pelos comentários. Eram pessoas famosas, desconhecidas, com ódio pelo áudio vazado do tal Mamãe Falei.
Bom, mas e se essas mesmas frases tenebrosas fossem faladas e repercutidas por uma pessoa comum, o que será que iria acontecer com ela?
Ser banido das redes sociais hoje, parece muito absurdo, mas para alguns é um atestado de óbito. Vocês se lembram do caso do Monark, ocorrido pouco tempo antes do Arthur do Val proferir aquelas ofensas às mulheres ucranianas?
Monark foi outro exemplo do que as redes sociais podem fazer com a vida de uma pessoa, tanto para o lado bom, quanto para o outro lado.
Mas e aí, já deu tempo de pensar o que seria de ti, se fizesse um comentário igual o do Arthur do Val?
Estamos bastante propensos a condenar as pessoas, principalmente as que estão na mídia, mas esquecemos que a vida ao nosso redor continua e que mesmo passando a maior parte do tempo útil nas redes, procurando o que repercutir, em algum momento poderá acontecer perto de nós e daí, o que faríamos?
Seríamos juízes e algozes?
Tentaríamos ajudar a pessoa a se retratar?
Não querendo colocar ainda mais gasolina no incêndio, dia 20 de abril, quarta-feira que passou, Arthur do Val renunciou ao cargo de deputado estadual, já que seu impeachment era dado como certo e renunciando, não terá em sua ficha política nada que o desabone a concorrer nas próximas eleições, ou seja, ano que vem talvez ele seja novamente bastante votado e por este motivo, receba do povo novamente um cargo político.
Carlos Eduardo Vogt
Enfermeiro