O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), indica que nos últimos meses do ano passado 19 milhões de brasileiros passaram fome e mais da metade dos domicílios no país enfrentou algum grau de insegurança alimentar. A sondagem inédita estima que 55,2% dos lares brasileiros, ou o correspondente a 116,8 milhões de pessoas, conviveram com algum grau de insegurança alimentar no final de 2020 e 9% deles vivenciaram insegurança alimentar grave, isto é, passaram fome, nos três meses anteriores ao período de coleta, feita em dezembro de 2020, em 2.180 domicílios (fonte: Agência Brasil).
Minha mãe conta que quando criança via meu avô colocar um saco de comida nas costas e partir para o armazém mais próximo para realizar a troca por outros alimentos, o famoso escambo. Era uma época onde havia escassez de tudo, as famílias eram enormes, muitas bocas para alimentar e poucos recursos financeiros e tecnológicos.
Diferente da infância da minha mãe, a minha já contava com alguns avanços tecnológicos, mas não mais desafiadores em relação a escassez. Em Março de 1990 aos meus doze anos de idade a inflação atingiu seu ápice: 80%. Vivíamos naquele período uma hiperinflação que corroía os salários, pessoas dormiam em frente aos supermercados para chegar antes que o etiquetador reajustasse as mercadorias.
Nos dias atuais vivemos o oposto dos anos 80 e 90, ao invés de escassez temos um boom de oferta no país, mesmo em meio a maior Pandemia do século atual. A indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou crescimento de 12,8% em faturamento no ano de 2020, em relação a 2019, atingindo R$ 789,2 bilhões, somadas exportações e vendas para o mercado interno. Esse resultado representa 10,6% do PIB nacional, segundo pesquisa conjuntural da ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos). Em 2019, o setor registrou R$ 699,9 bilhões.
Mas se hoje possuímos mais recursos financeiros, temos mais oferta de produtos e alimentos porque ainda existem tantas pessoas passando fome no país? A resposta para está pergunta tem inúmeros fatores que vão desde o mau uso dos recursos públicos até a incapacidade de gerência dos agentes políticos em desenvolver projetos que ampliem a rede de proteção.
Pensando nisto, em Janeiro deste ano, assim que tomei posse em uma das cadeiras do Legislativo, levei ao Executivo a indicação do Restaurante Popular. Meu objetivo sempre foi buscar dar dignidade as pessoas e não torna-las refém do estado.
Após fazer a indicação ao Executivo, fui convidada pelo Secretario de Habitação “Geraldão” para realizarmos uma visita in loco ao restaurante popular de Caxias do Sul. O Restaurante produz 800 refeições diárias sendo 200 servidas no local e 600 distribuídas a famílias carentes que não têm disponibilidade de se deslocar até o local. Além da distribuição das refeições, o local abriga salas para realização de cursos profissionalizantes e EJA.
Para finalizar, acredito que o Executivo Municipal será sensível a está demanda, visto que diferente de muitas cidades pelo Brasil, Montenegro possui pessoal qualificado e muitas pessoas dispostas a ajudar.