O apartheid do passaporte vacinal

Nos últimos anos, o Brasil vinha avançando, lentamente, no acesso de crianças e adolescentes à escola. Com a pandemia da Covid-19, no entanto, o País corre o risco de regredir duas décadas. Em novembro de 2020, mais de 5 milhões de meninas e meninos não tiveram acesso à educação no Brasil – número semelhante ao que o País tinha no início dos anos 2000. Desses, mais de 40% eram crianças de 6 a 10 anos de idade, etapa em que a escolarização estava praticamente universalizada antes da Covid-19. É o que releva o estudo “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – um alerta sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na Educação”, lançado nesta quinta-feira pelo UNICEF, em parceria com o Cenpec Educação (Fonte: Site da unicef.org).

Quando nos deparamos com os dados acima sobrevém em nós um pouco de desânimo, como se o mundo estivesse em um caos total. Esta doença, além de retirar do nosso convívio pessoas amadas, agora quer destruir o que restou da nossa liberdade e dignidade humana. As crianças, estes seres puros e providos de boa imunidade natural, estão no meio de uma guerra a qual elas não têm a mínima noção de que lado ficar.
Nesta semana entrará para votação na Câmara de Vereadores projeto de lei de minha autoria que torna facultativa a vacinação do Covid-19 às crianças entre 5 e 11 anos no Município de Montenegro/RS, bem como desnecessária a comprovação desta para fins de matrícula escolar. Nossa pretensão com este projeto é evitar que crianças sejam discriminadas, tendo tolhidos seus direitos assegurados na nossa Constituição Federal.

Sabendo que estão acontecendo excessos por parte de alguns entes nos municípios da Federação na condução deste tema sensível é que entramos com este projeto na Casa Legislativa. Muitos pais me procuraram preocupados e aflitos com a possibilidade de seus filhos serem barrados por não terem se vacinado contra a Covid. Nós legisladores, como os demais entes que compõem os poderes, precisamos ter bom senso neste período transitório de aprendizagem em relação ao vírus. Não podemos transformar nossas escolas em um lugar de batalha ideológica, política e econômica. Precisamos respeitar os pais que não se sentem seguros no momento para vacinar seus filhos. Isto não impede que, com o avanço dos estudos, estes mesmos pais acabem mudando de ideia.

A própria OMS soltou uma nota que diz: Casos raros de miocardite ou pericardite foram relatados com as vacinas de mRNA contra a Covid-19, observados com mais frequência em homens mais jovens, entre 16 e 24 anos de idade, e após a segunda dose da vacina, normalmente alguns dias após a vacinação. Segundo a OMS, os dados disponíveis sugerem que os casos são geralmente leves e respondem ao tratamento conservador, sendo menos graves do que a miocardite clássica ou que os efeitos da Covid-19. O risco de trombose após vacinas de vetores adenovirais, embora baixo em geral, foi maior em adultos mais jovens do que em adultos mais velhos, mas não há dados disponíveis sobre o risco com idade inferior a 18 anos.

Para concluir, deixo aqui minha posição enquanto mãe, profissional da saúde, legisladora e árdua defensora das liberdades individuais. Sou totalmente contra que crianças não possam frequentar nossas escolas porque seus pais não se sentem seguros quanto às vacinas disponíveis no momento.

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