Já dizia aquele filósofo que, nesse mundo, nunca nasceu: “Por que temes a morte, ó, tu que já és morto?”. E é essa uma frase tão reflexiva que, se lida superficialmente, causa alguns “oh!” e “uau!”, mas quem se lida profundamente, apenas cala. Porque é um choque tão grande, tão interno, que se assimilada verdadeiramente, faz o mais forte ser humano chorar de angústia.
É óbvio que a morte, nesse caso, leva um sentido figurativo, é simbólica. E significa, não só o sentimento de indiferença para com o mundo e as outras pessoas, mas, de forma mais real, uma indiferença com o que somos de verdade. Pois corremos diariamente atrás de uma vida melhor, de saúde, de sucesso, de paz e tranquilidade. Entretanto, pouco ou nada corremos atrás da evolução espiritual significativa.
Muito se cobra do Eterno, muito se pede, mas pouco ou nada se faz. Muitos temem o Eterno, mas poucos o amam de verdade. Vivemos muito mais em uma sociedade que tem medo de que Deus exista, do que acredita que Ele existe, de verdade. As pessoas não fazem coisas erradas porque têm medo da punição, ao invés de não fazer por amor, por medo de ofender, de causar mal. No fim, é como se as pessoas vivessem como se acreditassem em Deus, temendo que ele realmente exista e, assim, possam ser punidas.
Algumas poucas pessoas vivem uma vida dedicada ao Espírito, ao bem e a fazer a vontade do Eterno. Poucos fazem isso pelo simples amor de estar vivendo essa vida de acordo com o bem maior, como nascemos para viver. Por isso é válido pensar que, de que adianta uma pessoa assim temer a morte se já está morta em vida?
A grande pergunta é: você está no mundo fazendo o que por ele? Entende a diferença? Por ele, não por você. Pois quando o fim é você próprio, seu individualismo egoísta, então você já está morto, porque sua existência perdeu o sentido de ser, que é construir um mundo cada vez melhor, num constante processo evolutivo e profundo da humanidade, de acordo com a vontade do Eterno, que muitos falam, mas poucos realmente conseguem compreender. E não é por falta de leitura, ou informação, mas por falta de ouvido para ouvir a voz do silêncio que nasce dentro de nós como uma semente, e cresce e floresce se regada regularmente.
E como regar essa flor? Ora, grandes mestres já passaram por esse mundo, deixando pistas e direções desse Caminho único, que se pode resumir em três frases, de tão simples que é: Amor às coisas vivas; Desapego ao que é material e passageiro; Profunda comunhão com o Espírito através do silenciar da mente animal. Esse é o Caminho, que é único e que leva o ser humano por uma via iluminada em direção ao Espírito e, por consequência, ao Eterno, a Deus.
Infelizmente o ser humano, animal inteligente, possui uma mente capaz de construir um universo emaranhado de concepções próprias e distorcidas, criando religiões, credos, dogmas, cultos e diversas instituições capazes de prendê-lo cada vez mais nas trevas anímicas. Por isso é importante aprender o Caminho – que é simples – e que leva à verdadeira comunhão com o Eterno, para que se possa, verdadeiramente, estar vivo. É disso que se trata ser humano.