Voto: quando o direito vence o poder

Existe diferença entre o voto do pobre ou do rico; do empregado e do patrão; do favelado e dos que moram em mansões? Claro que não – cada voto tem o mesmo valor.

Já vai longe a época, nos tempos do Governo Imperial, em que somente os ricos votavam e era necessário comprovar a existência de um determinado poder monetário para auferir esse direito, o qual era restritivo às mulheres. Longe, também, a época dos chamados “currais eleitorais” – quando o candidato, por coerção ou troca de favores, controlava seus eleitores por todos os meios: com transporte para os locais de votação, verificando seus votos nas seções eleitorais e ainda favorecendo as fraudes no sistema de votação por meio de cédulas e na contagem manual dos votos.

Hoje, com o sistema de votação eletrônica e uma legislação eleitoral mais eficiente, acabaram-se aqueles tempos. Tudo agora depende de cada um de nós, valorizando o nosso direito de escolha pelo voto.

As eleições constituem-se em um dos raros momentos na democracia em que o direito se nos apresenta como soberano e livre. Ali, diante daquela urna eletrônica, o teclado transforma-se em um aliado cego, surdo e mudo, mas que saberá imprimir de leve nossos anseios mais secretos e sonhos por uma sociedade mais justa. Naquele preciso momento, o nosso direito – direito ao voto – vence todo e qualquer poder. Nenhum poder nos pode subtrair o sagrado direito de escolha.
Mas, esse nosso direito de escolha constitui-se num dos maiores poderes que a democracia representativa nos outorga. Isto porque, ao votarmos, transferimos automaticamente o direito e o poder para terceiros. Sim, Executivo e Legislativo só se constituem em poder pela somatória da delegação de cada um de nós. Todos sabemos que o poder corrompe, não a todos, mas a uma maioria e a história nos mostra que a tática por ela utilizada pode ser assim sintetizada: conquistar o poder e, em ali chegando, fazer de tudo e usar de todos os meios para ali permanecer.

São raros os que não sucumbem às artimanhas, à falta de escrúpulos e se adaptam ao “sistema”, favorecendo-se das benesses e da troca de favores. Em síntese, vendem seu apoio a causas que não representam aquilo para o que seu direito de decisão fora transferido pelos eleitores.

O que assistimos diariamente é que a “negociata” de transferência de poder que conferimos ao Executivo e Legislativo continua a portas fechadas dos recintos palacianos, assim como a troca de apoio político do Executivo com o Legislativo para aprovação e apoio a seus projetos. E é na calada da noite que o direito que transferimos é negociado e o interesse de “terceiros” (que apoiaram os candidatos) constitui-se em moeda corrente de troca – um cargo político aqui, uma ajeitada numa licitação ali, uma obra “prioritária” acolá. E aí, aqueles ideais proclamados durante a campanha eleitoral vão por água abaixo e, por vezes, com eles a nossa crença nos ideais democráticos, provocando saudosismo de um governo ditatorial…

Cada um de nós é o governo que queremos. Ninguém salta de para-quedas e, por um passe de mágica, se apodera dos poderes Executivo e Legislativo, senão por poderes outorgados por nós. Atentemo-nos à propaganda veiculada nos meios de comunicação e muito bem focada pela Justiça Eleitoral – valorizemos nosso voto.

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